Veja como tirar proveito do intraempreendedorismo

As empresas estão constantemente em busca da inovação e de um diferencial para ampliar a sua vantagem competitiva. Com um olhar atento para dentro da organização, muitas delas encontram entre seus colaboradores a vontade e a competência para tanto. Este é o perfil dos intraempreendedores, colaboradores que buscam, criam e implementam ideias, possuem capacidade diferenciada de analisar cenários e de encontrar oportunidades.
O intraempreendedorismo influencia diretamente na satisfação do colaborador, auxiliando ainda na retenção de talentos, otimização de recursos e manutenção do capital intelectual. É possível afirmar ainda que essa modalidade de empreendedorismo pode estar condicionada a três aspectos: o perfil dos colaboradores, o ambiente e a cultura organizacional e, finalmente, o papel da liderança.
Para fomentar o intraempreendedorismo nas organizações, gestores devem estar atentos aos colaboradores que se destacam pela vontade de inovar e de fazer parte de algo maior. A geração Y costuma ter papel preponderante neste contexto, pois são pessoas sedentas por criar, buscar novidades e não costumam permanecer engajados em rotinas extremamente burocráticas e repetitivas.
Na Involves, temos o engajamento desse público como um desafio diário e, felizmente, nossa rotatividade é baixa, sobretudo em decorrência da “liberdade sem libertinagem” que buscamos propiciar a eles. Além de reconhecer as conquistas coletivas e individuais, essa geração também precisa de desafios e de ter sempre clara a expectativa de crescimento da carreira dentro da empresa.
A motivação dos colaboradores para incentivar o intraempreendedorismo está intimamente relacionada à cultura organizacional da empresa. Ou seja, é preciso investir na criação de um ambiente favorável, adotar a postura proposta por Peter Senge de organizações que aprendem, nas quais “as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades para criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir”.
É importante considerar que, em uma empresa de cultura fechada, burocrática, em que as pessoas são “fazedoras de processos”, as conquistas pessoais estarão sempre distantes, por mais inovador e criativo que um profissional seja.
Na construção da cultura organizacional favorável ao intraempreendedorismo, também tem papel chave o líder, aquele que exerce a liderança legítima, baseada no exemplo. Esse colaborador representa e serve à equipe, direcionando os objetivos individuais para que sejam comuns ao time. Na Involves, todos os trimestres cada time se reúne e define os objetivos individuais e coletivos, que extrapolem a rotina diária e que rendam algo diferente do trabalho habitual. Além de conquistarmos uma equipe alinhada, geramos um ciclo virtuoso, em que cada pessoa reconhece os objetivos e as conquistas dos colegas.
Os benefícios mútuos do fomento ao intraempreendedorismo não devem ser ignorados por gestores e colaboradores e, portanto, acredito que a construção de uma cultura favorável deve ser prioridade. É evidente que algumas características das novas empresas de tecnologia, como a flexibilidade de horários e a remuneração variável, são bastante facilitadoras, mas não há receita pronta e o ideal é não tentar imitar a empresa X ou Y.
A verdade é que cada organização deve encontrar o seu caminho, estabelecendo pequenas práticas que façam com que as pessoas sintam-se parte das conquistas coletivas e que incentivem o comportamento intraempreendedor.
*André Krummenauer é administrador na Involves.