Las Vegas, nos Estados Unidos, é conhecida como a cidade dos grandiosos cassinos e do entretenimento. Mas é de lá que vem uma das empresas que está fazendo história e tirando o sono das gigantes do mercado de tecnologia da informação, a Rimini Street.
A companhia tinha tudo para ter nascido em uma garagem na cidade, como muitas das famosas de tecnologia, se não fosse o calor. “É muito quente, praticamente impossível de montar um escritório na garagem”, brincou Seth Ravin, fundador e CEO da empresa, que batizou seu negócio com o nome da rua onde tudo começou, em seu home office na cidade dos jogos.
Ele acredita que Vegas é um bom local para desenvolver um negócio. Companhias como Zappo, braço da Amazon, e Switch, uma das maiores operadoras de data center dos Estados Unidos, nasceram ali. Além disso, boas taxas e proximidade com o Vale do Silício, a uma hora de distância de avião, tornam Vegas ainda mais atraente.
Ravin apaixonou-se por tecnologia muito cedo. “Eu tinha poucos amigos”, disse rindo. Foi aos 13 anos de idade que ele teve contato com seu primeiro computador. “Eu negociei o PC com meus pais, pois tinha de fazer uma cirurgia e disse que somente faria se ganhasse um”, completou.
A partir daí ele não só conquistou a habilidade de negociar – que usou anos mais tarde em sua breve passagem pela política em Washington – como também a de desenvolvimento de software. “Comecei como codificador, na área técnica, e me encantei por software. Toda a minha carreira foi pautada nesse mercado”, disse Ravin, que ajudou a montar a PeopleSoft, companhia de software que fornecia programas de gerenciamento de recursos humanos para grandes empresas, e que foi comprada pela Oracle em 2004.
Em 2005, ele lançou a Rimini Street, logo depois que a Oracle adquiriu a Siebel. “Vi que era uma boa oportunidade porque entendi que os clientes Siebel não ficariam felizes com a compra e observei uma oportunidade de oferecer a eles uma escolha de suporte. Era uma chance de manter o suporte Oracle, que é muito caro, só que com um custo mais eficiente”, assinalou.
A Rimini Street, defendeu o executivo, foi desenhada para criar vantagem competitiva. Sua proposta é ajudar empresas a redirecionar seus gastos em TI de modo mais estratégico, tornando o suporte independente, dentro de casa ou na nuvem, um dos pilares da transformação digital.
O executivo aponta que desde o começo da Rimini a empresa vem incomodando gigantes como Oracle e SAP, justamente porque é especializada em suporte independente para sistemas de gestão (ERP), se apresentando como uma proposta mais econômica para o suporte das gigantes de tecnologia. Ao migrar o serviço de manutenção e suporte para a Rimini, a empresa garante que é possível reduzir, no mínimo, 50% dos custos.
“SAP e Oracle são as maiores de software do mundo e você tem de ser um pouco louco para atuar contra essas duas empresas. Mas eu atuei em companhias de software minha vida toda, e eu estava confortável com os problemas do negócio de manutenção delas.”
A Rimini Street contabiliza que ao permitir aos clientes ter o serviço de suporte e manutenção com um fornecedor independente, sem o selo dos grandes fabricantes de ERP, já foi possível gerar economia superior a US$ 3 bilhões, em mais de 1,5 mil empresas em todo o mundo. No Brasil, onde a organização está desde 2011, são cerca de 70 clientes, como Embraer, Atento, Grupo Abril, MRS, Gafisa, GP Investimentos, Estadão e InfoGlobo.
A proposta de valor da empresa logo fez com que ela ganhasse inimigos e ainda ações judiciais contra a sua atuação. Tanto que há oito anos a Oracle vem brigando com a Rimini nos tribunais. “Somos disruptivos. Quando se leva disrupção para a indústria há sempre litígio envolvido. Porque aqueles que querem manter o status quo farão de tudo para mantê-lo”, alfinetou ele.
