Plano Brasil Digital 2030+ quer ser orquestrador do compromisso com a transformação digital

Objetivo principal do plano é que o Brasil seja reconhecido globalmente como uma força em tecnologia

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8:10 am - 08 de novembro de 2024
Sylvia Sanches, Brasscom. Foto: Divulgação

A Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) organizou, sob a liderança do Conselhão e com apoio da Abes, uma iniciativa estratégica que busca posicionar o Brasil como um player global em tecnologia. Um grupo de coordenação vai implementar o Plano Brasil Digital 2030+ (BD30+), um ambicioso projeto que visa atender às demandas governamentais, sociais e empresariais e fomentar oportunidades de negócios para todo o mercado nacional. O plano reflete uma visão abrangente, reconhecendo a importância da tecnologia em todos os setores da sociedade.

Sylvia Christina Sanchez, diretora de Projetos de Tecnologia e Inovação da Brasscom, explicou ao IT Forum que o BD30+ chega agora em sua segunda fase. A primeira teve início a partir de uma proposta da sociedade civil. Nesse estágio, foi organizado com a consultoria multinacional Oliver Wyman, que contribuiu com uma análise detalhada do cenário tecnológico brasileiro e internacional.

Em seguida, a Brasscom e o Conselhão realizaram roadshows, promovendo discussões entre representantes do governo e da sociedade civil, culminando na entrega do documento final ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em junho de 2024. “A receptividade ao plano foi surpreendentemente positiva, indicando que a proposta se alinha com as necessidades e expectativas do governo”, comenta Sylvia.

Ela destaca que o objetivo principal do plano é que o Brasil seja reconhecido globalmente como uma força em tecnologia. “Se o Brasil fizer bem-feita a lição de casa, conseguiremos atingir os objetivos de que o País precisa”, comenta. “O BD30+ não é apenas um plano focado em tecnologia; é uma iniciativa que busca afetar todos os setores da sociedade, tendo em vista o crescimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida da população”, reforça.

Macroindicadores e pilares estratégicos do Plano Brasil Digital 2030+

De acordo com Sylvia, o plano se sustenta em seis macroindicadores que servirão como medidas de sucesso para a transformação digital do País:

1. Participação percentual do PIB de TIC sobre o PIB Brasil, um indicador crucial que mede o peso do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação na economia nacional.

2. Percentual da população que acessa a internet, que reflete a inclusão digital e o acesso à informação.

3. Relação entre matriculados no ensino superior em cursos de TIC e vagas disponíveis no Brasil, um termômetro da formação de mão de obra qualificada para o setor.

4. Percentual do número de empregos em TIC no Brasil sobre a população ativa, que avalia a capacidade do setor em gerar empregos e oportunidades.

5. Competitividade digital do Brasil em relação aos pares globais, um indicativo do posicionamento do Brasil no cenário internacional de tecnologia.

Esses macroindicadores são apoiados por seis pilares estratégicos, fundamentais para a execução do BD30+:

1. Infraestrutura para a transformação digital. Esse pilar abrange tanto a infraestrutura física, como energia e comunicação, quanto a infraestrutura lógica, incluindo cibersegurança e economia de dados.

2. Tecnologias estratégicas. Este componente envolve decisões sobre onde investir. A Brasscom considera tecnologias já maduras e aquelas em desenvolvimento, como as quânticas, que têm potencial para revolucionar o setor.

3. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação: o foco é fomentar a pesquisa que não apenas avança o conhecimento, mas também gera impacto positivo nos negócios, promovendo um ecossistema vibrante a curto, médio e longo prazo.

4. Educação e capacitação digital: aspecto essencial, dado o déficit de profissionais qualificados no mercado. A Brasscom propõe escalar a educação digital, abrangendo desde o letramento digital para cidadãos até a formação de pequenas e médias empresas (PMEs).

5. Inclusão social e digital: este pilar busca garantir que a tecnologia esteja acessível a todos, combatendo a desinformação e promovendo a inclusão social através do acesso à tecnologia.

6. Ambiente de negócios: um elemento que sustenta os demais pilares, focando em discutir políticas, financiamentos e medidas que possam destravar processos e facilitar a atuação do setor.

Próximos passos e desafios

O Conselho de Governança e Gestão (CGG) pretende lançar oficialmente o BD30+ no final deste mês ao mercado. Sylvia destaca que a adesão de empresas e associações relevantes será crucial para o sucesso do  CGG, que atuará como um catalisador para as iniciativas do plano.

“Acreditamos que o Brasil terá melhores resultados se focarmos em setores como saúde e finanças, mas a realidade é que não são apenas esses setores que têm uma veia tecnológica mais forte”, afirma Sylvia, ressaltando a importância de um ingresso colegiado no conselho.

O comitê de governança é visto como essencial para a eficácia do plano, dada a fragmentação atual das ações no setor. A Brasscom está engajada em pedir a criação de data centers no Brasil, visando não apenas a transformação digital, mas também a capacitação e o suporte às iniciativas de TI.

Avanços e expectativas

A colaboração entre empresas, embora ainda exista o desafio de superar a competição, tem mostrado um amadurecimento. Sylvia menciona que as discussões entre as empresas têm sido mais abertas, o que é um indicativo positivo para a construção de um ecossistema colaborativo.

Entretanto, os desafios permanecem. A necessidade de articular esforços entre os diversos stakeholders e a gestão do timing das necessidades do setor são questões que ainda precisam ser abordadas. O sucesso do Plano Brasil Digital 2030+ depende da capacidade de unir os esforços do setor público e privado em prol de um objetivo comum: a transformação digital do Brasil.

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Déborah Oliveira

Editora-chefe e diretora de Conteúdo do IT Forum, Déborah Oliveira é jornalista com mais de 17 anos de experiência na área de TI. Tem passagens pelas redações da Computerworld, CIO e IDG Now!. Bacharel em Jornalismo, com graduação executiva em Marketing, e MBA em Marketing. Em 2018, foi vencedora do prêmio de melhor Jornalista de TI no Brasil, do Cecom. Em 2019 e 2020, foi destaque do mesmo prêmio na categoria Telecom. É uma das autoras do livro “Da Informática à Tecnologia da Informação – Jornalistas Contam Suas Histórias”, pela editora Reality Books, lançado em 2020.

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