Segurança de dados ainda é subestimada em plena transformação digital

Com a revolução tecnológica que ocorre no dia a dia é incompreensível que as informações sejam expostas sem consentimento.

Author Photo
8:43 pm - 16 de outubro de 2019

Em meio à transformação digital que se apresenta em todos os setores da economia, é flagrante a pouca importância ainda atribuída aos dados pessoais. Não por acaso este é um dos assuntos sobre o qual dedicamos uma grande atenção e foco para análise na CESAR School, no curso “O Direito no Tempo dos Dados”, cujo objetivo é capacitar pessoas para compreender a real dimensão que um dado pessoal pode atingir em virtude das tecnologias existentes, como por exemplo, o Big Data e IoT.

Mesmo com toda a revolução tecnológica que vem ocorrendo em nosso cotidiano, em que dados são massivamente coletados e processados, é incompreensível que as informações sejam expostas ou coletadas sem o nosso consentimento ou ainda usadas sem nenhum controle.

Essa falta de consciência sobre a importância e o valor dos dados fica evidente quando analisamos o escândalo da empresa londrina Cambridge Analytica. A companhia realizava coletas indevidas de dados de uma rede social (Facebook) através da ferramenta denominada this is your digital life, que permitia que dados dos usuários e de todos os seus amigos fossem coletados.

Mas se tratam “apenas” de dados da rede social, o que haveria de perigoso neles? Pois é justamente com base nesta falsa insignificância ou falsa irrelevância que dados pessoais são expostos, coletados e utilizados para os mais diversos fins sem nenhum controle.

A Cambridge Analytica, por exemplo, fez uso dos dados coletados para traçar um perfil psicométrico do eleitorado norte-americano. A partir destes perfis foram produzidos conteúdos direcionados e, como consequência, tais eleitores tiveram o seu voto induzido para o candidato que era cliente da Cambridge Analytica.

Foi com o estouro deste escândalo que, no Brasil, o legislador se apressou em aprovar uma lei que protegesse o cidadão de abusos desse tipo dando origem à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD, Lei nº 13.709/2018). A nova Lei visa proteger os dados dos cidadãos e formaliza ser ele, o cidadão, o titular de suas informações. Ou seja, meus dados, minhas regras!

A legislação define que um dado pessoal é tudo aquilo que torna uma pessoa identificada ou identificável. Observando o contexto em que a transformação digital vem ocorrendo, é possível notar que nem todos conhecem as tecnologias disponíveis e também por isso nem todos serão capazes de compreender a real dimensão dessa identificação pessoal por meio digital. Será que a sua voz gravada por um assistente por voz ou a forma como você dirige o seu carro é dado pessoal que deve ser protegido?

Neste cenário, é de extrema urgência a necessidade de adequação de todos os atores econômicos a esta nova legislação. Muito além de uma adequação do setor tecnológico por se apresentar no centro da transformação digital, é necessário o devido ajuste de todos os setores que coletam e utilizam dados pessoais, independente do meio utilizado.

*Por Josemário França de Sousa Junior, professor da CESAR School no curso Direito no Tempo dos Dados

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.