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Symantec demite CEO e surpreende mercado de segurança

Em uma mudança que surpreendeu o mercado, o board da Symantec anunciou na noite da última quinta-feira (20) a demissão do CEO, Steve Bennett, imediatamente. Em seu lugar, o membro do quadro de diretores Michael Brown ocupava a cadeira em caráter de presidente e CEO interino.
“Essa decisão foi resultado de um processo deliberativo em andamento, e não precipitada por qualquer evento ou impropriedade”, diz a nota divulgada pela Symantec.
Um número significativo de analistas reagiram com surpresa à saída de Bennett, apenas 18 meses após assumir o cargo. O último trimestre financeiro da Symantec teve, inclusive, receita surpreendente que excedeu a expectativa do mercado.
“Fiquei muito surpreso com isso”, diz o analista da Forrester, Rick Holland. “Eu só não acho que não é a hora certa para uma empresa que não é vista como inovadora, que enfrenta dificuldades para dar uma reviravolta, ter uma mudança na liderança. Se você contar o CEO interino, esse é o terceiro CEO da Symantec em menos de dois anos. Isso tem um impacto moral”, comenta.

Além disso, a companhia parece estar tendo progressos com sua reestruturação estratégica, o que incluiu a consolidação de produtos e a reorganização dos times de venda. “Tenho escutado coisas positivas oficialmente e não oficialmente dos funcionários da Symantec – você pode até notar a diferença”, diz Holland. “A reestruturação e eliminação de problemas operacionais: os funcionários acreditam que foi uma mudança certeira”.
Nos últimos anos, a gigante de antivírus Symantec luta para se reinventar como uma companhia de segurança inovadora e moderna. No ano passado, por exemplo, sua imagem foi arranhada depois que hackers chineses invadiram o The New York Times, usando malwares que venceram o software da Symantec. Claro, produtos como esse, baseados em assinaturas, apenas captam malwares já detectados antes por alguém, e o caso do TNYT falhou porque se tratou de uma ameaça inédita feita com esse propósito.
Mas a situação acima é referente a demandas de segurança do mundo real, que levaram muitas companhias a usarem as tecnologias de novas empresas como a FireEye, que recentemente adquiriu a Mandiant por US$ 1 bilhão, ou até a Palo Alto Networks. Ambas vendem tecnologias que ajudam a localizar e bloquear malwares desconhecidos. “O que eu posso dizer é que se eles [TNYT] tivessem tido a oportunidade de falar com a Palo Alto, FireEye ou Symantec, minha suspeita é que a Symantec seria a última da lista”, afirma o especialista.
Outros analistas há tempo argumentam que a Symantec só conseguirá se salvar se focar em segurança ou storage. “Eu penso a mesma coisa: faça o spin off de uma dessas unidades de negócio e então você terá mais foco em cada área, os compradores são completamente diferentes – infraestrutura e operações, versos pessoas de segurança”, argumenta Holland.
Um ano atrás, Bennet reconheceu alguns desses desafios. “Tivemos que reprogramar os cérebros de nossos funcionários porque eles pensam em nossa companhia como 150 soluções pontuais diferentes”, admitiu em entrevista, frisando que estava tentando reposicionar os produtos como maneiras de “resolver um problema de alto nível”.
De fato, alguns observadores do mercado pensam que a Symantec herdou os infortúnios da compra da Veritas, em 2005, por US$ 13,5 bilhões – encabeçada pelo até então CEO Enrqiue Salem, demitido pelo quadro em Julho de 2012. Hoje, ele está no board da FireEye. Enquanto isso, o novo CEO interino, Michael Brown, tem herança no setor de armazenamento, tendo chegado ao quadro da Symantec por meio do conselho da Veritas. Anteriormente, atuou como CEO da fornecedora de tecnologia de backup Quantum.
Se a Symantec continuar tendo essas dificuldades, o próximo passo pode não ser apenas um novo CEO, mas – seguindo os passos da Blue Coat, Websense e McAfee – ou fechar o capital, ou ser adquirida. “Se você está tentando se reconstruir, se você precisar resetar a operação, fechar capital não é uma má ideia”, opina Holland.

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