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Governo do Espírito Santo vira referência nacional ao usar IA e big data para transformar serviços públicos

No Governo do Espírito Santo, a tecnologia é o coração da transformação dos serviços públicos. Desde 2019, o estado vem consolidando uma estratégia robusta de uso de inteligência artificial (IA) e big data para reformular a entrega de serviços públicos, tornando-se hoje um dos maiores cases de uso de IA no setor público brasileiro, com oito secretarias atuando de forma integrada.

O ponto de partida foi o caos. Mais de 200 bases de dados desconexas, 10 mil planilhas espalhadas e milhares de arquivos isolados tornavam a tomada de decisão lenta e ineficiente.

Com apoio do SAS*, o estado passou a estruturar um big data central e pequenos big datas para órgãos menores, reunindo dados de saúde, segurança, turismo, educação, infraestrutura e arrecadação. O foco foi colocar o dado certo na mão certa, no momento exato.

“Se tivéssemos seguido por iniciativas isoladas por órgão, nunca teríamos o resultado esperado. Por isso, criamos a Central Analítica, um conceito de governança de dados que une tudo em um ecossistema digital integrado, com painéis interativos e informações atualizadas em tempo real”, explica Victor Murad Filho, subsecretário de Transformação do Governo do Espírito Santo.

Segundo ele, a diferença entre ter um dado e tomar uma decisão acertada no tempo certo está na governança. E, foi a partir dessa mentalidade que o governo conseguiu tomar decisões em tempo real, com base em dados confiáveis, integrados e atualizados automaticamente. No novo cenário, por exemplo, pacientes são direcionados de forma inteligente para cidades com infraestrutura adequada, a evasão fiscal despenca com monitoramento digital e turistas recebem informações personalizadas por localização.

Impacto direto no cidadão

Segundo o subsecretário, na saúde, por exemplo, a IA passou a organizar as filas de exames, otimizando o deslocamento de pacientes para cidades com capacidade de atendimento. O tempo de espera caiu pela metade e o absenteísmo foi reduzido em 25%. “O cidadão percebe a melhoria. Ele vê que o Estado está mais eficiente”, pontua Murad.

Na segurança pública, os sistemas passaram a cruzar automaticamente informações de diferentes áreas, como investigações, ocorrências e bases criminaism evitando retrabalho e acelerando investigações. Já no turismo, dados de operadoras como a Vivo são usados para mapear o fluxo de turistas por geolocalização e integrar informações de hotéis, locadoras, quiosques e atrações.

Na educação, o governo digitalizou processos como a rematrícula escolar, e, na área de serviços, criou um sistema em que o cidadão pode consultar on-line em qual farmácia pública encontrar o remédio de que precisa, sem precisar se deslocar.

Tecnologia como política de Estado

O modelo de governança digital foi viabilizado por uma nova lógica de orçamento. O estado conquistou nota A na avaliação fiscal, o que permitiu captar empréstimos internacionais com taxas atrativas e, com isso, garantir R$ 500 milhões de orçamento apenas no primeiro semestre de 2025 para investir em tecnologia, sem competir com outras áreas do governo.

Outro diferencial é o modelo de contratação. “Não investimos só em equipamentos. Adquirimos pacotes completos com suporte, manutenção e atualizações pelos próximos cinco anos. Isso evita custeio adicional e acelera a implementação dos projetos”, ensina Murad.

Fisco digital, evasão em queda

A digitalização também chegou à receita estadual. Ao cruzar dados de notas fiscais de transporte com a localização dos veículos e o volume de consumo, o estado criou um sistema de monitoramento em tempo real que reduziu em mais de 35% a evasão fiscal em setores como bebidas e combustíveis.

“O Espírito Santo é uma ponte entre o Nordeste e o Sudeste. Com esse sistema, passamos a ter uma leitura precisa do trânsito de mercadorias e do consumo real, combatendo fraudes e aumentando a arrecadação”, diz o subsecretário.

O que vem a seguir?

O próximo passo da jornada digital do governo é atacar os gargalos de acesso aos serviços. A meta é ampliar a agenda digital do cidadão, facilitando o acesso a serviços públicos por canais digitais com informações centralizadas e personalizadas.

“A tecnologia, por si só, não resolve. É preciso metodologia, estratégia e saber o que comprar. Com isso, conseguimos transformar não só os sistemas, mas a vida das pessoas”, conclui Murad.

*A jornalista viajou a convite do SAS

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