Um Brasil melhor sem bancos predatórios

Fintechs e empresas do varejo passaram a oferecer alternativas capazes de melhorar a vida financeira de famílias de baixa renda.

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4:19 pm - 14 de setembro de 2019

O setor bancário no Brasil está passando por uma mudança estrutural, uma vez que fintechs e empresas do varejo passaram a oferecer alternativas capazes de melhorar a vida financeira de famílias de baixa renda. Essa mudança é fruto de três fatores principais:

  • Popularização dos smartphones junto à população de menor poder aquisitivo;
  • Ambiente regulatório favorável, com a criação das IPs (instituições de pagamento) e SCDs (sociedade de crédito direto) pelo Banco Central;
  • Interesse dos grandes varejistas em aproveitar a capilaridade das redes de lojas físicas já existentes para oferecer uma solução digital de baixo custo a um público quase completamente desassistido pelos grandes bancos

Com mais da metade da população brasileira fora do sistema bancário tradicional, opções online são cada vez mais atrativas para aqueles que nunca possuíram uma conta antes.

Muitos brasileiros não podem pagar as exorbitantes taxas mensais aplicadas pelos bancos tradicionais, sem mencionar os altos preços das transferências bancárias e as taxas punitivas dos juros dos empréstimos pessoais, cartões de crédito e cheque especial. Apesar da melhora na condição de vida das famílias de baixa renda no Brasil, bancos continuam sendo um conceito distante, inacessível e inconveniente para muitas famílias.

Bancos brasileiros cobram as mais altas taxas de juros em comparação com qualquer outro país. Enquanto a economia brasileira caiu drasticamente nos últimos anos, estes registraram lucros imensos, resultado da grande concentração e relativa falta de competição no setor financeiro nacional.

Estamos passando por um período de elevadas taxas de desemprego no país. Apesar da retração no emprego formal, com carteira assinada, muitos brasileiros possuem vários trabalhos informais para dar conta das despesas domésticas e pagar as contas de casa. Como muitos habitantes de comunidades no Rio de Janeiro, Robson Carlos Santos não tem um trabalho formal em tempo integral. O rapaz de 35 anos desempenha diversos trabalhos informais. Além de trabalhar como mototáxi, transportando pessoas e mercadorias na comunidade da Rocinha, Robson também faz bicos de faz-tudo pelo Rio sempre que possível. Para complementar ainda mais a sua renda, e para sustentar seus dois filhos, Robson também administra aluguéis de curta temporada em apartamentos para turistas em Copacabana. Quando consegue , também trabalha ocasionalmente em turnos como garçom e bartender.

Sem mais filas para pagar contas

Como a maioria das pessoas recebe seus salários mensais sempre na mesma data e muitas contas devem ser pagas na primeira semana de cada mês, uma parcela significativa da população se vê obrigada a desperdiçar mais de duas horas por semana em filas somente para pagar contas. Quem nunca presenciou agências bancárias e casas lotéricas lotadas de pessoas aflitas, tentando pagar suas contas no horário de almoço, principalmente na primeira semana de cada mês?

Robson ganha em média R$2,00 por corrida de mototaxi para subir o morro, e tem sorte quando consegue ganhar em um dia R$100,00 após oito horas de trabalho transportando encomendas e passageiros. Subtraindo os custos para abastecer a moto todos os dias, juntamente com o preço para usar o ponto de mototaxi, as margens de lucro são realmente muito baixas. Com duas crianças pequenas para alimentar, se sobra algum dinheiro no fim do mês e sempre muito pouco.

Antes de começar a usar um sistema de pagamento móvel, Robson era obrigado a desperdiçar no mínimo metade de um dia de trabalho todo mês, apenas para pagar suas contas mensais. Agora, ele consegue fazer tudo isso pelo seu celular Android. Suas contas são pagas em segundos e ele não precisa perder oportunidades de trabalho. “É um alívio não precisar desperdiçar tempo em filas de banco só para pagar minhas contas. Eu não posso me dar ao luxo de folgar um dia. Antes do banQi, eu não conhecia nenhuma outra opção. Agora eu só clico e as contas estão pagas.”

