PL da IA tem texto genérico e restritivo, afirma entidade digital

Camara-e.net criticou texto da PL por criar "insegurança jurídica" que pode afastar investimentos em IA no país

Author Photo
3:26 pm - 13 de junho de 2024
Imagem: Shutterstock

A Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net) classificou como “genérico” e “restritivo” o PL nº 2338/2023, que tem o objetivo de regular o uso de Inteligência Artificial (IA) no Brasil. A associação, que representa empresas do ecossistema digital, criticou a redação do texto e por criar uma “insegurança jurídica” que pode afastar investimentos relacionados à tecnologia no país.

Leia mais: Mais de mil startups da América Latina empregam IA, aponta Distrito

A organização, que divulgou uma nota sobre o tema nesta quarta-feira (12), reconheceu que o texto já alcançou melhorias em relação à sua redação original. Ainda assim, pontua ser necessário realizar melhorias ao projeto, com o objetivo de construir uma “regulação equilibrada”, que assegure os direitos dos cidadãos brasileiros, sem “engessar a inovação”.

Confira abaixo os pontos mais críticos levantados pela camara-e.net:

Insegurança Jurídica: Segundo a organização, o texto é “genérico em diversos pontos”, terceiriza ao Poder Executivo a definição de questões críticas e posterga decisões importantes sobre governança regulatória, demonstrando “a pouca maturidade para a tomada de decisões que repercutem sobre toda a economia nacional”.

Inspiração no modelo Europeu e Aventura Regulatória: Aplicável a virtualmente todas as áreas da economia brasileira, o PL também se “apresenta como mais gravoso do que a norma europeia (notoriamente rigorosa)”, segundo o órgão. “Sem considerar que a indústria e a economia europeias são profundamente diferentes da realidade brasileira e a norma europeia sequer foi testada na prática, logo seus efeitos (de curto, médio e longo prazo) não são conhecidos, nem previsíveis. Na prática, o Brasil terá a regulação de IA mais restritiva do mundo, inclusive proibindo soluções de IA generativa”, escreveu a câmara.

Consequências negativas: Além disso, disse o órgão, o texto “cria uma regulação desproporcional que tira o Brasil do mercado de desenvolvimento de IA ao propor regras que são irrealistas em relação às características dessa tecnologia; desestimula o fornecimento de serviços e produtos baseados em IA no Brasil; dificulta o surgimento de novas empresas e o desenvolvimento do setor devido às altas exigências; desincentiva empresas estrangeiras a aplicar suas tecnologias no país, impedindo que soluções de IA desenvolvidas fora do Brasil sejam oferecidas à população brasileira; e pode fazer com que negócios focados em IA desapareçam.”

A entidade afirmou ainda defender um debate “técnico e robusto” que envolva múltiplos atores do ecossistemas e da cadeia de desenvolvimento de IA, incluindo usuários.

Por fim, o texto pontua que o tema exige uma abordagem regulatória ponderada, que promova um ambiente favorável para que o Brasil se destaque na cadeia de criação e fornecimento de tecnologia baseadas em IA, estimulando a inovação e a competição, assim como o surgimento de novas empresas, startups, produtos e serviços.

“A entidade reforça que para alcançar esse resultado, é determinante uma regulação que cuidadosamente balanceie as obrigações impostas, com um grau adequado de proteção aos usuários, possibilitando que o custo regulatório para instalar e ampliar negócios no país seja compatível com a realidade nacional e garanta o acesso dos brasileiros às novas tecnologias”, escreveu a entidade.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias! 

Author Photo
Redação

A redação contempla textos de caráter informativo produzidos pela equipe de jornalistas do IT Forum.

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.