Ainda há meio caminho da conteinerização com Kubernetes
Apesar de projeção otimistas para conteinerização em Kubernetes, setor de Tecnologia ainda carrega dúvidas sobre segurança da tecnologia

Seja com ou sem ambientes híbridos, a escolha por uma estratégia multicloud tem se tornado cada vez mais popular entre as empresas. O relatório ‘O ponto de segurança das clouds’, da Fortinet, mostrou que, entre 2024 e 2025, 78% das companhias utilizavam duas ou mais provedoras de nuvem em suas organizações. No ano anterior, o índice era de 71%.
O movimento, no entanto, acende o alerta para os diretores de cibersegurança das corporações, já que exige uma nova forma de pensar suas estratégias de proteção. A transferência de dados, afinal, é um dos momentos mais vulneráveis a qualquer ciberataque.
Diante dessa nova realidade, Julia Furst, tecnóloga em Estratégia de Produto da Veeam, mergulhou no universo dos Kubernetes – também conhecidos como K8s ou kubes – para oferecer uma alternativa viável para seus clientes. “Esse é um dos nossos pilares para a resiliência de dados: a portabilidade. Os containers possibilitam que isso seja feito de forma mais simples no ambiente multicloud”, afirma.
A imersão veio em boa hora. Com o crescimento dos ciberataques via inteligência artificial (IA), as organizações têm se mostrado cada vez mais resistentes a se arriscar com novas tecnologias. Em seu estudo anual sobre o estado da segurança do Kubernetes, a Red Hat revelou que 67% das empresas atrasaram ou desaceleraram implantações devido a preocupações com as defesas dos kubes e, para 42% delas, a segurança é uma das principais apreensões relacionadas às estratégias com a tecnologia.
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Além disso, 46% das organizações afirmaram ter perdido receita ou clientes devido a um incidente de segurança envolvendo a ferramenta. Para Julia, tanto o recuo quanto a desconfiança se devem à falta de profissionais qualificados no mercado para lidar com os K8s.
“Eu sinto falta de equipes de segurança em tecnologia especializadas em Kubernetes. Porque é possível configurar as aplicações de maneira relativamente fácil, mas a segurança precisa ser bem pensada e bem estruturada. Um errinho pode abrir a porta para ataques, e é essencial ter pessoas que saibam configurar o airbag, o networking entre clusters em K8s, etc.”
Entusiasta da tecnologia, a especialista conta que tem conversado com diversos parceiros para auxiliar na construção de um plano que faça sentido para cada empresa, reforçando o foco da SaaS para 2025 e 2026.
Ainda assim, o mercado tem se mostrado otimista com os Kubernetes. Segundo um relatório da Cloud Native Computing Foundation (CNCF), a ferramenta de conteinerização foi considerada o segundo maior projeto de código aberto do mundo, atrás apenas do Linux. Além disso, uma pesquisa realizada pela Business Research Insights revelou que, em 2024, o mercado global da tecnologia foi avaliado em US$ 2,51 bilhões e deve atingir US$ 10,44 bilhões até 2033, crescendo a uma taxa anual de cerca de 17,3% de 2025 a 2033.
Julia afirma que, apesar de estar a par da inovação, o Brasil ainda não aderiu amplamente à novidade entre os executivos do setor, especialmente no mercado financeiro, que tende a ser mais conservador.
“Ainda é uma tecnologia emergente no país. Acredito que ainda existe a necessidade de provar que ela tem valor, porque os Kubernetes exigem uma adoção mais lenta e um investimento muito alto, ainda mais quando consideramos os orçamentos brasileiros e norte-americanos”, explica. “Então, é preciso ir mais devagar, com mais pesquisas e testes mesmo, mas eu tenho conhecido muitos brasileiros que são DevOps e têm esse interesse.”
*A jornalista viajou a San Diego a convite da Veeam
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