A dispersão de máquinas virtuais é um desafio conhecido, com práticas recomendadas estabelecidas para preveni-lo e solucioná-lo. Mas existe um novo tipo de dispersão com que se preocupar: a dispersão de redes.
A dispersão de redes é um fenômeno que resulta da adoção crescente da nuvem (e, consequentemente, da TI híbrida), em que alguns aplicativos e infraestruturas permanecem no local, enquanto outros fazem a transição para a nuvem. Qual é o nível de disseminação da TI híbrida? Bem, de acordo com o Relatório de tendências de TI da SolarWinds de 2016, quase todos os profissionais de TI brasileiros pesquisados (98%) disseram que adotar tecnologias de nuvem é importante para o sucesso comercial de longo prazo de suas organizações, embora 64% afirmem que é improvável que toda a infraestrutura de suas organizações seja migrada para a nuvem. Dessa forma, a TI híbrida é a realidade do futuro.
Enquanto isso, o número de redes das quais nossas organizações dependem – as locais, combinadas com as de propriedade de provedores de nuvem e de software como serviço (SaaS, na sigla em inglês) – está crescendo rapidamente e de forma não supervisionada, enquanto cada vez mais da infraestrutura é migrado para a nuvem, e unidades de negócios implementam mais aplicativos de SaaS.
Mas no fim das contas, nós engenheiros de rede ainda somos responsáveis por garantir o desempenho de todas as conexões de rede de que nossas organizações dependem, sejam as redes de nossa propriedade ou não. Em suma, nos tornamos responsáveis, não apenas pelas nossas redes, mas também pelas redes dos provedores de nuvem e de SaaS, além das redes de nosso ISP e dos ISPs dos quais ele também depende.
Quando nos damos conta disso, relembramos os bons tempos nos quais não tínhamos de procurar nada muito além de nossas paredes, com exceção talvez de links WAN e da internet. É claro que alguns tinham de lidar com vários data centers, bem como com dados e aplicativos em diferentes localidades, o que exigia que os dados fossem arrastados pela largura de banda com fio, mas podíamos pedir que uma instância do aplicativo fosse movida ou espelhada em caso de problemas.
Mas hoje em dia, é cada vez mais comum o “arrastamento de dados”: o design objetivo de sistemas no qual grandes quantidades de dados devem se mover em toda a rede enquanto são processadas. E não estamos nem arrastando dados por links confiáveis e seguros (ainda que bem mais lentos) como uma linha dedicada ou um link WAN bem pago de um local a outro. Embora muitos SLAs apontem para “serviços de largura de banda de classe T1” (o que entendo que possa ser problemático hoje em dia, mas continue acompanhando meu raciocínio), os dados ainda estão sendo trazidos pela Internet, sem o link MPLS para a Azure ou T1 para a Amazon.
Efeitos da dispersão de redes
Em TI, existe uma versão diferenciada e em menor escala da hierarquia de necessidades de Maslow. Seus três elementos importantes para o sucesso são, nesta ordem: responsabilidade, responsabilização e autoridade. Sem dúvida alguma, cada administrador de rede assume a responsabilidade e a responsabilização pelo desempenho da rede, mas a autoridade é menos garantida, especialmente na era da TI híbrida. E, sem ela, torna-se um desafio garantir a manutenção e o desempenho da rede.
De fato, o pior efeito possível da dispersão de redes é fazer com que os aplicativos baseados na nuvem dependam de várias redes das quais não temos nenhuma visibilidade e, portanto, nenhuma autoridade. Esses aplicativos podem variar de itens simples, como um site ou serviço Web remoto, até aplicativos complexos de missão crítica baseados na nuvem.
A dispersão de redes também tem um efeito em ambientes localizados nas próprias instalações. Muitas organizações (corretamente) optam por manter componentes de TI críticos no local, em vez de confiá-los à nuvem fora das fronteiras do local de trabalho. O banco de dados principal é um bom exemplo de uma função de TI fundamental que é quase sempre mantida no local. Mas então os desenvolvedores criam microsserviços ou até mesmo aplicativos completos que residem na nuvem, mas também dependem dos dados desse banco principal.
