Por que gigantes da tecnologia norte-americanas estão apostando na África?

A forma de grandes empresas negociarem na África mudou. Antes, o país era conhecido como destino para atividades relacionadas a construção de escolas e plantio de árvores. Mas, agora, o continente é buscado para investimentos de escolha de gigantes da tecnologia dos Estados Unidos.
Quando a Microsoft foi fundada em 1975, a Nigéria vivia a ditadura e Portugal ainda tinha colônias africanas em Moçambique e Angola. Agora, a estratégia de mobile-first na África faz do país uma das sete das 11 economias que mais crescem no mundo, e companhias como Microsoft, Google e Facebook estão lutando por um pedaço desse mercado em expansão.
Há três anos, a Microsoft lançou iniciativa, com investimento de US$ 75 milhões, batizada de 4Afrika, para tentar se posicionar diante do salto do continente. De seus mais de 20 escritórios em toda a África, a empresa tem executado uma série de ações destinadas a garantir um grande mercado para a empresa.
“Com sua grande população jovem, a África é um mercado em crescimento e ávida por investimentos. A computação em nuvem está no núcleo da empresa, no coração de tudo que fazemos”, disse Amrote Abdella, diretor regional da iniciativa 4Afrika.
Com uma combinação de crescimento em dispositivos móveis, redução de custos com banda larga e mais fabricantes locais e internacionais com oferta variada de serviços, a África está em boa posição para prosperar na transformação digital. Para Amrote, com o acesso generalizado à tecnologia e desenvolvimento de competências, não há nada que deve segurar a África nesse momento.
Colaboração e conectividade
O acesso generalizado à conectividade é questão-chave quando se trata de África, e gigantes de tecnologia dos EUA estão se concentrando nesse ponto. Estima-se que 26,5% dos africanos estão conectados à internet, número que, obviamente, precisa ser ampliado uma vez que consumidores estão em busca de produtos e serviços fornecidos por nomes como Microsoft, Google e Facebook.
Uma série de iniciativas está em andamento para acelerar o crescimento da conectividade na África. O Google lançou o Project Link em uma tentativa de levar para o país internet mais rápida e confiável. A empresa lançou uma rede de fibra em Kampala, Uganda, e fará o mesmo em Gana.
“O acesso à internet é fundamental para fazer negócios e conectividade está indelevelmente amarrado em isso”, avaliou Mich Atagana, chefe de comunicações e assuntos públicos do Google África do Sul.
A Microsoft também tem investido em tecnologia branca – que utiliza o espectro de radiofrequências não utilizado para fornecer conectividade Wi-Fi a um custo mais barato. O serviço foi lançado em redes comerciais com empresas locais em Gana, África do Sul e Quênia.
“Acesso à banda larga de baixo custo é crucial para ajudar a África a realizar todas suas oportunidades, além de impactar positivamente na educação, saúde, agricultura, governo, serviços financeiros e varejo”, disse Amrote.
O Facebook, que tem 120 milhões de usuários na África abriu seu primeiro escritório em Joanesburgo recentemente, também está olhando para incentivar a adoção de serviços de internet por meio do Free Basics. O serviço gratuito Basics oferece acesso zero-rating a serviços como BBC, Facebook e outros serviços básicos on-line.
Levar pessoas para o mundo on-line é apenas uma parte da estratégia. Apoiar o desenvolvimento de empresas no continente, o que por sua vez irá ajudar a criar riqueza e tornar moradores futuros clientes é fundamental.
Amrote disse que a Microsoft tem trabalhado para levar companhias africanas para o universo on-line pela primeira vez, e, em linha com esse objetivo, está fornecendo produtos como seu portal Biz4Afrika, academia virtual e kit de ferramentas para incentivar o crescimento das PME. “Nas PME, há oportunidades para jovens empresários e inovadores crescer, criar riqueza e oportunidades de trabalho para o continente”, aponta.
Atagana, do Google, relatou que a organização estava se concentrando na promoção de competências digitais para incentivar o desenvolvimento de empresas de base tecnológica, que, por sua vez, provavelmente, tornam-se usuários de produtos do Google.
Em abril, a gigante anunciou seu compromisso de treinar 1 milhão de africanos para agregar competências digitais durante o próximo ano, com o seu programa Digify em parceria com Livity África oferecendo cursos gratuitos. “A ideia é melhorar as competências das pessoas, para que possam aumentar suas chances de conquistar um emprego ou iniciar seus negócios”, disse Atagana.
O Facebook segue caminho semelhante, tanto por meio de um desafio de inovação destinado a apoiar startups de tecnologia, e outra trilha focada em produtos para ajudar empresas a crescer usando mídia social.