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Small data: detalhes fazem a diferença para grandes decisões

Após ver seu lucro diminuir consideravelmente no fim dos anos 90, a Lego teve que entender as mudanças no consumo de brinquedos. Ao investigar quarto de crianças, a empresa fazia duas perguntas: qual a atividade que você mais ama fazer? O que você tem no seu quarto que você mais se orgulha?

Um dos meninos respondeu: “o que eu mais amo fazer é andar de skate porque sempre tem um desafio”. O que ele tinha mais orgulho era um tênis velho, pois mostrava o quanto ele já tinha caído, se machucado e andado de skate. Era como um troféu.

A partir disso, a Lego criou as linhas de colecionáveis com os princípios de “troféu”. São itens mais difíceis, com tecnologia e mais caros. Mas criam a sensação de desejo. Essa foi a analogia de Guilherme Pereira, diretor do MBA da FIAP, na palestra Small Data & Business Tranformation, realizada no IT Forum Trancoso.

“Small data são pequenas dicas para enxergarmos o que podem ser as novas ondas”, explica o especialista. Segundo ele, existem padrões macro que explicam grandes questões, como o idioma falado. Porém, é possível começar a perceber em pequenos lugares, dicas do que pode ser algo maior. Por exemplo: na Ásia, o saleiro tem menos “buracos” se comparado ao de pimenta. Ou seja, é uma cultura que gosta de comida apimentada.

“Às vezes, a gente consegue perceber esses detalhes também em contradições. Muitas vezes, a contradição dá um indicativo que há uma questão. Os pequenos dados conseguem ajudar a entender quais são os próximos grandes passos.  A gente está acostumado a trabalhar com uma grande quantidade de dados, mas muitas vezes os negócios, principalmente as startups, vão nascer de percepções muito menores, as vezes únicas”, frisa Guilherme.

Além disso, o mercado de produtos e serviços tem muita oferta e a principal dúvida é: como ter um diferencial no meio disso?. “Sempre discutimos que temos que colocar o cliente no centro do processo. Porém, apenas olhar o usuário não é necessariamente a melhor solução, porque temos que saber como olhar”, desafia o especialista.

Para isso, as empresas precisam, também, se perguntar: os temas de inovação estão no dia a dia dos colaboradores?. Apesar de estrategicamente importante, a inovação não tem essa importância na agenda da empresa. Essa dificuldade é normal, porque entre parar os processos e apagar incêndios ou pensar em inovação, vão ser apagados os incêndios.

Guilherme citou os principais motivos de ter dificuldade e investir em projetos de inovação:

  • Cultura e incentivos de curto prazo
  • Inovações de impacto muitas vezes não focam nos clientes atuais da empresa
  • Mercados pequenos não atendem a necessidade de crescimento das grandes empresas
  • Mercados que não existem não podem ser analisados

“O verbo inovar é um verbo transitivo. Isso significa que um líder entrar em uma sala e falar ‘precisamos inovar’, não adianta. Ele precisa de um complemento: qual o caminho? O que eu estou buscando? Qual o complemento? Se não tiver, as pessoas ficam paradas, sem saber o que fazer. A gente não pode falar ‘vamos inovar’. Nós temos que falar ‘vamos inovar com esse objetivo’”, finaliza o especialista.

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