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Usabilidade não está ligada ao tipo de dispositivo

Uma das primeiras premissas no desenvolvimento de software, a respeito da usabilidade, é segmentar a aplicação entre móvel ou para desktop. De acordo com os preceitos do design responsivo, contudo, é desse erro inicial que seu projeto pode fracassar. É o que defendeu o estrategista móvel e co-fundador da Cloud Four, Jason Grigsby, durante o Intersystems Global Summit 2014, em Orlando, nos Estados Unidos*.
“A web nunca teve um tamanho de tela. Nós que impomos isso. Então, ao construir um site, é crucial pensar que ele pode ser acessado de diversos dispositivos, e deve se adaptar a todos eles”, defende o executivo, que trabalha na consultoria em projetos para melhorar a usabilidade de páginas corporativas, aplicativos, dentre outros produtos.
Um teste fácil de um bom começo são websites como do Starbucks EUA e o The Washington Post – ao abrir esses sites no em qualquer navegador da internet e redimensionar a janela do browser, a página vai se adaptando aos diferentes formatos conforme você arrasta as dimensões do browser. E essa experiência você mesmo pode fazer no seu computador.
O especialista indica, inclusive, algumas iniciativas online que fornecem alguns códigos para elementos dinâmicos que se adaptam a esse comportamento, como o Code For America e o Pattern Lab. “Pensar em ‘mobile first’ é uma técnica de progressivamente melhorar segundo o tamanho da tela. Mas a web nunca teve uma tela fixa, nós que inventamos isso”, enfatiza.
Alucinação coletiva
A chave para alcançar um resultado agradável – uma aplicação que favorece o uso do usuário, automaticamente melhorando os níveis de uso e engajamento – começa ao abandonar o que Grigs chama de “alucinação coletiva”. São conceitos que as próprias pessoas criaram, nos quais elas gostam de acreditar, mas não são verdade. “As pessoas acham que a tela do celular não favorece ou substitui a navegação da internet, mas 25% dos usuários móveis nos Estados Unidos quase nunca abrem o desktop para usar a web. Ou então, 2,6 mil carros são vendidos toda a semana no aplicativo do Ebay para iPhone. Precisamos repensar o uso da internet”, enfatiza.
Por mais óbvio que possa parecer, ele simplifica tudo em uma palavra: uso. A raiz da palavra  usabilidade é muitas vezes deixada de lado pelos desenvolvedores, porque eles pensam no dispositivo, não no uso. “Temos a tendência de pensar que todo telefone é touchscreen, e que computadores precisam ser usados com mouse e teclado. Mas essa fronteira não é tão bem definida assim – há inúmeros dispositivos no mercado com teclados. O mesmo vale para tablets, diversas vezes entro em conferências e vejo que todo mundo ao meu redor usa o ipad acoplado com um teclado”, elucida.
Outros exemplos de como nossa percepção do uso dos aparelhos tecnológicos devem mudar são os ultrabooks, com diversas opções de telas sensíveis ao toque e dispensa do teclado; ou smartphones com ‘pointers’, como o Galaxy Note, que permite o ‘clique’ mais preciso que o toque dos dedos.
E, no futuro, esse exercício de design responsivo por parte do desenvolvimento deve se tornar ainda mais difícil. Já há algumas iniciativas em projetos pilotos sobre controlar não apenas computadores, smartphones e tablets, mas também eletrodomésticos como televisores, sistemas de iluminação e outros aparelhos por controles gestuais e por voz. “Temos que construir pensando na necessidade do usuário. O dispositivo não é importante”, conclui.
* A jornalista viajou a Orlando a convite da Intersystems

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