Oracle quer liderança no mercado de cloud

A Oracle está empenhada em tornar-se a fabricante número um em cloud computing em todo o mundo. Para conquistar esse objetivo e reforçar sua oferta, a empresa anunciou uma série de soluções no Oracle OpenWorld 2014, evento anual realizado pela empresa em
San Francisco (EUA), e nos últimos quatro anos dobrou sua força de vendas globalmente.
A todo momento, o discurso dos executivos no evento bate na tecla de que a fabricante é a única que oferece nuvem em todas as camadas: software como serviço (SaaS), plataforma como serviço (PaaS) e infraestrutura como serviço (IaaS).
“Temos a maior família de produtos em SaaS, com 173 novas aplicações somente neste ano. Somos o único com a maior suíte de soluções na nuvem”, afirma Mark Hurd, CEO da Oracle. Segundo ele, o mercado está de braços abertos para a nuvem e as oportunidades são enormes.
Para Luiz Meisler, vice-presidente-executivo Oracle para a América Latina, a primeira opção das empresas deveria ser cloud. “Em vez de focar na parte que traz menor valor agregado, que é a infraestrutura, elas deveriam preocupar-se em inovar, usar TI como plataforma de inovação”, observa.
A inovação, segundo Hurd, é necessária em razão do atual cenário tecnológico das empresas, repleto de soluções legadas. Ele lembra que, hoje, as aplicações das organizações têm mais de 20 anos, sendo 75% delas customizadas. Isso implica em um gasto de 80% do orçamento de TI com manutenção.
De 25% a 30% do tempo das companhias é consumido com desenvolvendo e teste de aplicações. Além disso, os budgets estão cada vez mais enxutos, muitas vezes insuficiente para renovar todo o legado. “É preciso modernizar para sobreviver. O trabalho do CIO é duro. Ele tem sofrido pressões de todos os lados e, especialmente, do CEO para inovar. Então, como fazer isso? Com cloud”, responde.
Mas as empresas na América Latina, especialmente no Brasil, estão preparadas para essa mudança? De acordo com Hurd, sim. “A América Latina é agressiva na adoção de cloud. Nosso crescimento em SaaS é fantástico e investimos muito no Brasil em recursos e em nossa estratégia”, observou durante coletiva de imprensa com jornalistas de todo o mundo. O Brasil hoje, de acordo com Meisler, representa 45% dos negócios da Oracle na região.
Cyro Diehl, presidente da Oracle no Brasil, relata que em 2014, mesmo com eventos como a Copa e as Eleições, a expansão da empresa já é a maior da história. Coincidência ou não, nos últimos meses, a Oracle no Brasil promoveu cerca de oito diretores com pouco mais de 30 anos. “Também compramos muitas empresas, aumentamos o portfólio e investimos em cloud.”
Oportunidade para PMEs
O presidente da Oracle Brasil lembra que cloud permite o crescimento acelerado de pequenas e médias empresas (PMEs). A companhia afirma ter 50% de penetração nas PMEs na América Latina, que são atingidas por meio dos mais de 2 mil canais na região.
Ele conta que, diferentemente de outras empresas, a Oracle desenhou suas soluções de cloud para serem utilizadas das pequenas às grandes. “Na nuvem, a vantagem é por quantidade e não preço. Por isso, a solução nesse formato é totalmente acessível para as menores”, diz. E em um mundo de tantas clouds, o executivo acredita que as empresas não vão direcionar esforços para ter muitas nuvens. “Não acredito que elas coloquem vários processos em várias nuvens. Isso é arriscado. As empresas terão de fazer tudo integrado”, observa.
Embora a oferta da Oracle também se aplique às PMEs, o mercado ainda enxerga a empresa como uma opção somente para as grandes. Diehl reconhece que esse é um desafio, mas que tem sido superado. “Investimos na evangelização da nossa cadeia para mudar o cenário”, pontua. ‘Uma empresa de US$ 50 bilhões não investiria em algo que não crescesse”, conta.
Na corrida pelo topo do ranking em cloud, empresas que nasceram com o DNA nesse universo, como a Salesforce, certamente levam vantagem. Mas Diehl está otimista. Ele diz não saber quem vai ganhar, mas que a Oracle está preparada, algo que exigiu mudanças culturais interna e externa.
Internamente, a empresa tem promovido interações constantes entre as áreas todas as semanas para levar conhecimento de cloud e outros temas relevantes, algo no formato “sobe no caixote”. “Além de mudar a cultura, temos de mudar a maneira de interagir. Tenho de me relacionar com muitas áreas e por isso a necessidade por evangelizar”, pontua.
* A jornalista viajou para San Francisco (EUA) a convite da Oracle