Para especialista, layoffs de Big Techs por conta da IA não têm ‘visão estratégica’

Para Sylvestre Mergulhão, da Impulso, modelo de gestão de grandes empresas de TI envelheceu e demissões são ‘atalho para a ineficiência’

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9:20 am - 21 de maio de 2025
Sylvestre Mergulhão, CEO da Impulso. (Imagem: Divulgação)

Pelo menos desde 2022 o setor de tecnologia, especialmente as grandes empresas – ou big techs, como tem sido chamadas – tem promovido grandes movimentos de demissões em massa, os chamados layoffs. O mais recente deles foi promovido pela Microsoft, que colocou na rua cerca de 3% de sua força de trabalho.

Essa reconfiguração alcançou, segundo o site especializado Layoffs.fyi, mais de 650 mil profissionais globalmente entre 2022 e maio de 2025. Só a IBM demitiu centenas de funcionários com o objetivo declarado de substituí-los por sistemas de IA. No entanto, a empresa precisou recontratar parte desses profissionais depois que a implementação da IA não atendeu às expectativas iniciais.

Segundo Sylvestre Mergulhão, CEO da Impulso, existe um movimento entre as grandes empresas de tecnologia multinacionais de demitir profissionais e substituí-los por sistemas de inteligência artificial. Mas ele tem enfrentado desafios inesperados.

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“O que estamos vendo é uma corrida impulsionada por pressões financeiras de curto prazo, não necessariamente por uma visão estratégica de longo prazo”, diz o executivo. “As empresas estão descobrindo da maneira mais difícil que a IA ainda não é uma substituição direta para o conhecimento humano acumulado, especialmente em funções que exigem tomada de decisão complexa e experiência contextual.”

Segundo o executivo, o movimento chegou “com força” ao Brasil em 2025. Startups e scale-ups iniciaram reestruturações, impactadas pela queda nos aportes de venture capital. O avanço da IA, a pressão por eficiência operacional e a busca por modelos de negócio sustentáveis também causaram demissões.

“O modelo de gestão das big techs envelheceu. Crescer a qualquer custo virou um atalho para a ineficiência”, diz o CEO. “Estamos falando de empresas que inflaram times sem estratégia real. Quando o mercado apertou, cortaram como se estivessem limpando a planilha — e não reorganizando o negócio. Isso não é gestão, é desespero financeiro disfarçado de eficiência.”

Segundo o executivo, empresas que desejam sobreviver a essa nova era precisam apostar em estruturas mais ágeis e adaptáveis. “É hora de repensar o RH. Squads sob demanda, formações contínuas e gestão baseada em dados são o caminho. Quem insistir no modelo tradicional vai continuar demitindo.”

Ele alerta ainda para o risco da desumanização, já que demissões em massa viraram métrica de desempenho, quando deveriam ser vistas como falha estrutural. “Pessoas não são números. A conta da má gestão está sendo paga por quem mais precisa de estabilidade”, pondera.

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Redação

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