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Quem é o novo líder da era digital?

Até 2025, 75% da força de trabalho global virá dos Millennials (nascidos entre 1980 e 2000). Esse dado tem um peso enorme sobre a nova liderança que começa a ser traçada agora. “Essa geração está clamando por líderes que ainda nem existem. A nossa liderança atual é muito defasada e despreparada”, observa Marcelo Rivani, professor de gestão de pessoas e inovação corporativa do Ibmec.

 

 

Rivani se refere a profissionais que, em geral, não se prendem mais aos empregos como faziam seus pais ou avós. Segundo ele, as novas gerações chamam atenção por suas fortes habilidades técnicas (hard skills). Mas também são visivelmente carentes em soft skills. A grosso modo, são tecnicamente habilidosos mas que, do ponto de vista comportamental, no entanto, eles ainda têm muito a evoluir.

 

 

O que é certo é que neste cenário o “chefinho que dá piti” está com os dias contados. Frente a esta nova realidade, Rivani explica que é fundamental quebrar paradigmas hierárquicos. A geração mais nova vive na era digital e tem pressa.  É fato que a liderança tem que ser mais preparada. “Para isso, os programas de treinamento de líderes deveriam ser mais adequados. O que falta à liderança é propósito. Qual a minha contribuição dentro dessa companhia?”, observa Rivani.

 

 

Para o professor, a liderança sofre de inúmeras carências. Falta a ela uma gestão mais aprofundada do conhecimento, o aprimoramento da comunicação, a descentralização dos processos e o entendimento de tarefas. Inclui-se aí o fato de a liderança não querer ensinar e preparar as soft skills das novas gerações. “Falta liderança educadora. A palavra gestor vem de gestação, que significa gerir e cuidar. Essa é sua obrigação”, diz Rivani.

“Falta liderança educadora. A palavra gestor vem de gestação, que significa gerir e cuidar. Essa é sua obrigação”

E 2025 vai chegar com as novas gerações muito afiadas nas hard skills, as com soft skills falhas. E isso tem a ver com a síndrome do filho único – a média mundial de filhos por casal é de 1,17 – e do mundo repleto de pessoas cada vez mais individualizadas, com dificuldade de viver em equipe.

 

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Nesse quesito, Silvia Martins, gerente sênior da PwC Brasil, lembra das novas gerações que selecionam as empresas onde irão trabalhar de acordo com seu olhar como consumidores. Por conta desse olhar, uma tendência é aprimorar a experiência do candidato no processo seletivo. Esse movimento já inclui até o uso de realidade virtual para atrair as novas gerações para o ambiente de trabalho onde elas serão inseridas.

 

 

Harmonia e aprendizado

 

 

No momento em que até cinco gerações dividem o mesmo ambiente de trabalho, é papel do líder promover a harmonia entre todos eles. Enquanto os mais jovens preferem as mensagens instantâneas, os mais velhos gostam do telefone e do olho no olho. O perfil de aprendizado das novas gerações é rápido e é papel da liderança estar preparado para isso.

 

 

A diversidade também é um grande desafio para os líderes, que precisam se preparar para atrair e desenvolver os opostos e administrar as diferenças. “Olhar o diverso é uma forma de complemento”, explica Silvia. Em tempos de altos índices de Burnout, a expressão bem estar chega a 2020 com força, e também como um dos grandes obstáculos da liderança que precisa, ao mesmo tempo,  exigir resultados e assegurar a saúde mental de seus colaboradores.

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Presente em tudo, a tecnologia ganha relevância dentro das organizações que pedem maturidade da liderança para estimular a troca entre os colaboradores e a valorização do conhecimento das novas gerações. Poliana Abreu, diretora de conteúdo, parceria e marketing na HSM e SingularityU, defende o olhar da liderança para a era do digital e das tecnologias exponenciais. “Como não temos tempo hábil para aprender tudo, a liderança precisa ser mais compartilhada e coletiva”, defende Poliana.

“Como não temos tempo hábil para aprender tudo, a liderança precisa ser mais compartilhada e coletiva”

O papel do líder, hoje, é formar novos líderes. E isso inclui se auto-avaliar, aprender e reaprender. “É preciso aprender a se reciclar.” E como se faz isso: Poliana recomenda a participação em programas de educação corporativa com foco na liderança. E também sugere atenção à curadoria de conteúdo a se consumir.

 

 

Para aprender de forma não linear, ela lembra que não é preciso mais estar em uma sala de aula. O caminho é aprender ao longo da vida, online e offline.

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