O IT Forum Series é um projeto editorial que convida líderes de TI das maiores empresas do País para discutir algumas das tecnologias e tendências de maior potencial transformador. Aliados aos dados do estudo Antes da TI, a Estratégia, pesquisa promovida anualmente com os CIOs e gerentes de TI, o Series busca contribuir com a evolução do mercado e do ecossistema de tecnologia da informação e telecomunicações brasileiros.
RAFAEL ROMER (MEDIAÇÃO E PRODUÇÃO), PAMELA SOUSA (TEXTO), GEORGES NABAHAN (PESQUISA)
CONVIDADOS: CÉSAR LEITE, CTO DO PAGBANK; RAMON OLIVEIRA, SUPERINTENDENTE DE TI DO BANCO MERCANTIL, ROGÉRIO SIGNORINI, VP DE PRODUTOS DA EQUIFAX
CAPTAÇÃO E EDIÇÃO DE VÍDEO: VORAZ FILMES
No primeiro episódio da temporada de 2025 do IT Forum Series, o foco se volta para as indústrias, partindo do princípio de que as transformações tecnológicas não ocorrem de forma isolada, mas estão integradas aos desafios e às oportunidades de cada segmento.
Neste capítulo, a discussão se concentrou no setor financeiro – reconhecido por sua maturidade tecnológica – e foi conduzida pelo editor-assistente do IT Forum, Rafael Romer. A conversa contou com a presença de César Leite, CTO do PagBank; Ramon Oliveira, superintendente de TI do Banco Mercantil; e Rogério Signorini, vice-presidente de Produtos da Equifax, além de insights do analista de inteligência do IT Forum, Georges Nabahan.
Nos últimos dois anos, o IT Forum Series abordou temas específicos – inteligência artificial, no-code, IoT –, mas, neste novo formato, a conversa se desloca para uma visão mais abrangente dos desafios e tendências que permeiam as indústrias.
No setor financeiro, a busca contínua por eficiência se alia à necessidade de inovação. Os executivos destacam que o “boom” inicial das tecnologias disruptivas, como a migração para a nuvem e a inteligência artificial (IA) generativa, passou por uma fase de encantamento que, com o tempo, deu lugar a uma análise mais criteriosa e orientada por dados.
César Leite relembra os tempos em que o investimento em novas soluções era impulsionado pela ânsia de inovar. “No início, a gente se jogava na tecnologia sem pensar muito no custo”, afirma.
Com o amadurecimento do mercado, os líderes passaram a concentrar seus esforços na redução de despesas e na otimização de processos – uma mudança que remete ao percurso trilhado na adoção da computação em nuvem. “A gente começou a ver que o custo podia ser o próprio motor para o uso estratégico da inteligência artificial”, pontua Leite, ressaltando a importância de se ter um olhar interno sobre o valor agregado pela tecnologia.
O custo pode ser o motor para o uso estratégico da inteligência artificial
César Leite - CTO do PagBank
A inteligência artificial não demora para entrar no debate. A introdução de ferramentas capazes de sugerir linhas de código e a complexa integração de algoritmos generativos nos processos de atendimento e na tomada de decisões são vistos como oportunidades.
Ramon Oliveira destaca que o setor financeiro, historicamente prudente em investimento, teve que aprender a lidar com as incertezas da inovação. Ele ressalta que a trajetória é semelhante à vivida na migração para a nuvem: primeiro, um período de experimentação, depois, o estabelecimento de práticas que permitiram controlar os custos e maximizar os ganhos operacionais.
Nesse contexto, os receios por parte dos desenvolvedores também veio à tona. Muitos profissionais se perguntavam se a nova onda de inteligência artificial ameaçaria seus empregos – uma inquietação que, com o tempo, deu lugar a uma compreensão mais aprofundada: a tecnologia, por si só, não substitui o talento, mas exige que seus usuários se adaptem e se qualifiquem. “Se você não aprender a trabalhar com essa tecnologia, aí sim o risco de ficar defasado é real”, argumenta Leite.
Além disso, a gestão das licenças de uso das ferramentas de IA foi apontada como um ponto crucial para evitar que os custos escalem de maneira descontrolada. A estratégia adotada, que integrava essas licenças às plataformas de desenvolvimento, visava não apenas reduzir os gastos, mas também promover um uso orgânico da tecnologia, com métricas que indicavam, por exemplo, uma taxa de aceitação de sugestões de código significativa.
O debate avançou para iniciativas que vêm revolucionando o acesso e o controle dos dados dos clientes. Sobre o open banking, Ramon Oliveira destaca que “empoderar o cliente é um movimento nobre. Quando o usuário passa a se reconhecer como dono dos seus dados, todo o mercado evolui”.
Em paralelo, o real digital desponta – assim como o Pix – como uma oportunidade para criar um ecossistema mais ágil e integrado. Segundo Rogério Signorini, “o caminho do real digital não é imediato, mas abre um leque de oportunidades que vão além do simples acesso ao crédito – é uma nova era para as transações financeiras”, mesmo que sua implementação exija adaptações na infraestrutura.
O setor financeiro, além de ser palco para inovações tecnológicas, continua fortemente regulado – um aspecto que impõe desafios adicionais à implementação de novas ferramentas.
Durante a mesa-redonda, os participantes discutiram os cuidados necessários para evitar vazamentos de dados sensíveis e minimizar os riscos associados às “alucinações” de sistemas de IA – respostas imprecisas que podem comprometer a segurança da informação. Em ambientes onde cada dado tem grande valor, a integração entre compliance e governança torna-se indispensável para garantir que a inovação não se sobreponha à proteção das informações.
Nesse contexto, o papel dos departamentos de TI se expande, deixando de ser apenas suporte operacional para assumir uma função estratégica, capaz de equilibrar a agilidade das novas tecnologias com a solidez exigida pelo setor financeiro. Essa tensão entre o impulso inovador e a necessidade de manter o rigor regulatório caracteriza o “novo normal” para as instituições, que veem na digitalização não apenas um desafio técnico, mas também uma oportunidade de repensar processos e modelos de negócio.
Por fim, o debate evidenciou a dificuldade crônica de encontrar e reter profissionais qualificados em tecnologia – um problema que, segundo as projeções, tende a se intensificar nos próximos anos. Com uma demanda que pode alcançar centenas de milhares de novos especialistas até 2030, as instituições financeiras estão investindo em programas de recrutamento, políticas de trabalho híbrido e ambientes colaborativos que incentivem o engajamento e a participação ativa dos colaboradores.
No Banco Mercantil, por exemplo, a estratégia envolveu a adoção de um modelo de trabalho remoto distribuído por todo o país, aliado a iniciativas que fortalecem a cultura interna e promovem o desenvolvimento contínuo.
Encerrando o debate, Ramon resume a transformação com uma frase simples, porém poderosa: “nós não somos pagos para trabalhar, somos pagos para trazer valor.” À medida que esse entendimento se consolida, os tradicionais silos corporativos começam a desmoronar, impulsionando uma atuação integrada que converte o esforço individual em valor real para o negócio.
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