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Manufatura brasileira avança em digitalização, mas está longe de ser ‘indústria 4.0’

As indústrias brasileiras avançaram na digitalização de suas operações, mas o conceito de indústria 4.0 ainda é uma realidade distante para a maioria. É o que indica a segunda edição do Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) da Manufatura, estudo feito pela Totvs com a h2r insights e trends.

Segundo o estudo, as empresas da manufatura brasileira evoluíram em produtividade nos últimos cinco anos, obtendo média de 0,71 pontos – em uma escala de 0 a 1 –, frente ao resultado de 0,52 pontos registrados de 2019. O IPT busca avaliar o uso, internalização e ganho de performance a partir da adoção de sistemas de gestão e tecnologias complementares.

Em 2019, 79% das empresas estavam em posição intermediária de maturidade tecnológica, no segundo e terceiro quartis do IPT (0,25 a 0,75 pontos). Em 2024, houve mudança importante do cenário, com 87% das empresas saltando para a metade superior da pontuação, o terceiro e quarto quartis (0,5 a 1).

“Muito dessa evolução se deu pela pressão trazida pela pandemia. A indústria precisou investir em tecnologia para continuar operando e tendo resultados”, explica Angela Gheller, diretora de produtos para Manufatura da Totvs. “Além disso, o avanço tecnológico registrado pela pesquisa também é provocado por um movimento das áreas de negócios em buscarem soluções e pressionarem o departamento de TI para essa maior adoção.”

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Para 85% dos entrevistados, as soluções e sistemas implementados apoiam muito ou totalmente os objetivos da empresa, o que segundo os autores da pesquisa mostra mais intencionalidade e estratégia no investimento e no uso de tecnologias. No entanto, 30% dos entrevistados afirmaram que o time ainda não está plenamente capacitado para lidar com os sistemas da melhor forma possível e 42% acreditam que a empresa ainda não está extraindo todo o potencial que as tecnologias podem oferecer.

“O investimento tecnológico, de fato, só trará os melhores resultados quando as empresas entenderem – em todos os níveis – os motivos e as estratégias por trás desses investimentos”, ressalta Angela Gheller. “Por isso é fundamental haver capacitação e treinamento dos profissionais, para que eles consigam fazer a gestão dos sistemas e, principalmente, das informações da maneira mais eficiente possível.”

Chão de fábrica

No geral, 62% das indústrias afirmaram utilizar sistemas para gestão da produção, mas ainda existe um grande desafio para que as indústrias brasileiras possam acompanhar em tempo real o ritmo de produção das máquinas, evitando a formação de gargalos na linha de produção, dizem os autores do estudo.

Mas o cenário futuro é positivo. Para as empresas que ainda não têm sistemas de gestão na produção, a implantação dessas soluções é uma prioridade nos próximos dois anos. Controle da produção (47%), planejamento de produção (47%), qualidade (36%), manutenção de ativos (34%), distribuição/logística (29%) e engenharia (32%) são áreas prioritárias.

Gestão da produção

O IPT também analisou as soluções tecnológicas voltadas para planejamento e controle de produção. Para o gerenciamento de recursos operacionais e atividades, 49% das empresas afirmaram utilizar solução de MRP (Planejamento das Necessidades de Material), 32% CRP (Planejamento das Necessidades de Capacidade), 23% S&OP (Planejamento de Vendas e Operações) e 18% APS (Planejamento Avançado).

Na área de controle de produção, a automação e coleta de dados do processo de fabricação com soluções, como o MES, está presente em 37% das organizações. Cerca de 80% fazem o apontamento manual da produção (com uso de ERP) e 66% fazem apontamento por processo (diretamente no sistema).

Na área de qualidade, somente 19% dos respondentes afirmaram ter aplicativos ou digitalização aplicada e na área de manutenção de ativos, apenas 15% das empresas possuem aplicativos voltados para a manutenção de ativos. Segundo o estudo, isso mostra baixa mobilidade no controle de processos, o que pode causar gargalos no chão de fábrica.

Tecnologias complementares

A pesquisa mostrou que o uso de soluções complementares está principalmente ligado à segurança, tomada de decisões, mobilidade e atendimento ao cliente. E ainda assim o uso é relativamente baixo, já que 49% das empresas implementaram soluções de segurança, 41% Business Intelligence (BI), 37% cloud e 31% CRM.

Soluções como gestão eletrônica de documentos e de processos (GED e BPM) ainda não foram incorporadas por dois terços das empresas. E 75% ainda não possuem solução de e-commerce.

O estudo ouviu 500 profissionais de indústrias de 23 estados brasileiros, com faturamento acima de R$3 milhões. Dessa amostra, 42% correspondem a indústrias de pequeno porte, 40% de médio porte e 13% de grande porte. As empresas se enquadram em nacionais (93%) e multinacionais (7%) – esta pequena parcela foi 9% melhor na média do IPT em relação às nacionais.

O estudo pode ser lido na íntegra nesse link.

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