Poucas posições do mundo corporativo têm sido tão desafiadas quanto a do CIO, por uma enorme variedade de razões. A principal delas é a transformação pela qual a tecnologia da informação passou nos últimos anos, deixando de ser simplesmente uma atividade de suporte para tornar-se estratégica, quando não o cerne de uma empresa.
E quando ela se torna elemento central, raramente o CIO tem 100% do controle sobre o setor. Ao mesmo tempo, muitas áreas passaram a utilizar-se de TI de forma inovadora, demandando um número crescente de recursos de toda ordem. Essas demandas e o necessário controle de parte da tecnologia em áreas de negócios têm transformado o papel do CIO de modo quase inexorável.
Grande parte das pressões vem das áreas de marketing e vendas. Em 2012, Laura McLellan, vice-presidente de pesquisas do Gartner, previu que em 2017 os Chief Marketing Officers (CMOs) estarão gastando mais em tecnologia do que seus colegas CIOs. A explicação para isso é que o marketing está cada vez mais alicerçado em tecnologia: desde a aplicação e processamento de pesquisas até a geração e publicação de campanhas em redes sociais.
Por meio de plataformas digitais extremamente complexas, as ferramentas de marketing estão mais do que nunca baseadas em computação pura e simples. A tendência e tão forte que já está nascendo um novo executivo, o Chief Marketing Technologist, responsável pela administração das tecnologias destinadas a auxiliarem o marketing a alcançar seus objetivos.
Nada disso significa, porém, que o CIO deixará de existir. Muito pelo contrário: ele será cada vez mais necessário para administrar qualidade e quantidade de demandas de equipamentos e dispositivos, licenças de aplicativos, linhas, conexões, telefonias fixa, móvel e IP, manutenção, atualização, suporte, contratos de nuvem e tantos outros detalhes que estão nos bastidores, para que a empresa seja bem-sucedida nos fechamentos de todos os meses. As aplicações desses itens podem ser as mais variadas possíveis, mas todos eles precisam ser encarados do ponto de vista administrativo e de negócios, porque ao final de cada mês todos representam custos e há uma conta para pagar.
Numa grande corporação, por mais que funcionários de todos os níveis sejam cuidadosos e dedicados, sempre haverá perdas sob a forma de ociosidade ou uso inadequado de equipamentos, dispositivos, licenças e outras coisas do gênero. Se um funcionário deixa a empresa, quem verificará se as licenças que ele utilizava para trabalhar continuam sendo necessárias? Normalmente a resposta é “ninguém”. Apesar disso, elas continuarão sendo pagas. E entre os que continuam na empresa, quantos utilizam as conexões de dados para fins pessoais e não apenas corporativos?
Há um número virtualmente infinito de perguntas desse tipo, que podem causar desconforto a muitos funcionários, mas elas nos ajudam a compreender as dimensões das responsabilidades do CIO. Outras funções executivas irão surgir, novos dispositivos e tecnologias aparecerão, mas é provável que o CIO e sua equipe continuem com a palavra final sobre o custo e o benefício de cada tecnologia.
*Pedro Silveira é gerente de marketing da Tangoe Brasil