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Três tecnologias quentes em 2020 que a TI não deve ignorar

Em um destes
almoços de negócios surgiu uma conversa interessante. A pergunta feita foi,
olhando alguns anos à frente, que tecnologias estarão “quentes” em 2020?

Bem, claro
que não houve concordância  geral, mas
minha opinião foi que além da consolidação das
quatro ondas tecnológicas que vivenciamos hoje – cloud, analytics/Big
data, mobile e social se tornarão lugar comum – eu prestaria muita atenção a três outras que ainda estão
abaixo da tela do radar da maioria dos executivos: Internet das coisas,
impressoras 3D e computação cognitiva
.

A Internet
das coisas
é o crescente numero de objetos (ou coisas) que estão se conectando
à Internet. O interesse está cada vez maior (uma pesquisa com o termo “internet
of things” no Google Trends mostra isso claramente) e vemos que, embora com
focos diferentes, muitas das grandes empresas de tecnologia estão criando
iniciativas pesadas na área. Alguns exemplos são o Smarter Planet, da IBM (http://www.ibm.com/smarterplanet/us/en/?ca=v_smarterplanet ), a “Internet of Everything”, da
Cisco (http://www.cisco.com/web/about/ac79/innov/IoE.html ), a “ Industrial Internet”, da GE (https://www.ge.com/stories/industrial-internet ), 
e mais recentemente o anuncio da Microsoft entrando neste campo (http://www.businessinsider.com/microsoft-launches-iot-cloud-2014-4).

Internet das Coisas é um mercado de grande potencial.
Segundo o Gartner em 2020 deveremos ter mais de 26 bilhões de dispositivos conectados
(excluindo-se da lista smartphones, tablets e celulares), que  devem girar quase 2 trilhões
de dólares de valor econômico na economia mundial, em tecnologias e,
principalmente, serviços. Este é um ponto importante. Não adianta  termos milhões de sensores gerando dados se
não tratarmos estes dados e conseguirmos fazer coisas inovadoras, sejam novos
processos, novos modelos de negócio ou mesmo criar novas industrias.

Outra
tecnologia que tem tudo para criar rupturas no cenário de negócios são as impressoras
3D
. Esta tecnologia tem potencial de transformação muito grande na indústria,
pois permite a fabricação precisa e complexa de produtos, ao mesmo tempo que
elimina certas etapas de produção.  O processo
conceitualmente é simples: pegar uma imagem digital de um objeto e fatiá-lo em
milhares de camadas, que são transferidos para a impressora que cria um objeto
tridimensional ao produzir cada camada com plástico, areia ou outros materiais. Nos EUA já encontramos impressoras 3D por cerca de 1.500 dólares, capazes de produzir
brinquedos e bijuterias.

A impressão 3D é uma tecnologia ainda incipiente, que não está pronta
para fazer uma nova revolução industrial, mas nada impede que isso aconteça em
um horizonte de menos de dez anos. Mesmo porque muitas patentes básicas já
estão expiradas e outras mais devem expirar nos próximos anos, agilizando a
entrada de novas start-ups no setor. Sua popularização deve aumentar
rapidamente. Interessante que a Amazon já tem um setor dedicada a manufatura
aditiva com impressoras 3D e seus suprimentos. O governo americano está
colocando em ação uma estratégia de inovação na manufatura, chamado de NNMI
–  National Network for Manufacturing
Innovation, onde um dos componentes principais é a manufatura aditiva com impressoras
3D (http://manufacturing.gov/nnmi_pilot_institute.html ).

Os primeiros
resultados são animadores. A Ford, por exemplo, usa impressoras 3D para fazer
moldes de protótipos de motores e peças de transmissão. A montadora americana
leva quatro dias e gasta cerca de 3 mil dólares para imprimir o protótipo 3D do
coletor de admissão de ar em um motor. Antes, sem uso das impressoras 3D levava
quatro meses a um custo de 500 mil dólares. Outro exemplo interessante é a
Shapeways (http://www.shapeways.com/ ) portal para venda de produtos
customizados via impressoras 3D.

