Com o digital invadindo os serviços financeiros e a mobilidade caindo no gosto dos consumidores brasileiros, nos últimos anos os bancos investiram pesado em tecnologia da informação (TI), não só para atender a demanda atual, mas para garantir o crescimento dos negócios no futuro. Somente no ano passado, segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2014, realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), foram direcionados R$ 21,5 bilhões em tecnologia da informação.
Como parte dos investimentos em TI, os bancos decidiram turbinar seus data centers. O primeiro banco a investir em novos centros foi o Bradesco, em 2008. Em 2013, foi a vez do Branco do Brasil, que se preparou para suportar a operação nos próximos 15 anos. No ano passado foi a vez do Santander e do Itaú-Unibanco.
Durante o CIAB 2015, maior feira nacional de tecnologias para o setor bancário, que acontece de 16 a 18 de junho em São Paulo, Itaú-Unibanco, Santander e Bradesco relataram os motivos que os levaram a investir em novos centros de dados e como é a infraestrutura desses espaços. Confira abaixo.
Santander
Com investimento de R$ 1,1 bilhão, o Santander apresentou em 2014 seu moderno data center ao mercado. Localizado em Campinas (SP), o aparato tecnológico foi instalado em um terreno de 800 mil metros quadrados, na Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec II).
“Escolhemos Campinas porque está perto do escritório do Santander, em São Paulo, e há grande disponibilidade de energia e comunicação lá, além de acesso a vias terrestres e proximidade com o Ciatec II, onde temos 15% de nossas pesquisas”, explicou Mirian da Silva Ferreira Guimarães, superintendente de TI da Produban, do Grupo Santander.
A executiva relatou que o espaço conta com um centro de comando e dois data centers, distantes 500 metros um do outro, sendo que cada um ocupa 12 mil metros quadrados. Haverá ainda um terceiro centro de processamento de dados, cujo espaço já está reservado.
Para se ter uma ideia da sua grandiosidade, o data center tem 6 mil toneladas de aço, o equivalente ao Estádio do Morumbi, em São Paulo, 50 mil metros quadrados de concreto [o Arena Corinthians, também em São Paulo, tem 70 mil metros quadrados de concreto], além de 275 Km de canalizações enterradas e uma subestação de energia com potência de 50 mil KW/h – suficiente para abastecer uma cidade como Ilha Bela, no litoral paulista.
A sustentabilidade foi um assunto levado a sério pela empresa na construção do data center. “O uso de água de refrigeração foi reduzido a zero e não usamos óleo. A noite lançamos mão do free cooling, modelo que desliga o ar do local para usar a refrigeração de fora”, detalha. São ainda 15 reservatórios de água, sendo dez deles para reuso. A eficiência energética e a ocupação reduzida do espaço também são destaques.
“Levamos em consideração ainda o modelo de infraestrutura total, com data center replicados, padronização de hardware e software. Isso dá ganho em termos de montagem de infra e operação”, contou, acrescentando que os demais data centers do banco, dois na Espanha, um na Inglaterra e outro no México, têm exatamente a mesma estrutura e seguem o mesmo padrão de implementação de soluções.
Segundo ela, essa padronização permite compartilhamento de conhecimento. “Com isso, nosso data center está preparado para receber qualquer tecnologia nova, seja big data, virtualização ou outros.”
O data center do Santander foi estruturado no formato “bunker semienterrado” que garante a proteção contra intempéries e possíveis impactos, e atua com 99,995% de disponibilidade, com tempo máximo de parada de 27 minutos.
Com a capacidade instalada, o banco é capaz de processar de 80 mil MIPs de mainframe, 7 mil servidores de baixa plataforma com 80% de virtualização, além de capacidade de armazenar 5 PB de storage e rodar 210 milhões de transações por dia.
Bradesco
A demanda de clientes por serviços completos, desempenho e eficiência, faz o Bradesco busca estar sempre na vanguarda tecnológica. E esse foi um dos motivos pelos quais o banco direcionou esforços para um novo data center.
Com dois data centers, separados por uma distância de 18 Km, os espaços levaram em contar a segurança física e o uso de padrões internacionais de qualidade, de acordo com Waldemar Ruggiero, diretor do Departamento de Processamento e Comunicação de Dados do Bradesco.
Ruggiero apontou que, hoje, o banco conta com 250 mil MBIs de mainframe e 12 PB de storage. “Esse parque tecnológico foi construído com arquitetura que permite modularização dos serviços tornando independente os serviços”, listou, completando que essa arquitetura permitiu que o banco implementasse o conceito de TI Bimodal, que complementou a TI tradicional.
“Na TI Bimodal, temos a trilha inovação, experimentação e agilidade, que leva em conta Agile e DevOps e a data de entrega não pode ser alterada, em comparação com a tradicional que mira disponibilidade, eficiência e custo”, explicou.
Nos data centers do Bradesco, cloud é uma realidade. “Temos mais de 300 servidores em produção e hoje todo o serviço que será implementado é analisado em primeiro lugar para ir para a nuvem”, explicou. Segundo o executivo, neste ano, o banco caminha para usar computação cognitiva no private bank e no call center.
O executivo disse ainda que o data center do Bradesco é totalmente definido por software, com disponibilidade 24×7 e recursos aprimorados de segurança.
Itaú-Unibanco
O ambicioso projeto, que começou a ser desenhado há cerca de seis anos, terá papel fundamental para suportar o crescimento do banco até 2050, bem como a transformação digital que atinge em cheio o setor financeiro.
A primeira fase do data center, segundo Rooney Silva, diretor-executivo do Itaú-Unibanco, teve início em 2012 e metade do projeto foi finalizado em 2014. Até o próximo ano, toda a migração será concluída.
São dois data centers, com quase 1 Km de distância entre eles, que têm 9,7 mil servidores, sendo 90% do parque virtualizado, 26 PB de armazenamento, 2 PB de link de comunicação e 235 mil MIPs em mainframes. Serão 150 mil metros quadrados de área construída, 200 mil conexões e 50 fornecedores de tecnologia.
O site de disaster recovery (DR) fica em São Paulo, há 140 Km de distância, o que permite que o ambiente trabalhe de forma ininterrupta, mesmo em caso de falhas do data center principal.
Recursos sustentáveis também foram implementados no local, como free cooling, que permite redução de consumo de energia e certificações Tier III e Leed Gold, que atestam qualidade e sustentabilidade.