Setor de TI retoma negociações da campanha salarial em SP, mas indefinição continua

Uma semana após a paralisação, as negociações da campanha salarial do setor de TI de São Paulo voltaram na última quarta-feira (08/02). Sindicatos que representam os trabalhadores (Sindpd) e as empresas (Seprosp) realizaram uma reunião, na quinta rodada de negociação, mas mais uma vez a situação segue indefinida.
A nova proposta apresentada pela comissão patronal inclui um reajuste de 6,29% dividido em duas vezes, sendo 4% imediatamente e os 2,29% restantes apenas em novembro. Embora o percentual cheio se equipare à inflação de 2016 medida pelo IPCA, o Sindp afirma que, na prática, a proposta das empresas não repõe integralmente as perdas inflacionárias, já que o reajuste seria parcelado.
“Para que vocês entendam e que fique bem claro: nós queremos reajuste em parcela única, inflação mais aumento real ou inflação mais abono. Queremos pisos melhores, incluindo pisos para programador e analista”, ressaltou o presidente do Sindpd, Antonio Neto. “Ou a gente joga o jogo corretamente ou vamos ter que buscar outro caminho. Estamos consultando a categoria diariamente, falando com os trabalhadores, e não temos condição mínima de aceitar essa proposta”, disparou.
Outros benefícios
Ainda durante a rodada, a comissão patronal voltou a mencionar o seu interesse em alterar cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho, como as que tratam da PLR (Participação nos Lucros e/ou Resultados) e do vale-refeição. A intenção dos patrões é afrouxar a obrigatoriedade de que empresas negociem o pagamento da PLR, além de cortar o pagamento do VR nos casos de faltas dos trabalhadores.
Assim como já havia feito nas rodadas anteriores, o presidente do Sindpd voltou a afirmar que não vai dar espaço para que as alterações retirem direitos. “Não aceitamos as mudanças que vocês estão propondo. No caso do VR, vocês ofertam R$ 17,50, o que para a gente já é insustentável. A gente quer R$ 20 para jornada de oito horas e R$ 18 para jornada de seis horas. Peço que reflitam, pois essa proposta de vocês ainda não é palatável”, pediu Neto.
Com a indefinição, as duas partes concordaram em participar de uma nova mesa de negociação na próxima quarta-feira (15/02), às 14h30, na sede do Seprosp.
Relembre quais são as principais demandas do Sindpd:
– Reajuste salarial de 8,29% (IPCA de 2016 (6,29%) mais 2% de aumento real);
– Redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem diminuição de salários;
– Pagamento de vale-alimentação;
– Vale-refeição de R$ 20 para jornada superior a 6h/dia e R$ 18 para até 6h/dia.
– Pagamento integral de plano médico, hoje custeado em 70% pelos trabalhadores;
– Auxílio-creche de 50% para crianças de até 72 meses;
– Hora extra de 100% nas duas primeiras horas e 150% nas demais e finais de semana;
– Licença-maternidade obrigatória de 180 dias;
– Seguro de vida equivalente a 30 pisos salariais;
– Garantia de reembolso de km para trabalhadores que usam os próprios veículos;
– Pagamento de vale-cultura;
– Custeio de bolsa de estudo para qualificação profissional.
O que propôs o Seprosp:
– Reajuste salarial de 6,29% parcelado em duas vezes (4% agora e 2,29% em novembro);
– Vale-refeição de R$ 17,50;
– Manutenção da jornada de trabalho em 40 horas semanais;
– Redução da multa para empresas que atrasam salários;
– Desobrigação de continuidade da PLR para empresas que já pagam o benefício;
– Desconto do vale-refeição em caso de faltas ou ausências dos trabalhadores;
– Rejeição a todas as demais propostas feitas pelo Sindpd.