Tecnopuc fomenta empreendedorismo no Sul do País

A ideia do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), um dos mais relevantes da Região Sul do País, nasceu nos corredores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul na década de 90. O espaço, no entanto, foi inaugurado oficialmente em 2003.

Situado parte em Porto Alegre e outra parte em Viamão, cidade vizinha da capital gaúcha, o Tecnopuc está em uma área de 27 mil hectares e mais de 80 mil metros quadrados. São quatro as áreas de atuação do Parque espalhadas em 19 prédios: tecnologia da informação e comunicação; energia e meio ambiente; ciências da vida; e indústria criativa.

“Temos um forte ecossistema de inovação e pessoas criativas, formadas por alunos, professores, profissionais de mercado, associações, diversos pequenos negócios, empresas nacionais ou locais. Nosso objetivo é transformar conhecimento em negócio, em inovação, em impacto na sociedade na economia da inovação”, resume Rafael Prikladnicki, diretor do Tecnopuc, que há três anos comanda o local.

Segundo ele, o papel fundamental do Parque é também fomentar o surgimento de negócios a partir do conhecimento. Trata-se de um espaço que gera oportunidade de obtenção de financiamento, melhorias, feedback das empresas e um campo de atuação para os pesquisadores.

Atualmente, contabiliza Prikladnicki, 131 organizações estão instaladas no Tecnopuc, sendo 26 startups, somando mais de 6,5 mil postos de trabalho. “Não temos limite. A limitação física não é impeditivo”, observa. Desde o começo da história do Parque, 250 empresas passaram pelo Tecnopuc.

Atração de empresas

Uma das atividades do Tecnopuc é captar empresas interessadas em desenvolver seus negócios com o apoio do Parque. Prikladnicki conta que são muitas as formas. Conversas com empreendedores, participação e realização de eventos e criação de rede de relacionamento fazem parte da lista.

Um dos eventos realizados uma vez por ano é o Tecnopuc Experience. Nele, o Parque transforma-se em palco de mais de 50 atividades simultâneas, como palestras e games, para conectar a comunidade de dentro e de fora do Parque.

“Além disso, muitas empresas nos procuram pela forma que atuamos”, comenta. Segundo ele, Dell e HP foram as primeiras companhias a se instalarem no espaço e a partir daí outras se interessaram em fazer parte do ecossistema.

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No ano passado, o Tecnopuc criou um projeto de “amigo secreto” das empresas que estão no Parque para aproximar as companhias que têm interesses em comum. “Vamos repetir neste ano”, adianta ele. “Não é tão simples, porque são 130 empresas, mas quando elas se conhecem, é uma troca grande. No último ano, uma multinacional deu de presente para uma startup dez horas de reuniões com os executivos da companhia para mentoria”, exemplifica.

Prikladnicki explica que o Tecnopuc também tem programas para atração de startups, não só na comunidade de alunos da PUCRS, como fora. Lá, as startups contam com espaço físico e serviços de apoio ao desenvolvimento do negócio, como assessoria jurídica e marketing. A encarregada dessa missão é a Incubadora Raiar, que abriga startups, spin-offs, além de projetos pré-incubados, incentivando o empreendedorismo e preparando empresas para o mercado. “Contamos, ainda, com uma rede de investidores que conectamos regularmente com as startups”, observa ele.

Desenvolvimento de ecossistema

Na visão do diretor do Tecnopuc, o ecossistema de startups tem muito a evoluir. O Brasil, no entanto, já começou a entender que o seu futuro passa pelo empreendedorismo. “Hoje, são mais de cem projetos de Parques Tecnológicos no País, com 20 ativos”, enumera.

Contudo, ainda que tenha evoluído a mentalidade sobre o tema no Brasil, o desafio de empreender por aqui permanece. A PUCRS, a Geração E, com apoio do Jornal do Comércio, Sebrae RS e a Federação das Associações de Jovens Empresários (Fajers), realizaram recentemente estudo para compreender o perfil do empreendedor gaúcho. Além de mapear o que o leva a abrir seu próprio negócio e as vantagens e os problemas enfrentados no processo.

Entre os entrevistados, 56,1% relataram que a maior dificuldade encontrada é a alta carga tributária. Em seguida estão  processos burocráticos em excesso (45,8%), alta taxa de juros (35,9), dificuldade de acesso ao crédito (26,7%) e falta de acesso à informação (10,3%). Apesar das dificuldades vivenciadas pelos empreendedores, a pesquisa conclui que essa é uma atividade tida como positiva pelos empresários gaúchos, que buscam a realização de um sonho e mais liberdade financeira.

“De forma geral, o País ainda tem uma cultura avessa ao risco. Há muitas pessoas voltadas para serem executivos de empresa, mas desenvolver a capacidade empreendedora é fundamental”, opina Prikladnicki.

De olho no futuro

Prikladnicki comenta que o Tecnopuc está em processo de planejamento estratégico para 2018, quando completa 15 anos. “Temos uma visão de que o Tecnpuc tem de ser plataforma para estimular e gerar negócios inovadores de impacto global. Queremos ser um vetor de desenvolvimento não só aqui, mas de toda a cidade de Porto Alegre, para que a capital gaúcha seja inovadora”, adianta os planos. A ideia, segundo ele, é fomentar o desenvolvimento da cidade para depois promover a transformação do País, gerando mudanças, sobretudo, na sociedade.

Recentemente, Prikladnicki esteve no berço da inovação, no Vale do Silício (EUA), para se conectar com as novidades tecnológicas de fora e trazer ideias para o ecossistema do Tecnpuc. “Discutimos muito a aceleração das mudanças e resolvemos ir para o Global Summit Singularity University”, comenta ele. No encontro, que também promove um prêmio para reconhecer tecnologias inovadoras, a Egalitê, uma das startups do Tecnopuc saiu vitoriosa.

O executivo comenta que a principal lição do encontro foi uma mudança necessária no sistema educacional. Há cem anos a prática educacional segue a mesma: o professor fala e os alunos ouvem. “Assim, começam discussões como ‘por que um aluno de graduação vai consumir quatro anos na graduação? E por que ele não se qualifica ao longa de sua vida? É algo que as empresas vão ter de se adaptar. É preciso entender os sinais das mudanças e mudar”, finaliza ele.

Acompanhe nas próximas semanas as demais reportagens do especial sobre alguns dos principais Parques Tecnológicos do Brasil.

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