UX é prioridade, mas também imenso desafio para empresas

Debate no IT Forum Trancoso demonstra prioridades e dilemas de grandes organizações para estabelecer cultura do ‘cliente no centro’

Author Photo
6:04 pm - 25 de abril de 2022

Pautar o desenvolvimento de novos produtos digitais – ou de digitalizar serviços antigos – por meio de conceitos de UX/CX já é uma constante nas grandes empresas. No entanto ainda há uma série de desafios, que vão desde a criação de uma nova cultura, passando por ter profissionais com visão de negócio até saber o momento certo de investir em determinada tendência tecnológica. 

Esse foi tema da sala “Experiência do cliente na prática”, realizada na sexta (22) durante o IT Forum Trancoso 2022. Participaram Cesar Augusto dos Santos, CIO da Claro; Charles Schweitzer, Head de Inovação do Banco Carrefour; e Renata Marques, CIO para a América Latina da Natura &Co. 

Para Renata, a cultura é o principal tema de preocupação da empresa de produtos cosméticos no que diz respeito a orientar a atuação em prol do cliente. E que, “no mundo ideal todo mundo tem mindset de TI e de negócios, mas ainda estamos caminhando”, ressaltou ela. “Passamos anos separando a área de negócios da de tecnologia. No futuro espero que tenhamos nos nossos times gente que tenha essa visão de negócios.” 

Leia mais: Tudo que aconteceu no IT Forum Trancoso

No caso da Natura, a jornada do consumidor é desenhada tendo em vista dois públicos: o cliente final e a consultora. “Buscamos entender cada passo de vida desses dois lados para trazer soluções”, disse a CIO. “Precisamos colocar a consultora e a cliente no centro, na lista de prioridades.” 

Segundo ela, a experiência mais “dolorida” é o pós-venda, pois é no fim da jornada de compra que se tem mais atritos com o consumidor. Por isso a empresa criou assistentes virtuais (ou bots) com personas de influenciadoras digitais – a Nat da Natura e a Bela da Avon. Elas dão dicas de beleza e tratam de assuntos diversos, mas também facilitam a interação com a empresa, reduzindo custos com suporte humano. 

Desafio das fusões 

Para o CIO da Claro, o maior desafio dos últimos anos ao tratar o tema da experiência do cliente e da cultura para inovação em uma empresa que se funde a outras com bastante frequência nos últimos anos. Afinal, como transformar a jornada da experiência do cliente quando se recebe grandes marcas como Nextel, NET, Embratel e, agora, parte da Oi? 

“Como você muda a experiência com tantos sistemas?”, questionou Santos. “Nosso desafio é cuidar da operação e ao mesmo tempo inovar. Mudar o mindset das pessoas para digitalização e transformação.” 

O desafio tem sido vencido aos poucos com um olhar focado nos produtos da operadora. Cada produto digital é repensado por squads que trabalham de modo ágil. A preparação para isso inclui um olhar sob perspectiva, considerando investimento e estrutura – seja de TI ou de capital humano – e aí surgiram produtos digitais considerados transformadores pelo executivo. 

“Criamos uma academia, trazendo para todas as pessoas da organização o conceito de como colocar o cliente no centro”, disse o executivo. “O desafio não está na tecnologia, está nas pessoas. A gente fala em disrupção, mas temos que falar de mindset. As pessoas têm que construir junto, e se não houver colaboração, vai falhar.” 

Bancarização e inovação 

No caso do Banco Carrefour, ligado ao grupo supermercadista francês, o grande objetivo é “bancalizar a população brasileira”. Para alcançar esse objetivo aprimorando a experiência dos clientes, são estimulados quatro tipos de inovação, segundo o head de inovação, Charles Schweitzer. E todas incluem um primeiro olhar para a estrutura interna do próprio banco. 

“Mapeamos a jornada do cliente e estruturamos a empresa em cima dessa jornada”, explicou aos presentes. “Inovação disruptiva a gente cria de forma conjunta. Tem que partir de uma dor real, um problema real para conseguir mudar essa jornada. Tem que ter a colaboração das áreas.” 

Essa colaboração passa não só por criar integração entre profissionais de diferentes perfis e áreas distintas da companhia, mas também na hora de buscar fornecedores.  

“Se você não tem a competência para fazer essa relação ponta a ponta com o cliente, é melhor usar parceiros ou o trabalho de terceiros”, ressaltou o executivo. “Até que você consiga fazer esse trabalho. Quando você tiver a competência, você dá um passo para trás e faz o seu gerenciamento de cliente ponta a ponta.”  

Author Photo
Marcelo Gimenes Vieira

Jornalista com mais de 13 anos de experiência nos setores de TI, inovação, games, telecomunicações e saúde, sempre com um viés de negócios.

É fundador do The Gaming Era, primeiro portal brasileiro de notícias de negócios com foco no mercado de jogos eletrônicos, os games.

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.