O fim dos boletos sem registros ainda está sendo pouco discutido pelos empresários, sejam eles autônomos ou de grandes marcas. Poucos já perceberam o impacto real que isso vai – e já está causando – na lucratividade de seus negócios. Antes, um boleto que antes custava de R$ 3,00 a R$ 5,00 pode chegar a R$ 20, dependendo do banco e do volume. Se essa novidade impacta diretamente as empresas brasileiras de qualquer segmento, no nicho do e-commerce, que oferece o boleto como forma de pagamento, a mudança muito mais significativa.
Mas, qual o motivo dessa medida anunciada pela Febraban – Federação Brasileira de Bancos? Primeiro, é preciso entender como funciona o boleto bancário. O boleto como conhecemos hoje surgiu na década de 1990, para facilitar que pessoas sem qualquer conhecimento pudessem entrar no banco e cumprir a fatura das empresas. Ele é um código de barras com quatro áreas: banco, carteira, número de identificação para empresa e valor e data de vencimento. Com o avanço da tecnologia e da malandragem de muitos, o que se descobriu é que qualquer um poderia alterar esses dados, sem que o banco se desse conta.
As fraudes foram parar na justiça, que passou a dar ganho de causa para o usuário fraudado devido ao código de defesa do consumidor. E o banco? O banco então deveria arcar com os custos. Claro que ninguém quer perder dinheiro, muito menos os bancos. Por isso, eles passaram a ser mais rigorosos quanto à identificação do pagamento. O banco só depositará o valor na conta das empresas/clientes quando esses avisarem que o boleto foi criado, identificando o CPF/CNPJ de quem vai pagar, o valor e a data de vencimento. Aí surgiu o chamado boleto registrado. Ou seja, o boleto com registro nada mais é que o mesmo sistema, mas, que para ser compensado, o banco exige saber quem vai pagar aquele código de barras, antes de depositar o valor na conta.
Voltamos, então, ao problema inicial: “e eu com isso”? Bem, tirando o fato de que a cobrança aumenta e muito o valor por cada boleto emitido, os próprios sistemas não estão prontos para primeiro criar no banco, depois baixar o código e só posteriormente criar o boleto e enviar. Quem emite cobranças por boletos, por exemplo, está em uma sinuca de bico: ou paga mais caro ou precisa adequar todo o seu sistema de pagamento. E nada disso sairia barato.
Para manter a lucratividade do seu negócio, o empreendedor precisa se antecipar ao prazo dado pela Febraban – com início em março de 2017 – e encontrar uma solução que caiba no seu bolso. Entre as opções disponíveis no mercado, é importante priorizar sistemas que permitam o recebimento por boleto pago, devidamente registrados no banco e sem custo algum por aqueles emitidos que não forem recebidos ou pagos.
Gostando ou não da medida, todos terão que se adequar a essa nova situação. Com isso, nem os bancos saem perdendo, nem os empresários. Se você se identificou com esse problema a dica é: não faça como a maioria dos brasileiros e deixe para resolver isso em cima da hora. Muitos bancos já estão agindo e dificultando a cobrança por boletos sem registro. É nessa hora que eu espero que você tenha entendido que isso tem tudo a ver com você.
(*) Piero Contezini é CEO e cofundador da fintech Asaas
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