Como preparar talentos de diferentes gerações para o mundo sustentável e tecnológico?

Na primeira edição do IT Forum na Mata RH, acadêmica revela lições importantes para lidar com diferentes gerações

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9:32 am - 30 de setembro de 2024
Vera Goulart, diretora acadêmica e líder pedagógica da SPTech (Imagem: Divulgação)

A geração Millennial representa hoje 50% da força de trabalho, e somada à Geração Z, chega a 75%. Essas gerações valorizam propósito, flexibilidade e qualidade de vida — aspectos que não eram tão enfatizados anteriormente. A observação é de Vera Goulart, diretora acadêmica da SP Tech, que abriu a primeira edição da Jornada Itaqui RH, que acontece nos dias 29 e 30 de setembro, no Distrito Itaqui, distrito verde de inovação, e reúne líderes de RH.

Ela destacou que, apesar das diferenças aparentes, as gerações compartilham semelhanças fundamentais. “As gerações são iguais; o que muda é a forma como se expressam. A geração X não falava sobre certas questões, enquanto Millennials e Z abordam abertamente temas como equilíbrio e qualidade de vida”, observa.

Um ponto crucial abordado por ela nessa discussão foi a mudança na “âncora de carreira”. Segundo Vera, na SP Tech, houve uma transição notável desde 2017 na SP Tech: “Antes, o propósito era a principal âncora de carreira. Agora, a qualidade de vida assumiu esse papel”.

Três fatores que influenciam as gerações

Vera ressaltou três fatores que influenciam as gerações e como isso impacta no mercado de trabalho.

1. Parentalidade

Estamos na era dos pais helicópteros, que superprotegem os filhos e interferem em todas as relações. Esses jovens chegam ao mercado de trabalho sem saber lidar com desafios reais. “Eles descobrem que não são ‘essa Coca-Cola toda’, porque o mercado não os trata da mesma forma que seus pais”, assina Vera.

Nesse cenário, ela enfatizou a necessidade de formação socioemocional. “Ninguém deu a eles a base e orientação necessárias. Há uma forte influência parental que impacta seu desenvolvimento profissional”, revela.

2. Redes Sociais

Vera comparou o efeito das redes sociais ao dos jogos, drogas e álcool, devido à liberação de dopamina. “Os adolescentes não pertencem a lugar nenhum. Não aprenderam a construir uma identidade coletiva. Buscam aprovação de pares e referências externas constantemente”, explicou.

3. Era do instantâneo

“Vivemos em um mundo onde tudo é imediato. Aplicativos para namoro, entrega de comida — tudo ao alcance de um clique. Isso gera a necessidade de criar impacto imediato. Eles não veem a montanha, apenas o topo”, comentou.

Segundo ela, essa falta de treino de autocontrole faz com que os jovens queiram fazer apenas o que gostam, sem compreender o processo necessário para alcançar objetivos.

Influências e o papel das lideranças

Vera destacou a influência dos pais, da educação e das lideranças no desenvolvimento dos jovens profissionais. “Precisamos dar a eles o que precisam, não o que querem. São tratados como gênios, mas muitas vezes não sabem o que fazer ou o que é esperado deles”, alertou.

Ela também questionou como as empresas podem aproveitar o potencial criativo e inovador dessa geração para promover soluções sustentáveis. “Estamos recebendo uma turma com lacunas na formação, em um cenário ambiental e social sério. Como vamos usar essa criatividade para entregar soluções sustentáveis? Qual é o papel da área de pessoas nisso?”, indagou.

Três questões para as empresas ficarem de olho

Vera aproveitou para refletir que cabem aos líderes direcionarem essa nova geração para que possam contribuir efetivamente com um mundo mais sustentável e tecnológico, e listou três passos para chegar lá:

1. Preparo e formação da liderança

“Essa geração precisa saber se está no caminho certo. A liderança precisa trabalhar junto para definir o caminho a seguir. Mas muitas lideranças não foram treinadas para pensar de forma sustentável”, observou.

2. Estourar as bolhas

“Focamos nas minorias quando deveríamos focar nas maiorias. Estamos conscientes da inclusão de mulheres, negros, mas não falamos do social, que é a maioria. Sua empresa entende se sua liderança veio das classes C e D, por exemplo”, questionou.

3. Propósito verdadeiro

O propósito funciona, mas precisa ser autêntico e gerar impacto real por meio das ações do jovem. Muitos falam em causar impacto e ter propósito, mas não sabem responder qual é seu sonho. “Se não têm um propósito definido, que pelo menos encontrem sentido no que fazem”, concluiu.

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Déborah Oliveira

Editora-chefe e diretora de Conteúdo do IT Forum, Déborah Oliveira é jornalista com mais de 17 anos de experiência na área de TI. Tem passagens pelas redações da Computerworld, CIO e IDG Now!. Bacharel em Jornalismo, com graduação executiva em Marketing, e MBA em Marketing. Em 2018, foi vencedora do prêmio de melhor Jornalista de TI no Brasil, do Cecom. Em 2019 e 2020, foi destaque do mesmo prêmio na categoria Telecom. É uma das autoras do livro “Da Informática à Tecnologia da Informação – Jornalistas Contam Suas Histórias”, pela editora Reality Books, lançado em 2020.

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