AMD ultrapassa Intel e lidera receita de data centers pela primeira vez

Com crescimento de 69% no segmento, a AMD conquista terreno enquanto a Intel enfrenta queda de receita e desafios estratégicos

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11:03 am - 06 de fevereiro de 2025
Lisa Su, CEO da AMD (Imagem: Rafael Romer/IT Forum)

A disputa entre AMD e Intel nos data centers, que há décadas parecia ter um vencedor consolidado, acaba de tomar um rumo inesperado. Pela primeira vez na história, a AMD superou a Intel em receita no segmento, um feito impensável há alguns anos. Segundo o relatório financeiro do quarto trimestre de 2024, a empresa liderada por Lisa Su alcançou uma receita recorde de US$ 3,86 bilhões em data centers, um crescimento anual de 69%. No mesmo período, a Intel registrou uma queda de 3%, totalizando US$ 3,4 bilhões.

A virada reflete anos de investimentos e uma estratégia focada em desempenho e eficiência. A linha de processadores EPYC, voltada para servidores, e os aceleradores de inteligência artificial da série Instinct conquistaram clientes estratégicos no mercado corporativo e entre provedores de nuvem. O impacto dessa trajetória se fez sentir não apenas no último trimestre, mas ao longo de todo o ano de 2024. No balanço anual, a AMD registrou um faturamento recorde de US$ 25,8 bilhões, crescimento de 14% em relação a 2023. O lucro líquido praticamente dobrou, chegando a US$ 1,6 bilhão. A divisão de data centers, peça-chave dessa ascensão, quase dobrou sua receita no período, atingindo US$ 12,6 bilhões.

Enquanto isso, a Intel enfrentou um 2024 difícil. A receita anual da empresa caiu 14%, para US$ 54,2 bilhões. A gigante dos semicondutores perdeu terreno não apenas em servidores, mas também em PCs, setores nos quais tradicionalmente dominava. A margem bruta da AMD, por outro lado, aumentou de 50% para 53%, sinal de que a empresa não apenas vende mais, mas vende melhor: seus produtos premium para servidores e PCs de alto desempenho têm garantido margens mais robustas.

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A estratégia que fez a AMD superar a Intel

A conquista da AMD não veio por acaso. A empresa tem apostado em uma abordagem chamada “estratégia de ponta a ponta”, que combina processadores de alto desempenho e aceleradores de IA para oferecer soluções mais completas aos clientes. Os chips EPYC, por exemplo, são reconhecidos pela alta eficiência energética e capacidade de escalabilidade, chegando a 192 núcleos por socket. O efeito prático? A substituição de grandes quantidades de servidores antigos por unidades mais potentes e econômicas. Durante o AMD Partner Summit 2024, o CEO da AMD Brasil, Sergio Santos, afirmou ao Canaltech que, com a nova geração de processadores, seria possível substituir 1.000 servidores antigos da concorrência por apenas 130 servidores equipados com EPYC – mantendo o mesmo nível de desempenho.

O custo total de propriedade (TCO) e o consumo de energia também pesam a favor da AMD. Estimativas da própria empresa indicam que a adoção de seus chips pode reduzir esses custos em até 70% em relação às soluções rivais, trazendo economias consideráveis em licenciamento de software e espaço físico nos data centers.

No campo da inteligência artificial, os aceleradores Instinct MI300 também têm sido um diferencial competitivo importante. Lançada no final de 2023, a nova linha de aceleradores alcançou a marca de US$ 1 bilhão em receita mais rápido do que qualquer outro produto da AMD até hoje. O sucesso se deve, em parte, ao timing: a escassez global de chips especializados em IA fez com que a alta disponibilidade do MI300 se tornasse um trunfo para a companhia.

Outro fator que favoreceu a AMD foi a consistência no roadmap de produtos. Sob o comando de Lisa Su desde 2014, a empresa tem se mantido fiel a um plano de evolução tecnológica sem grandes atrasos ou promessas não cumpridas – algo que o mercado costuma valorizar.

Agora, o desafio será manter o ritmo. A Intel, que há anos vê sua hegemonia ameaçada, já indicou que pretende reagir com novos lançamentos e uma revisão estratégica de suas operações. O que antes parecia um domínio absoluto da Intel no mercado de data centers agora se tornou um território em disputa.

*Com informações do Canaltech

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