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Inteligência artificial pode ser a ponte entre ciência e conservação ambiental

Durante o encontro do G20 no Rio de Janeiro, vivi um dos momentos mais marcantes da minha carreira. Nossa equipe foi premiada no XPRIZE Rainforest Awards, uma competição global de US$ 10 milhões que incentiva inovações tecnológicas voltadas à conservação da biodiversidade. Estar entre os vencedores, em meio a mais de 300 equipes de 70 países, foi uma experiência indescritível.

O XPRIZE Rainforest, lançado em 2019, tem como objetivo acelerar o desenvolvimento de tecnologias capazes de monitorar a biodiversidade de maneira rápida e precisa. Tivemos a honra de avançar para a fase final, que aconteceu em julho deste ano na Amazônia brasileira. Nesse desafio intenso, cada equipe teve 24 horas para explorar remotamente uma área de 100 hectares e 48 horas para produzir um relatório técnico completo. As exigências eram altíssimas, mas nossa tecnologia estava preparada para entregar resultados.

Nosso projeto combinou drones autônomos, sensores de áudio e vídeo, além de análises de DNA ambiental (eDNA) processadas em tempo real com o apoio de inteligência artificial (IA). Essa integração foi fundamental para analisar rapidamente grandes volumes de dados e identificar espécies de maneira eficiente. Por exemplo, enquanto análises manuais de gravações e imagens podem levar anos, a IA reduziu esse tempo para minutos. Ferramentas como essas são revolucionárias e essenciais para a ciência, governos e organizações.

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Estudos recentes já demonstraram o poder dessa abordagem. A inteligência artificial acelera em mais de 500% o processamento de dados de armadilhas fotográficas que monitoram fauna terrestre e realizam registros sonoros. Aplicamos esse princípio na nossa solução e apresentamos insights valiosos para o monitoramento da biodiversidade local.

Receber esse prêmio foi muito mais do que um reconhecimento; foi a validação de anos de trabalho, pesquisa e inovação. E, mais importante, representa o potencial de impacto positivo no futuro da conservação. Essa tecnologia não só pode ser aplicada em outras florestas tropicais, mas também está pronta para transformar completamente o monitoramento da biodiversidade em escala global.

Num momento em que 64% das florestas tropicais já foram degradadas ou destruídas, e com 20% da Amazônia perdida, iniciativas como essa são mais urgentes do que nunca. Estamos próximos de um ponto de inflexão no qual os impactos serão irreversíveis para o clima global.

Vejo essa conquista não apenas como um marco pessoal enquanto cientista, mas como um passo significativo em direção a soluções que integram tecnologia, ciência e conservação para proteger os ecossistemas vitais do nosso planeta.

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