A Inteligência Artifical vai mudar a forma como os seres humanos pensam e atuam no trabalho,
no conceito mais profundo de ocupação profissional. Mas, na opinião de Ricardo
Basaglia, diretor executivo da Page Personnel, consultoria de
recrutamento especializada em cargos técnicos e de suporte à gestão,
pertencente ao PageGroup Brasil, não podemos
confundir a substituição de tarefas com a invalidação da mente humana.
No
futuro, o desenvolvimento de carreiras passará pela aquisição de
diversas habilidades, cada vez mais diversas e interconectadas, para que
as pessoas saibam mediar, corrigir e suprir as brechas dos meios
tecnológicos”, alerta o executivo.
Confira
a lista com oito mitos e verdades sobre os impactos da inteligência
artificial para o futuro do trabalho e das carreiras, analisadas por
Ricardo Basaglia.
1º MITO: A inteligência artificial vai substituir os gestores?
É
fato que há pouco tempo os gestores detinham o conhecimento mais
valioso, em partes específicas, dentro de um negócio. Hoje, os sistemas
detêm mais informações, dados e capacidade de processamento do que
qualquer um de nós. Porém, não é razoável pensarmos que as qualidades da
mente humana serão automatizadas ao ponto de toda a cadeia de trabalho
prescindir de virtudes exclusivamente humanas: empatia, altruísmo,
sensibilidade para distribuição de responsabilidades, entre outras.
Mesmo em setores que já estão sofrendo imenso impacto tecnológico, como o
varejo e as indústrias, é ilógico imaginar modelos de gestão
independentes do fator humano, apesar do crescimento exponencial da IA.
Podemos admitir que no futuro boa parte da força humana seja obrigada a
assumir habilidades de gestão, até mesmo em seu dia a dia, pensando na
hipótese da IA ter dominado as tarefas mais físicas e operacionais dos
negócios. Portanto, não há como substituir um gestor.
1ª
VERDADE: A inteligência artificial será capaz de determinar o quanto
uma empresa/comércio/empreendimento será competitivo no mercado?
Sim,
e isso independe do segmento de mercado. A IA será determinante para o
sucesso dos negócios, mesmo que não possa substituir ou automatizar
processos. Em algum momento, ela será preponderante para a finalização
de uma compra, troca de um produto, escolha de serviços e até para a
manutenção de algo que não foi bem-sucedido. Neste ponto, não haverá
outra alternativa para empresas a não ser compreender a inovação e quais
serão as brechas que a IA não poderá suprir, e partir daí, buscar o
reforço do fator humano.
2º MITO: IA já é mais criativa que o cérebro humano?
Resumidamente, os
extraordinários avanços da neurociência nos mostram que ainda estamos
longe de compreender alguns mistérios do cérebro humano, entre eles, a
nossa incrível capacidade de criar, destruir e refinar ideias, ou seja, o
que chamamos de criatividade. A IA é mais competente do que nós em
tarefas de análise, organização e até resolução de alguns problemas, mas
ainda não é capaz de melhorar a si mesma, em diversos campos, e
aprender coisas novas sem informações prévias. Grandes empresas já estão
trabalhando na chamada ‘deep learning’ (aprendizagem profunda), um dos
mais promissores campos da IA, que pretende fazer dos sistemas entidades
capazes de aprender evolutivamente. Mas, ainda não é possível, e talvez
nunca será, eliminar o fator humano, entre outros pontos, da própria
avaliação de progresso dessa disciplina tecnológica.
2ª
VERDADE: Existem estudos, isentos da especulação, sobre a expectativa
de eliminação de empregos na sociedade, em médio prazo?
Sim,
o Banco Mundial acredita que a IA vai eliminar até 65% das modalidades
de trabalhos existentes hoje nos países em desenvolvimento e o Brasil
está incluso. Ainda não há prazo determinado para que isso ocorra.