O potencial
é enorme, pois pode-se fabricar produtos customizados  e ao longo prazo pode afetar inclusive a
economia de países que são fornecedores  de
mão de obra barata, pois esta mão de obra pode ser substituída pela produção em
diversos locais, sem os tempos e custos de logística. Seus efeitos econômicos
tem o potencial de destruir o valor da mão de obra barata como também de criar
ou mudar determinadas profissões. Por exemplo, um artesão que hoje desenha e
esculpe uma jóia, pode se concentrar apenas no design, deixando o trabalho de
produção física a cargo de uma impressora 3D. Passa a ser um artista virtual.

O efeito das
impressoras 3D será sentido diretamente na manufatura, mas também afetará
outras áreas como varejo e distribuição, pois a impressão (ou fabricação?) de
produtos localmente afetará toda a cadeia de distribuição e vendas. Talvez até
gere conflitos entre os componentes das cadeias atuais. Vamos ver…

Outra
tecnologia que merece ser atentamente observada é a computação cognitiva.

temos alguns exemplos que, embora incipientes, mostram um potencial muito
grande. Podemos falar do Watson da IBM (http://www.ibm.com/smarterplanet/us/en/ibmwatson/ ) e dos assistentes pessoais que
estão nos smartphones, como o Siri da Apple, o Google Now  e agora o Cortana da Microsoft. Recomendo a
leitura de um artigo interessante que mostra a batalha entre estes três
competidores. Vejam em http://bgr.com/2014/04/14/cortana-vs-siri-vs-google-now/ .

Seus efeitos a longo prazo ainda são
desconhecidos, mas um sistema como Watson pode eliminar ou pelo menos reduzir
em muito a necessidade de pessoas em determinadas atividades que hoje,
aparentemente, estão à salvo da automatização. Exemplos? Profissionais em áreas
administrativas de nível júnior ou intermediário, como advogados que fazem
buscas e pesquisas em processos em papel. Um Dr. Watson especializado na área
jurídica pode eliminar a necessidade deste trabalho manual.

A evolução
da computação cognitiva passa também pela criação de novas tecnologias. Hoje,
de maneira geral, um assistente pessoal depende basicamente da nuvem que está
na retaguarda com todo o seu complexo conjunto de softwares de análises.
Começa-se a investir no projeto de chips que permitam que grande parte da
inteligência passe a residir no dispositivo e não na retaguarda, como
atualmente. Vale a pena ler o artigo “Thinking in silicon”, da MIT Technology
Review (http://www.technologyreview.com/featuredstory/522476/thinking-in-silicon/), que mostra os avanços nesta área. Também
vale a pena conhecer o projeto do chip Zeroth, da Qualcomm, em http://www.qualcomm.com/media/blog/2013/10/10/introducing-qualcomm-zeroth-processors-brain-inspired-computing .

Bem,  se houver interesse em conhecer mais a computação
cognitiva recomendo a leitura do livro “Smart machines: IBM´s Watson and the
Era of Cognitive Computing
”.

Cada uma
destas tecnologias, Internet das Coisas, impressoras 3D e computação cognitiva,
está em um estágio diferente de evolução. Mas, indiscutivelmente, seus
primeiros exemplos já mostram a viabilidade das ideias e conceitos que estão
por trás.

Embora pareçam um pouco rudimentares hoje, sua curva de evolução
tecnológica deve se acentuar nos próximos anos e seus efeitos de ruptura no
cenário de negócios provavelmente provocarão descontinuidades, tanto em empresas,
individualmente, quanto em setores corporativos inteiros. Não devem ser ignoradas.

 

(*) Cezar Taurion é consultor sênior, sempre envolvido em discutir e prever os impactos de TI nos negócios, com experiência em grandes corporações como IBM, PwC e Shell. Autor de seis livros, sobre diversos temas como Open Source, Inovação, Cloud Computing e Big Data. Atuou em projetos de grande porte e transformadores de negócios e constantemente palestra em eventos de renome.

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