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Nuvem e big data surgem no horizonte da Gol

Quando assumiu a posição CIO da Gol Linhas Aéreas, no início de 2012, Paulo Palaia se deparou com um ambiente complexo, no qual rodavam 140 sistemas pouco integrados. Do total, 13 deles eram considerados de altíssima complexidade e impacto direto na operação, venda e relacionamento com clientes da companhia. 

Esse cenário construiu-se do histórico de expansão inorgânica pelo qual passou a empresa, que também incorporou a Varig e incorporou tecnologias sem aplicar um processo mais rigoroso na transição. 

Uma de suas primeiras medidas à frente da TI da companhia aérea contemplou processo para desfazer esses nós. Isso considerou um projeto de envolvendo SOA (sigla em inglês para arquitetura orientada a serviços) e middleware Oracle.

O projeto avançou e deu fôlego aos trabalhos. “À medida que fazemos a integração desses sistemas, outros horizontes se abrem”, comenta o CIO, vendo possibilidades de redução de pontos de falha e eliminação do retrabalho. 

“Temos hoje 40 fornecedores de TI. É muita coisa”, dimensiona o executivo, citando a meta de reduzir drasticamente no número de sistemas até 2020. “Daqueles 13 [sistemas de altíssima complexidade] queremos ter, na melhor das hipóteses, dois grandes sistemas e, na pior das hipóteses, quatro”. É aí que entra um projeto de substituição de um ERP da Oracle por um da SAP. 

Na entrevista a seguir, Palaia revela o que moveu o departamento de tecnologia da Gol ao longo do último ano, compartilhou sua visão sobre temas como computação em nuvem e big data (que figuram no radar da companhia) e apontou qual a expectativa para 2015. 

CIO Brasil – A Gol está em meio a um projeto de troca de ERP. Como isso tem andado?

Paulo Palaia – Quando cheguei existia o projeto para fazermos um upgrade técnico para a versão 12 do Oracle. Interrompemos esse projeto, que era avaliado R$ 2,4 milhões, pois o sistema tinha 1088 customizações. Quando faríamos a atualização, pela arquitetura construída no passado, percebemos que obrigatoriamente seria necessário desenvolver todas essas customizações novamente. Como ainda estávamos em estágio de assessment, o projeto foi suspenso, a equipe desfeita e realizamos um trabalho de revisão de processos de retaguarda na empresa. Chegou-se a conclusão de que valeria fazer uma reimplantação do Oracle do zero. Nisso, fizemos uma avaliação do sistema da SAP e concluímos que era uma ferramenta mais aderente aos nossos processos. Foi uma decisão técnica feita por todo time da empresa e envolvendo áreas de negócio. 

CIO Brasil – Pela descrição, parece que nos últimos meses os esforços se concentraram primeiramente em “arrumar a casa”. É isso?

Palaia – Mais ou menos. Fizemos coisas que podem significar arrumar a casa e colocamos bastante coisa no ar, pois tínhamos muitos problemas de infraestrutura, telecom, data center. Foi necessário fazer esse trabalho. Mas é importante ressaltar que em agosto de 2012, a TI da Gol mudou seu posicionamento. Até então, a estratégia era buscar soluções prontas para cada uma das necessidades que tínhamos. Depois de agosto de 2012, adotamos a posição de que todas as aplicações que são ponto de contato com o cliente [quiosque, mobile, tecnologia de gate] teria especificação, construção e códigos fontes da Gol. Não usaríamos uma solução de mercado. Dois anos depois, essa iniciativa se mostrou um sucesso porque se você olhar os serviços que os concorrentes oferecem para o cliente, verá que o que oferecemos são disparado melhores. Para se ter uma ideia, nosso site é um dos maiores e-commerce em volume financeiro transacionado [algo como R$ 4,5 bilhões] e tem uma conversa de vendas altíssima, na casa dos 7 a 10%. Isso mostra que arrumamos a TI mas também conseguimos lançar algumas coisas bacanas tanto para os clientes internos quanto externos. 

CIO Brasil – O que há programado para 2015? Quais as prioridades?

Palaia – Só poderei falar quando conseguir transformar as ideias e o que temos estudado em algo mais tangível, aí vamos divulgar. O [novo] ERP é um projeto importantíssimo… 40% do meu tempo está aí. Os outros 60% são focados em trazer novidades. 

CIO Brasil – Como tem se comportado o budget do departamento de TI?

Palaia – O budget de TI está entre 1 e 2% do faturamento. 

CIO Brasil – Isso significa que quando a Gol cresce, os recursos para tecnologia também crescem?

Palaia – Todo ano desconstruímos o orçamento e reconstruímos do zero. Em 2012 reduzimos o orçamento de TI em 27%; em 2013, 22%; em 2014, 7% e 2015 reduzimos em 8%. 

CIO Brasil – Qual a mágica?

Palaia – Viemos constantemente fazendo orçamento base zero e buscamos sempre soluções criativas de baixo custo. Nos últimos anos, o que temos feito é neutralizar a correção de contratos, normalmente indexados ao IGPM (Índice Geral de Preços). 

CIO Brasil – Dentre os macrotemas que dominam os discursos do setor de tecnologia (cloud, big data e mobile), qual o que mais lhe agrada e por quê?

Palaia – Nuvem. Acho que é algo que já tem uma maturidade. Não vamos analisar se vamos ou não, mas quando iremos para cloud. Hoje, já temos uma experiência com o conceito que roda no Canadá toda parte de contingência para sistemas de venda e operação. Mas queremos extrapolar isso para nossos serviços. Por exemplo, os feirões de venda de passagem exige mobilização tão gigante para adicionar servidores extras que sempre precisamos nos preparar para uma rajada que vem. Estamos estudando [o conceito] fortemente também para esse tipo de aplicação junto a players nacionais e internacionais. 

[A companhia avança em soluções de mobilidade. Recentemente, a empresa lançou o aplicativo Colaborador Mobile que reúne ferramentas importantes para o dia a dia dos tripulantes em trânsito. O sistema permite, por exemplo, consultar a escala, tripulação escalada para os voos, acessar telefones úteis, as principais notícias internas da empresa e fazer solicitação de folgas.]

CIO Brasil – Esse caminho rumo à nuvem vale também para sistemas core?

Palaia – Não. O SAP não vai para nuvem, o sistema de reservas não vai para nuvem. Mas o site, que responde por 45% das nossas vendas, vai.

CIO Brasil – E a questão de big data?

Palaia – Pretendemos começar a estudar com bastante atenção a partir de março de 2015 – para fugir da alta temporada e do período em que estamos focados 100% na operação. É um conceito que faz total sentido, mas é questão de timing interno. 

 

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