Dessa forma, a incapacidade de ver ou gerenciar a capacidade, o desempenho e a disponibilidade da rede do provedor, ou de entender o motivo de possíveis tempos de inatividade, naturalmente afetará esses tipos de implementações, ainda que os usuários e os dados sejam todos locais. E mesmo os componentes no local podem ser prejudicados, já que precisam aguardar tempos de espera mais longos do que o esperado e que threads abertos como conexões remotas primeiro recebem e então processam os dados que eles solicitam de dentro do firewall.
Aprofundando ainda mais, a dispersão de ferramentas de rede também é algo a se ter em mente. À medida que avançamos no universo da nuvem, do SaaS e da TI híbrida, ferramentas testadas e aprovadas, como Traceroute, se tornam obsoletas, visto que, normalmente, seu acesso às redes de provedores de serviços é bloqueado. Ao mesmo tempo, ferramentas de monitoramento da nuvem não têm visibilidade do desempenho da infraestrutura local – e, segundo alguns, nem deveriam ter.
Assim, o ambiente está se tornando, ao mesmo tempo, mais opaco e complexo. Em outras palavras, a única coisa pior do que a dispersão de redes é quando as ferramentas de gerenciamento da rede se dispersam com a mesma velocidade. A essa altura, um dia típico de trabalho requer várias telas preenchidas com dezenas de janelas de aplicativos e um número cada vez maior de noites ocupadas com janelas de controle de alterações, enquanto passamos horas aplicando patches e fazendo a manutenção das próprias ferramentas. No final, isso reduz nossa capacidade de gerenciar a dispersão, além de acrescentar outra camada de complexidade à plataforma.
Contenção da dispersão de redes
Isso posto, apresentamos algumas medidas que você pode tomar para gerenciar o impacto da dispersão de redes:
Conscientize-se do potencial de dispersão de redes em seu ambiente
O primeiro passo para obter o controle da dispersão de redes é admitir que você pode ter um problema de dispersão de redes. Pesquise quais fornecedores de nuvem e aplicativos de SaaS estão sendo utilizados por sua organização e como. Determine quais requisitos de desempenho são exigidos desses fornecedores e se eles estão cumprindo tais requisitos. Por fim, reconheça que, como engenheiro de rede, você é responsável por garantir o bom desempenho não apenas das redes de sua propriedade, mas também das dos fornecedores de nuvem e de SaaS das quais sua organização depende.
Retome a autoridade obtendo a visibilidade ideal
Voltando à hierarquia de necessidades (responsabilização, responsabilidade e autoridade), provedores de WAN, fornecedores de nuvem e fornecedores de aplicativos SaaS jamais transferirão a você a autoridade, no sentido de passar o controle de suas redes, por vários motivos. Contudo, há algo quase tão bom quanto a autoridade: visibilidade. A visibilidade das redes a partir de fora também dá a você a autoridade (ou seja, credibilidade, em vez de controle) necessária para garantir que sua organização não seja afetada negativamente pelo desempenho insatisfatório da rede de um provedor.
E a chegada ao mercado de novas ferramentas de uma solução única que proporcionam monitoramento visual do caminho de rede a cada salto, tanto das redes de sua propriedade quanto da dos provedores de serviços e fornecedores de nuvem (lembre-se do que eu disse sobre a dispersão das ferramentas de rede), pode ajudar a recuperar muito da autoridade perdida na passagem para a TI híbrida.
Essas ferramentas incluem a capacidade de simplificar a detecção da causa raiz de problemas em redes internas, desde o mau funcionamento ou configuração incorreta até a extensão da solução de problemas para a Internet e para as redes dos provedores de serviços, o que permite que você explore as camadas da rede do fornecedor e mostre dispositivos, latências alterações de roteamento e problemas. Isso apresenta uma nova abordagem à verdade em nossos relacionamentos com os provedores de serviços, e a ligação à central de ajuda passa de: “Deve haver algum problema aí do seu lado”, seguido pela resposta deles: “Não, tudo parece em ordem por aqui”, para: “Parece que o dispositivo X da sua rede está causando o congestionamento, pode conferir?”.
Conclusão
A TI híbrida tornou-se a nova realidade. A dispersão de redes representa um novo desafio. Admitir que você pode ter um problema de dispersão de redes, ou pelo menos o potencial de dispersão de redes, é o primeiro passo para a recuperação. Recuperar a autoridade perdida para os provedores de nuvem por meio da visibilidade de suas redes dará a você o controle sobre todo o seu ambiente e sobre todas as redes de que sua organização depende.
*Leon Adato e Patrick Hubbard, gerentes técnicos da SolarWinds
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