“A frase do meu avô continua viva: ‘o cliente é a nossa razão de existir’.” Com orgulho e firmeza na voz, Eliane Garcia Melgaço relembra o ensinamento deixado por seu avô, Alexandrino Garcia, um dos fundadores da mieneira Algar. Mesmo sete décadas após a fundação da companhia, esse princípio segue orientando decisões estratégicas e guiando a cultura da empresa.
Agora como vice-presidente de operações, Eliane está à frente de uma profunda transformação que une a essência da companhia, criada para servir, a um novo momento de mercado, com foco em eficiência, reinvenção e tecnologia.
Membro da terceira geração da família fundadora, Eliane não chegou à liderança pelo caminho tradicional. Antes de assumir a área de Operações da Algar Telecom, acumulou experiência em áreas como marketing, comunicação, finanças e, principalmente, pessoas. Durante quase uma década, esteve à frente da área de gestão de talentos de todo o grupo.
Há dez meses, no entanto, retornou à linha de frente com uma energia que, como ela mesma diz, “tem tudo a ver com o jeito Eliane de ser: mão na massa, perto do cliente e com foco em gente”.
Sua chegada à vice-presidência marca um novo capítulo para a empresa, que passa por um reposicionamento estratégico profundo. Um dos movimentos mais simbólicos dessa mudança é a decisão de simplificar o nome da companhia, de Algar Telecom para simplesmente Algar, refletindo a transição de uma operadora tradicional para uma empresa de soluções digitais completas, que inclui TI, nuvem e inteligência artificial (IA). “Queremos ser uma one stop shop para o cliente. O desafio é mostrar que somos muito mais do que telecom”, afirma.
Para isso, a companhia reestruturou sua área de produtos, agora sob o comando da também CIO, Zaima Milazzo, com o objetivo de integrar e orquestrar as soluções de forma mais inteligente e orientada à jornada do cliente. A área técnica também ganhou protagonismo. “O técnico entra na casa do cliente, ele representa nossa marca. Estamos retomando a academia de vendas com esse olhar, valorizando cada ponto de contato.”
A bagagem de Eliane em gestão de pessoas tem sido fundamental nesse processo. “O que eu aprendi liderando gente é que precisamos ter humildade para reaprender todos os dias. A inovação nasce quando damos autonomia para as pessoas, fomentamos ideias e ouvimos diferentes pontos de vista”, destaca. Ela relembra com entusiasmo o programa que incentiva que os próprios colaboradores proponham soluções transformadoras. “Não adianta falar em inovação se a cultura não estiver pronta para ela.”
Um dos pilares dessa transformação tem sido aproximar a liderança dos times e resgatar o que Eliane chama de “cultura de dono”. Como acionista e executiva, ela acredita que sua presença reforça os valores da companhia e gera confiança em um momento de virada.
Com prejuízo líquido de R$ 331,2 milhões em 2024, mais que o dobro das perdas registradas no ano anterior, a Algar anunciou em março um plano de turnaround para recuperar suas margens e eficiência. As ações incluem reestruturação organizacional, revisão de processos comerciais, digitalização de operações e adoção de IA em atendimento, vendas e suporte técnico. A empresa também revisitou sua estratégia regional para focar em mercados com maior densidade.
“Fechamos com 35% de EBITDA e temos o desafio de subir dez pontos na eficiência. Mas sei que temos gente boa e comprometida para fazer isso acontecer”, afirma Eliane.
O orgulho do legado é evidente, e o compromisso com o futuro, também. “Sou da terceira geração. Hoje, só eu e meu primo estamos atuando na empresa. Foi um caminho desafiador conquistar esse espaço, e agora meu maior desejo é preparar o terreno para a quarta geração.” Os primeiros passos já foram dados: seu filho fez estágio no exterior, o sobrinho está envolvido nas operações e começa a dar ideias. “Quero aproximar, mostrar o valor do que construímos. Reputação não se constrói da noite para o dia.”
Para Eliane, o maior desafio da Algar daqui para frente é voltar a crescer em um “mar vermelho” de concorrência, margens apertadas e mudanças tecnológicas velozes. A saída? Parcerias, ecossistemas e uso inteligente de capital.
“Não dá mais para crescer sozinho. Precisamos de plataformas, de colaboração, de novas formas de pensar o Capex.” E, sobretudo, de pessoas dispostas a se reinventar. “Ou aprendemos a usar a IA a nosso favor, ou seremos substituídos por quem já está usando. O digital chegou sem pedir licença.”
Com a firmeza de quem conhece a empresa desde o berço e a inquietude de quem sabe que é preciso romper com o status quo, Eliane conduz a Algar por mais um ciclo de reinvenção, fiel à frase do avô, mas com olhos atentos ao que está por vir.
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