Amazon elimina processamento local da Alexa e força envio de comandos de voz para a nuvem

Gigante diz que dispositivos não suportam nova geração de IA e desativa opção de manter gravações apenas no aparelho

Author Photo
5:15 pm - 24 de março de 2025
Imagem: divulgação

A partir de 28 de março, os usuários da Alexa que optaram por manter o processamento de voz localmente nos dispositivos Echo não terão mais essa alternativa. A Amazon decidiu encerrar o recurso, redirecionando todos os comandos de voz para a nuvem — mesmo sem o consentimento ativo dos usuários afetados.

A mudança, que não foi anunciada formalmente, foi confirmada pela empresa ao site The Register após usuários receberem e-mails com o aviso no fim de semana, gerando reações nas redes sociais.

O motivo, segundo a empresa, é a demanda por processamento mais robusto exigido pelos novos recursos de IA generativa embarcados na Alexa, o que os dispositivos Echo atuais não seriam capazes de suportar sozinhos.

Leia também: Nvidia anuncia centro de pesquisa em computação quântica

Alexa mais potente, mas menos privada

A decisão afeta principalmente os dispositivos mais modernos da linha — Echo Dot 4ª geração, Echo Show 10 e Echo Show 15 — que ainda ofereciam suporte a algum nível de processamento local. Mesmo nesses modelos, todos os comandos de voz agora serão enviados para os servidores da Amazon, que prometem apagar os áudios após processá-los.

Aqueles que ativaram a configuração para não enviar gravações não terão opção: a função será automaticamente desativada e substituída por um modo em que as gravações não são salvas, mas ainda assim são transmitidas à nuvem.

“A partir de 28 de março, suas gravações de voz serão enviadas e processadas na nuvem, mas serão deletadas após a conclusão do processamento pela Alexa”, diz o e-mail da Amazon.

A contrapartida é que os usuários que não permitirem o armazenamento das gravações perdem funcionalidades, como o reconhecimento de voz para respostas personalizadas — um recurso essencial em casas com múltiplos usuários.

Privacidade em xeque

Embora o recurso de processamento local oferecesse uma camada a mais de privacidade, ele nunca foi totalmente isolado. A própria Amazon reconhece que, mesmo quando a gravação não era enviada, transcrições de texto de cada comando ainda eram compartilhadas com a nuvem, armazenadas ao lado das gravações e não deletadas automaticamente.

Críticas à abordagem da Amazon sobre privacidade não são novas. Estudo após estudo já mostraram que a empresa usa interações de voz para fins publicitários, inclusive fora dos dispositivos Echo. Apps de terceiros também falham em garantir segurança adequada para os dados dos usuários.

E o histórico não ajuda: de escândalos com câmeras Ring permitindo acesso indevido de funcionários a vídeos privados, a denúncias de armazenamento ilegal de gravações de voz de crianças, a Amazon vem sendo alvo constante de investigações e processos sobre violações de privacidade.

Alexa+, a IA generativa paga

O fim do processamento local ocorre pouco depois do lançamento da Alexa+, versão turbinada por IA generativa da assistente. O novo serviço está disponível para assinantes Prime ou por US$ 19,99/mês, e oferece funcionalidades mais avançadas — mas exige o envio de dados para a nuvem.

Apesar das mudanças, a Amazon garante que ainda existem opções de privacidade para os usuários, como não salvar as gravações de voz. O problema, segundo críticos, é que essas opções sacrificam recursos importantes, como a personalização por voz.

Ainda assim, a empresa deixa claro que está priorizando as funcionalidades que exigem maior poder de computação — e que só podem rodar na nuvem. Ou seja, mais inteligência, mas menos controle do usuário sobre os próprios dados.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

Tags:
Author Photo
Redação

A redação contempla textos de caráter informativo produzidos pela equipe de jornalistas do IT Forum.

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.