Aliás, a própria entidade, em recente comunicado, alertou que novas
vagas são surgir. Teremos o desafio de entender como as empresas vão
reinventar a noção de carreira, onde os seres humanos poderão investir
tempo e aprendizado para se desenvolverem e conquistar reconhecimento
dentro uma mesma instituição, projeto ou iniciativa.
3º MITO: A robótica será capaz de substituir humanos em todas as atividades complexas?
“Não.
Temos o admirável exemplo da computação cognitiva, dos robôs que podem
administrar procedimentos cirúrgicos e até reger orquestras mas, em
primeiro lugar, a substituição completa do fator humano só seria
possível se a oferta de robôs fosse barata e acessível em larga escala.
E, fora dos extremismos tecnológicos, esse não é o horizonte. Os
exemplos acima são categóricos, mas temos que pensar que a robótica é
uma tecnologia onerosa, rodeada de problemas ainda não aferidos e
vulnerável às políticas de proteção. No mundo real ninguém pode afirmar
que a robótica poderá eliminar todas as formas de trabalho e as carreias
dos seres humanos. Hoje, e por algum tempo, essa possibilidade não é
razoável.
3º
VERDADE: Inteligência Artificial pode ajudar pequenas e médias empresas
a conseguirem novos clientes ao identificar oportunidades com mais
chance de fechar negócio?
Sim
e aliás cabe um rápido parêntese: a IA não será um recurso exclusivo de
grandes corporações, pelo contrário, ela fará parte de momentos
triviais da vida de todos nós e poderá ser drasticamente influenciada
por pessoas distantes do radar das empresas e até das universidades.
Voltando ao tema, as redes de e-commerce já estão nesse caminho. Em
breve, pequenos negócios também terão a IA como aliada para interpretar
opções de compras e o histórico de preferências de seus clientes, sem
falar nos recursos de reposição de estoque e compra inteligente, frutos
de avanços já consumados da IA.
4º MITO: A IA vai substituir humanos em áreas como vendas, atendimento ao cliente, operações e marketing digital?
É
inegável que estes campos sofrerão enormes impactos, ao lado da
indústria de modo geral. Porém, mesmo que a IA consiga substituir seres
humanos em todas as etapas das áreas citadas, temos que fazer uma
simples pergunta: este é o desejável? Certamente, não. O atendimento ao
cliente é o melhor exemplo, pois trata-se de algo de simples execução. É
saudável robotizar a interação clientes/empresas e pessoas/serviços?
Não. O marketing digital, fortemente influenciado pela IA, não é capaz
de iniciar uma campanha, de criar personagens e roteiros sobre marcas e
pessoas. O mesmo vale para vendas e operações. A IA forçará a
qualificação do fator humano, mas não podemos pensar na completa
substituição.
4º
VERDADE: A IA vai revolucionar carreiras historicamente associadas à
subjetividade humana, em campos como Educação, Medicina, Direito e
Psicologia?
Sim,
e isso está confundindo um pouco a opinião pública. A Educação ganhou o
componente do EAD (ensino à distância), uma ferramenta de auxílio,
poderosíssima, mas complementar, pois não pode eliminar a figura central
do professor. Pode ajudar a enxugar estruturas de ensino, mas ainda
assim os docentes são de extrema importância. Já existirem cursos
ministrados por um software de inteligência artificial, mas são
orientados por pessoas, e não apenas baseados em algoritmos. A Medicina
Preventiva receberá milhões em investimento, pois a capacidade da IA em
diagnosticar possíveis doenças e oferecer opções é muito superior à
humana, o que também não invalida a figura do médico ou profissional da
saúde. O mesmo ocorre com o Direito onde programas serão capazes de
consultar leis, normas e novas regulações. É insensato achar que a
figura do advogado vai desaparecer. Não é por aí. Esses campos, ao lado
da Engenharia, compuseram por muito tempo parte da imagem clássica da
formação acadêmica, das opções que asseguravam uma boa chance de
carreira e estabilidade. Talvez isso mude, mas não haverá a eliminação
nem dos profissionais e nem das oportunidades, seja pela enorme demanda
ou pela essência por trás desses segmentos.
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