TI Bimodal não cabe na estratégia do digital

A transformação digital está em curso. Como os líderes de TI estão comandando esse trem em movimento foi tema de painel que aconteceu ontem (8/11), último dia do IT Forum Expo 2017, realizado pela IT Mídia em São Paulo. O objetivo é desafiante: tornar o negócio pronto para ingressar, crescer e aproveitar todas as oportunidades da nova era.
A questão não é mais discutir a necessidade premente ou não de integrar TI e negócios. Para os líderes de tecnologia participantes, essa união é inevitável e já acontece em maior ou menor grau, dependendo do porte da empresa, mercado de atuação, entre outros fatores.
Ainda que haja um planejamento de evolução dos negócios em direção ao digital, uma coisa é certa: não há mais espaço para o modelo de TI Bimodal no atual desenho da área em plena efervescência do digital.
“Estamos desconstruindo a nossa TI Bimodal. Eu mesmo a implementei. Ela foi importante e hoje já não basta. Não existe transformação digital sem velocidade, sem mudar a cultura do meu time e da própria empresa. É uma nova TI, pronta para o futuro”, argumentou Cristiano Barbieri, CIO da SulAmerica.
Concordou com o CIO Viviane Lusvarghi (foto), CIO da Santher. “A TI Bimodal hoje não faz parte do novo cenário composto por exemplo pela metodologia Ágil, que tem novos propósitos. Estamos na migração do 100% Ágil”, sentenciou Viviane.
Cristiane Gomes, CIO da CCR, disse que a empresa nem mesmo experimentou a TI Bimodal, mas entende que, de fato, o conceito não cabe na nova realidade de mercado. “Trabalhamos em um outro modelo e vivenciamos toda uma integração da TI com tudo e agora certamente não se encaixa no novo cenário”, disse.
Afinal, a TI precisa ser uma aceleradora, e não um freio que sempre diz não, avaliou Analy de Magalhães, CIO da Lactalis. Hoje, ela destacou, a TI tem de responder a essas questões: como transformo? Como chego lá? Qual o melhor caminho para o negócio. “É uma questão de confiança.”
“Todos estamos vivendo a transformação histórica na área e nos negócios, de acordo com Barbieri. “Temos de descobrir juntos o que é fundamental nessa jornada. E para que ela aconteça com sucesso, na nossa visão, foi vital usar a metodologia ágil, com ciclos curtos, entregas rápidas. Isso exigiu uma reestruturação do time. É fundamental somar competências, treinar”, relatou.
O CIO da SulAmerica ressaltou que há pouco mais de dois anos aconteceu essa reestruturação. “Dos 500 profissionais do time, cerca de 150 foram transformados. Foi um desafio, em razão da cultura de 120 anos que precisava ser repaginada. Muito treinamento, alinhamento e capacitação”, revelou.

CIO de atitude
Nessa onda de transformação, os líderes consideram que o CIO deve ter atitude e se posicionar como agente do digital. E mais: pleitear uma cadeira no board da organização.
“Foi necessária muita luta, trabalho, empenho e esforço, mas conquistei um espaço na mesa do board. Foi um feito para a TI. E fiquei muito feliz por também ter sido convidada para fazer parte do board das subsidiárias do grupo.
Viviane apontou que nas empresas grandes a TI já integra o board.
“Mas em companhias menores, essa movimentação é mais difícil.” Contudo, ela disse que tudo depende de atitude e coragem para pedir, sim, essa posição. “Não podemos deixar passar essa oportunidade proporcionada pela transformação digital”, defendeu.
É uma questão de liderança, força, responsabilidade, comprometimento com a transformação e muita coragem, disse Wanderley Baccalá, CEO da Globo.com, que antes ocupava a posição de CIO, um exemplo de que a função pode estar apta a assumir o primeiro posto de comando de uma empresa.
“O CIO que não assumir o papel de protagonista da transformação digital estará fora do jogo”, alertou Baccalá, acrescentando que CDO é uma sigla que inventaram para o CIO que não encarou de frente a transformação digital. Ele tem de assumir todos os papéis.”
Nesse debate, ficou claro que o líder de TI precisa revisitar a estratégia de TI Bimodal, assumir o papel de protagonista da transformação digital e ter coragem para pleitear um espaço no board da companhia. “É uma questão de coragem”, reforçou Viviane.