Sem mais taxas mensais de serviço

Enquanto serviços bancários online são oferecidos pela maioria dos bancos, essa opção geralmente só é disponibilizada a titulares de conta corrente e a taxa mensal é geralmente elevada demais para que seja viável a famílias de baixa renda. Nos dias de hoje, brasileiros podem escolher pagar contas usando seus celulares, acabando com a necessidade de ir pessoalmente até um banco. Tudo isso, sem que existam custos mensais.

A combinação de inovação tecnológica com uma estrutura de custos muito enxuta tornou possível para as fintechs oferecer serviços financeiros de qualidade de maneira acessível, sem taxas predatórias.

Sem mais taxas de transação

Muitas famílias não podem pagar as taxas mensais, e em geral, não acreditam em bancos. Para transferir dinheiro, os bancos cobram uma taxa de cerca R$15,00. Com isso, uma conta de R$50,00 vai acabar custando R$65,00. Com as carteiras digitais, os clientes podem fazer e receber pagamentos com apenas alguns toques nas telas de seus smartphones.

Dominique Cruz mora na Rocinha com seus pais e sua filha. Desempregada há um ano, após deixar a companhia em que trabalhou por 5 anos, decidiu abrir na Rocinha uma loja de roupas infantis. Dominique usa um sistema de pagamento móvel para pagar suas contas e também em sua loja, que é seu ponto de venda.

“Eu peço aos meus clientes para transferir o dinheiro para minha conta banQi. O dinheiro chega na minha conta, enquanto o cliente ainda está parado diante de mim na loja.” Dominique paga todas as contas de sua loja usando seu celular, e diz que isso a ajudou a monitorar seu fluxo de caixa diário. “Eu posso me informar diariamente sobre minhas finanças porque tudo está no meu celular. ”

Segurança adicional

Ao invés de aceitar pagamentos em dinheiro em sua loja, Dominique prefere pedir aos seus clientes para transferir os pagamentos para sua carteira virtual. “Hoje em dia é muito perigoso andar com dinheiro. É um risco que eu prefiro não correr,” explica ela. “É incrível. Eu costumava perder muito tempo indo ao banco para pagar contas. Muitas vezes eu tinha que fechar a loja, porque eu não tinha ninguém para me ajudar. Agora, tudo é feito pelo aplicativo. Isso mudou minha vida. Agora eu tenho tempo que antes eu costumava perder”.

Agora, a maior parte da família da Dominique também está usado a carteira móvel. “Meu irmão já está usando o aplicativo. Eu contei para a minha mãe sobre ele, e ela está amando. Eu até coloquei o aplicativo no celular da minha filha, e recarrego o celular dela em segundos quando ela precisa ”.

Recargas sem precisar de dinheiro

Com o banco móvel, celulares e cartões de transporte público podem ser recarregados sem que os usuários precisem desperdiçar  seu tempo precioso em longas filas.

Eliane trabalha em sua casa em Itaquera, na cidade de São Paulo, fazendo serviço de atendimento telefônico para uma companhia aérea. A funcionária de 39 anos regularmente usa transporte público para comparecer a compromissos em bairros vizinhos. Como seu horário de trabalho é rígido e demanda a sua presença  online durante o horário comercial, Eliane geralmente usa o transporte público em horários de pico. “Já é ruim o bastante ter que andar em ônibus e trens lotados. Mas ficar por horas na fila do guichê em uma estação de metrô lotada é realmente horrível. Minhas viagens levavam muito mais tempo quando eu precisava carregar presencialmente meu cartão de transporte público. Agora eu posso simplesmente fazer isso no meu celular. É fantástico! Posso usar meu tempo de forma mais eficiente”.

*Por Gustavo Ribeiro – Presidente Airfox Brasil 

**Sobre a banQi: é um aplicativo para Android que permite que as pessoas transfiram seu dinheiro sem pagar nenhuma fatura mensal. Usuários podem fazer e aceitar pagamentos, não importando quão pequenos são. Contas de luz e água podem ser pagas em segundos usando o aplicativo, que foi lançado em fase de teste no Brasil há seis meses. Nosso time tem trabalhado duro para entender as necessidades das famílias brasileiras de baixa renda. 

 

 

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