Tecnologia italiana busca agilizar compras no varejo brasileiro

Quem nunca desistiu de uma compra quando viu longas filas no supermercado? Ou pelo menos acelerou as compras para conseguir chegar em tempo a outro compromisso, antes de enfrentar a fila do caixa? É com base nesse cenário que empresas de tecnologia buscam desenvolver sensores e coletores de dados para agilizar o atendimento.
Para o Brasil, a aposta do momento da Datalogic – empresa italiana focada nos mercados de captura automática de dados e automação industrial – é no Jade, equipamento de leitura de códigos de barras que permite implementar solução de checkout automático para compras em grandes volumes em supermercados e atacarejos.
“A preocupação do varejo é sempre entender o cliente da melhor forma. O ideal é o cliente entrar na loja, comprar no seu tempo, ter disponibilidade de produtos e não perder tempo com filas. Esse cliente ficará satisfeito, vai voltar ao estabelecimento e, o principal, falar bem da loja. Nenhuma propaganda é melhor que o boca a boca”, comenta Fabio Lopez, diretor de vendas da Datalogic para o Brasil, em entrevista ao IT Forum 365.
A empresa tem 44 anos de atuação e desde 2013 está no Brasil, onde conta com uma fábrica em Jundiaí (SP), inaugurada em 2014, e um escritório em São Paulo. Além de coletores, com a divisão ADC (na sigla em inglês, Automatic Data Capture) -, a companhia conta também com oferta de sensores com foco no mercado industrial. Cerca de dois terços dos negócios estão voltados à área de ADC, que é o carro-chefe no Brasil – em Jundiaí, por exemplo, os quatro tipos de produtos fabricados são deste setor. Globalmente, a empresa tem mais de 50% do market share de leitores de código de barra fixos.
O Jade foi lançado há cerca de três anos nos EUA e, após período de “tropicalização”, chegou ao Brasil e está pronto para iniciar operação ainda neste ano na rede de supermercados paranaense Condor. O lançamento no País conta com parceria da Fast Gôndolas, empresa responsável pelo desenvolvimento do checkout exclusivo para a nova solução. Lopez afirma que a companhia já tem acordo fechado com outra rede de supermercados em Minas Gerais e outros cinco projetos pilotos em andamento.
A estimativa da empresa é que a tecnologia possa agilizar o tempo da operação no caixa em até cinco vezes. Enquanto um operador com as tecnologias atuais passa em média 12 itens por minuto, o Jade consegue chegar de 60 até cem. “O objetivo é deixar o caixa mais rápido, principalmente para grandes volumes”, afirma Lopez.
Como funciona
Os itens são colocados sobre a esteira em qualquer posição e, à medida que passam pelo scanner tipo portal, os códigos de barras são lidos e mesmo produtos sem códigos de barras são reconhecidos por meio de imagens detalhadas de cada mercadoria geradas durante a leitura. Ou seja, os produtos são reconhecidos por características da embalagem, como peso e tamanho.
“O aumento na agilidade do atendimento reflete na redução do tempo de fila, melhorando a experiência do cliente e evitando que o mesmo deixe de comprar alguns produtos enquanto espera para ser atendido na fila, aumentando o número de vendas e reduzindo perdas para o varejo”, destaca Lopez.
Engana-se quem pensa que o operador perderá sua função. “A tecnologia não substitui o operador, apenas mudará sua função. Ele ficará na mesma posição, acompanhando o processo, além de ter um papel consultivo para ajudar os clientes a usarem a tecnologia. Quem tem que se adaptar é o empacotador das compras, aquele que ajuda o cliente a colocar os produtos no carrinho, que precisará correr para conseguir dar conta da velocidade do processo”, brinca.
O Brasil ainda não avançou em self-checkout, como outros países. Apesar de não ser o foco direto, indiretamente a Datalogic pode se beneficiar com essa tecnologia. A companhia conta com fornecedores parceiros deste tipo de solução, que usam o sistema de detecção Datalogic para essa modalidade de oferta. Parcerias, aliás, é a principal estratégia da empresa no Brasil: a operação funciona com três distribuidores e vendas 100% via canais.