Futuro sem senhas: Mastercard aposta na tokenização e mira 100% de checkouts autenticados até 2030

A Mastercard está determinada a transformar a experiência de pagamentos digitais com uma meta ambiciosa: eliminar o uso de senhas nos checkouts on-line até 2030, substituindo-as por tokenização e autenticação biométrica. A iniciativa foi destacada pelo presidente da Mastercard Brasil, Marcelo Tangioni, durante um encontro com a imprensa em São Paulo nesta quinta-feira (20), onde ele apresentou ainda os avanços e as perspectivas da empresa para o mercado brasileiro e global.

O executivo destacou que a Mastercard quer garantir que todas as transações on-line possam ser tokenizadas e autenticadas para possibilitar um checkout mais simples e seguro. “As senhas ainda têm uma grande oportunidade de evolução para se tornarem mais seguras e fluídas”, afirmou Tangione. Segundo a empresa, atualmente, as fraudes em compras digitais são sete vezes maiores do que em transações presenciais, e cerca de 25% dos carrinhos são abandonados no momento do checkout e a tokenização reduziria esses desafios.

A solução passa pelo conceito “Digital by Default”, que elimina a necessidade de entrada manual de dados e senhas. A Mastercard está combinando padrões avançados de segurança, como tokenização, autenticação biométrica e soluções como “Click to Pay” e “Passkey”, que simplificam o pagamento para consumidores e varejistas.

De acordo com o presidente da operação nacional, desde que foi lançada, há um ano, a solução já angariou 20 grandes estabelecimentos. No Brasil, empresas como Banco Inter, Sympla, Livelo e Habibs adotaram a solução. A Sympla, por exemplo, reduziu o tempo de checkout e aumentou as taxas de conversão em até 7%. Os resultados mostram a eficácia da abordagem. Em 2024, a Mastercard tokenizou cerca de 4 bilhões de transações por mês, um aumento de 40 vezes nos últimos seis anos.

Inteligência artificial e inovação como pilares estratégicos

Tangioni destacou que a Mastercard tem a tecnologia como fundamental, e a IA está no centro das suas operações. “Desde os primórdios da Mastercard, sempre fomos uma rede que interconecta estabelecimentos comerciais e bilhões de pessoas. A tecnologia é parte essencial do nosso negócio, ajudando a reduzir fraudes, prevenir ataques e melhorar a experiência do cliente.”

Uma das principais apostas da empresa nos últimos anos é o uso de IA para prevenção de fraudes. Segundo Tangioni, soluções de IA da Mastercard aumentam a taxa de detecção de fraudes em 20% a 300%, dependendo do cenário. Além disso, a empresa anunciou, no final de 2024, a aquisição da Recorded Future, empresa de inteligência de ameaças, que já atua em 75 países e é utilizada por 30 governos, fortalecendo sua estratégia na área.

Gustavo Arruda, economista-chefe da Mastercard LAX, observou que a IA também desempenha um papel fundamental na análise econômica. “Temos dados de milhões de transações e cientistas especializados em traduzir essas informações em insights. Um exemplo recente foi a análise do impacto econômico dos shows de Taylor Swift nos Estados Unidos, que demonstrou um efeito significativo no consumo local.”

Resultados de 2024 e perspectivas para o futuro

A Mastercard fechou o primeiro semestre de 2024 com 59,5% de market share em cartões de crédito, reforçando sua liderança no segmento, segundo informou Tangioni, citando dados auditados pelo Banco Central. No pré-pago, a empresa também tem uma presença expressiva, com 45% de participação de mercado.

Outro dado relevante mencionado por ele foi a marca de R$ 4 trilhões transacionados em cartões no Brasil, impulsionado pelo crescimento expressivo do débito on-line, que saltou 400% de 2019 a 2024. O setor de mobilidade também tem sido um foco importante para a empresa, com crescimento de 63% nas transações de passagens em pedágios utilizando Mastercard. Hoje, a companhia está presente em mais de 24 sistemas de transporte urbano em 20 cidades brasileiras.

Para 2025, a Mastercard prevê um cenário desafiador, com crescimento econômico na casa de 3%, juros elevados e um consumidor mais cauteloso em suas escolhas. “O comportamento do consumidor deve se concentrar mais em gastos essenciais, como supermercado, enquanto setores como turismo e moda podem sentir um impacto maior”, explicou Arruda.

Apesar do cenário desafiador, Tangioni está otimista quanto às oportunidades no Brasil. “O pagamento B2B ainda tem uma penetração baixa e um potencial enorme de crescimento. Nós temos algumas apostas nessa frente, como os pagamentos entre pequenas e médias empresas, gestão de despesas de funcionários e pagamentos de fornecedores.” O cartão virtual (VCN) é uma das soluções que a empresa quer expandir para tornar os processos mais seguros e eficientes.