China reativa aposta em tório e avança com tecnologia nuclear deixada de lado pelos EUA

Protótipo chinês usa combustível alternativo e pode ser reabastecido sem desligar, feito inédito após décadas de estagnação

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4:00 pm - 06 de maio de 2025
Imagem: Shutterstock

A China segue acelerada em sua corrida pela liderança no mercado de energia limpa. Seu mais novo reator nuclear experimental é um dos primeiros do mundo a operar com tório como combustível, e o primeiro de seu tipo capaz de ser reabastecido em funcionamento, segundo informações da mídia estatal chinesa reportadas pela MIT Technology Review.

O reator entrou em operação em junho de 2024, mas foi recentemente reabastecido sem precisar ser desligado, uma conquista inédita para esse tipo de tecnologia, tradicionalmente associada à pesquisa e não à produção comercial. Embora seja uma instalação pequena, com 2 megawatts térmicos de potência, menos que o reator de pesquisa do MIT, o feito representa um avanço significativo para uma tecnologia que havia sido praticamente abandonada desde os anos 1960.

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Reator de tório e sua origem

O reator de tório é baseado em conceitos desenvolvidos originalmente nos Estados Unidos. Entre as décadas de 1950 e 1960, o governo norte-americano investiu fortemente em experimentos com combustíveis alternativos, como o tório, e sistemas de resfriamento por sal fundido.

Um exemplo foi o reator do Oak Ridge National Laboratory, que usava urânio-233 produzido a partir do tório. Mas, com o tempo, a indústria nuclear norte-americana padronizou o uso de urânio-238 e sistemas de água pressurizada, em parte, por sua ligação com a produção de armamentos nucleares.

Agora, com a crescente demanda por energia limpa e segura, países como a China voltam os olhos para essas tecnologias esquecidas. Como apontou Casey Crownhart, a China lidera atualmente em volume de reatores em construção , com mais de US$ 27 bilhões aprovados só nesta semana, e está investindo pesado em reatores avançados, como os que usam gás em alta temperatura como refrigerante.

Empresas como Kairos Power e X-energy, nos EUA, também buscam ressuscitar ideias antigas com um novo olhar. Kairos aposta em sal fundido como fluido de resfriamento, enquanto a X-energy planeja operar reatores que podem ser reabastecidos sem interrupções, como o modelo chinês de tório.

Apesar da empolgação, os desafios continuam. No caso dos reatores de sal fundido, por exemplo, encontrar materiais que resistam à corrosão do sal em temperaturas extremas ainda é uma barreira. Para os de tório, o gargalo está na conversão eficiente do mineral em urânio-233.

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Redação

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