“A Rimini Street sozinha está trabalhando para derrubar um pedaço da manutenção da Oracle e da SAP, que, juntas, movimentam nessa área US$ 30 bilhões somente nos Estados Unidos. Isso significa 90% de margem. Literalmente, elas estão gerando mais dinheiro todo o ano do que muitos países”, revela o executivo.
Segundo Ravin, essa manutenção, que tem sido a pedra angular do modelo de software há décadas, gera uma margem de lucro não natural. “Queremos quebrar esse negócio monopolizado e, claro, que se espera turbulência. Tanto que estamos nos tribunais com a Oracle desde 2010. Na verdade, temos brigado desde que montamos a companhia em 2005. Mas isso é a batalha pela escolha do cliente. Essa é a batalha para abrir mercados competitivos”, reiterou.
Em um dos capítulos mais recentes dessa briga judicial com a Oracle, em agosto deste ano, o júri apontou a Rimini Street como inocente nos processos de suporte que não são mais utilizados pela empresa desde, pelo menos, julho de 2014. Segundo comunicado emitido pela companhia, a constatação de violação “inocente” significa que a Rimini Street não sabia e não tinha motivos para saber que seus processos anteriores estavam infringindo da lei.
Em maio deste ano, a Rimini Street estabeleceu sua primeira parceira de suporte independente com a Salesforce para os produtos Salesforce Sales Cloud e Service Cloud. “É nossa primeira parceria no mercado de software em vez de lutar contra”, comemorou o executivo.
Ele contou que no modelo software como serviço (SaaS), a manutenção básica está incluída na licença. O que muita gente não sabe, contudo, é que essa manutenção básica não é robusta o suficiente para oferecer tudo o que o cliente precisa. O papel da Rimini é fazer uma manutenção suplementar que vai em cima da oferta da Salesforce.
“A Salesforce reconhece que SaaS é um grande sistema que precisa de pessoas e é complexo. Eles olharam para nós e pensaram que se se cuidássemos dos clientes, eles teriam mais sucesso. É uma relação ganha-ganha”, comentou.
Ravin revela que os negócios da Rimini vão bem, obrigado. Listada em bolsa desde 2007, os resultados financeiros do segundo trimestre, encerrado em 30 de junho, apuram receita bruta de US$ 62,6 milhões, crescimento de 20% no ano.
A empresa não revela resultados locais, mas indica que o Brasil tem tido apetite para buscar eficiência e redução de custos, benefícios que se encaixam perfeitamente na proposta de valor da Rimini.
“Estamos há sete anos no Brasil, com o escritório operando para a América Latina. O País tem um espírito genuíno de abraçar inovação e o jeito de fazer as coisas. Quando perguntei aos clientes o que a transformação digital significava para eles, todos tinham sua definição, mas de forma unânime responderam ‘trazer mais dinheiro’. Afinal, a transformação digital é sobre crescimento”, refletiu.
O executivo acredita que a Rimini está em linha com as demandas locais porque a TI antiga, pautada em bites e bytes, já não tem mais espaço e os CIOs, com background cada vez mais de negócios, estão em busca de vantagem competitiva e crescimento.
“Ajudamos clientes a mudar suas soluções para a nuvem, porque é econômico. Estamos livrando o cliente de ter um data center, rodar infraestrutura, porque é uma atividade custosa e que consume tempo. É o caminho para focar nos negócios”, contou ele, completando que esse é um momento bastante animador.
Em sua segunda visita ao Brasil, Ravin pretende agora voltar ao País anualmente. “Estava focado na abertura da operação asiática, mas estarei mais por aqui”, comentou.
De acordo com o executivo, o País é altamente estratégico para os negócios globais da Rimini, afinal o Brasil é décimo maior investidor global em tecnologia da informação. “Esse perfil e a cultura de inovação mostram um futuro promissor.”
A expectativa positiva também reside no fato de que, segundo projeções do Gartner, haverá um salto grande na contratação de suporte independente não só no Brasil como no mundo anima Ravin. “Esse modelo está, definitivamente, se tornando convencional.”
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