Cúpula de IA em Paris reúne nações e coloca Trump e DeepSeek em foco
Cúpula de Ação em IA focará em tecnologia open-source e energia limpa e busca consenso global sobre princípios de IA, sem novas regulamentações

Todas as atenções estão voltadas para Paris, a capital francesa, na próxima semana para identificar se o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, conseguirá encontrar um terreno comum com a China e quase cem outras nações sobre o desenvolvimento seguro da inteligência artificial.
Segundo informações de publicações internações, aproximadamente um ano após as potências globais discutirem os riscos da IA no Bletchley Park, na Inglaterra, um número ainda maior de países se reunirá em Paris para debater como colocar essa tecnologia a serviço da sociedade.
A França, ansiosa para promover sua indústria nacional, sediará a Cúpula de Ação em IA ao lado da Índia nos dias 10 e 11 de fevereiro. O foco será em áreas onde a segunda maior economia da Europa tem vantagem: sistemas open source e energia limpa para alimentar data centers.
Executivos de alto escalão de empresas como Alphabet (Google), Microsoft e várias outras estão confirmados. Espera-se que líderes governamentais participem de um jantar na segunda-feira (3) com CEOs selecionados. Na terça-feira, Sam Altman, CEO da OpenAI (criadora do ChatGPT), fará um discurso, segundo fontes envolvidas no evento.
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Consenso com os EUA ainda incerto
Ainda não está claro se os Estados Unidos chegarão a um consenso com outras nações sobre IA.
Desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro, Trump revogou a ordem executiva de 2023 do ex-presidente Joe Biden sobre IA, iniciou um novo processo de retirada dos EUA do Acordo Climático de Paris e enfrenta pressões no Congresso para impor novos controles de exportação sobre chips de IA visando conter o avanço da China.
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, representará a delegação americana no evento.
Um comunicado com princípios para a governança da IA, assinado pelos EUA, China e outras nações, está em negociação e seria um grande avanço se fosse acordado, segundo fontes da cúpula. No entanto, os envolvidos se recusaram a detalhar o documento ou os pontos de discordância.
Sem novas regulamentações para IA
Enquanto as cúpulas anteriores de IA, como as de Bletchley Park e Seul, focaram em compromissos de segurança, Paris não discutirá novas regulamentações.
A Europa, conhecida por sua burocracia rigorosa e reputação de aversão ao risco, busca estratégias para políticas de IA, mas sem criar regras que possam prejudicar seus próprios campeões nacionais, que já ficam atrás de empresas americanas no setor.
Países como a França querem implementar a nova Lei de IA da União Europeia (EU AI Act) de maneira flexível, para não sufocar a inovação, segundo fontes da cúpula.
A DeepSeek, baseada em Hangzhou, causou um grande impacto no mercado global no mês passado ao demonstrar que pode competir com gigantes americanas no desenvolvimento de IA avançada, mas cobrando significativamente menos. Para a França, esse avanço reforça que a corrida global pela IA ainda está aberta.
Investimentos e energia limpa em pauta
Um dos prováveis resultados da cúpula será o compromisso de fundos filantrópicos e empresas em aportar um investimento inicial de US$ 500 milhões para projetos de interesse público em IA, com previsão de chegar a US$ 2,5 bilhões em cinco anos.
Outro tema crítico será o impacto da IA no consumo de energia. Modelos avançados de IA demandam quantidades enormes de eletricidade, e a França, grande produtora de energia limpa via energia nuclear, quer alinhar os objetivos climáticos com a expansão da inteligência artificial.
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