Claudio Martinelli, Kaspersky. Imagem: divulgação
A inteligência artificial (IA) tem sido a espada de dois gumes que tanto forja escudos na proteção dos ambientes corporativos quanto afia as lâminas do cibercrime. Claudio Martinelli, diretor-geral da Kaspersky para a América Latina, esclareceu ao IT Forum equívocos comuns sobre o uso da IA quando o assunto é segurança cibernética.
Com quase duas décadas de experiência no uso de machine learning (ML), a Kaspersky defende o uso ético da IA como uma ferramenta que amplia a capacidade humana na detecção e resposta a ameaças, uma verdadeira extensão da tecnologia.
Na conversa, Martinelli enfatiza que o fator humano continua sendo o elo mais fraco na cadeia da cibersegurança. Ele destaca que a falta de conhecimento e o cuidado dos colaboradores é um dos principais fatores de risco, especialmente em empresas menores. “Não existe segurança digital sem três elementos: educação, inteligência e um bom produto”, afirma.
Além disso, Martinelli desmistifica a ideia de que a IA é uma tecnologia nova no setor. “Nós já usamos algoritmos desde 2007, não é novo. A mudança recente é que o machine learning deixou de ser um instrumento de retaguarda para ser visível para o usuário final”, explica. Segundo ele, mais de 99% das detecções de ameaças nas tecnologias da Kaspersky são automatizadas, permitindo identificar e correlacionar ameaças de forma eficaz.
Confira os mitos da IA na cibersegurança mencionados pelo executivo.
A IA, especificamente o machine learning, já é utilizada pela Kaspersky desde 2007. Não se trata de uma novidade, mas de uma ferramenta madura que evoluiu ao longo de quase duas décadas para aprimorar a detecção e resposta a ameaças.
A IA amplifica a capacidade humana, automatizando processos e permitindo respostas mais rápidas a ameaças. No entanto, o controle humano é essencial para decisões estratégicas e para a implementação de políticas internas eficazes.
Segundo Martinelli, mesmo que os cibercriminosos usem IA para criar ameaças mais sofisticadas, as soluções de segurança atuais são capazes de detectar e neutralizar esses códigos. Elas identificam traços de ameaças passadas e utilizam algoritmos avançados para reconhecer padrões maliciosos.
O usuário é o elo mais fraco e, portanto, a principal vítima, conta Martinelli. Cibercriminosos utilizam IA para criar mensagens e sites falsos mais convincentes, visando enganar pessoas e induzi-las a revelar informações confidenciais ou a executar ações prejudiciais.
“A segurança digital é sustentada por um tripé: educação, inteligência e tecnologia. Além de soluções robustas, é fundamental educar colaboradores e implementar políticas internas rigorosas para mitigar riscos”, reforça o executivo.
A realidade é que, embora a quantidade de ameaças tenha aumentado devido ao uso da IA pelos criminosos, a complexidade e a inovação dessas ameaças não cresceram na mesma proporção. Muitas vezes, são variações de ataques já conhecidos.
A IA é um termo amplo que engloba diversas tecnologias e aplicações. A IA generativa é apenas uma parte desse universo. Há muitos outros usos da IA, especialmente em machine learning, que têm sido aplicados na segurança cibernética há anos.
Com o volume crescente de ameaças, a automatização se torna indispensável. Sistemas de segurança precisam tratar a maioria dos incidentes de forma automática para evitar sobrecarregar as equipes e reduzir falsos alertas.
A colaboração é essencial na segurança digital. Compartilhar conhecimento sobre ameaças e incidentes ajuda a proteger não apenas a própria empresa, mas também o ecossistema como um todo, incluindo parceiros e até concorrentes. Martinelli defende que as empresas façam isso entre elas em fóruns específicos já que, muitas vezes, o executivos à frente da segurança da informação temem expor suas estratégias e soluções para o público geral com receio de entregar toda a sua estrutura para cibercriminosos.
Empresas podem terceirizar aspectos operacionais da segurança para parceiros especializados sem abrir mão do controle sobre suas políticas e diretrizes internas. A responsabilidade pelos dados e pela conformidade com regulações, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), permanece com a empresa.
Cibercriminosos também utilizam IA para aprimorar seus ataques, tornando-os mais eficazes e difíceis de detectar. Isso reforça a necessidade de soluções de segurança avançadas que possam combater essas ameaças.
Martinelli lembra que existe uma escassez significativa de profissionais qualificados em segurança digital. A crescente demanda por especialistas nessa área supera a oferta, tornando a formação e capacitação de novos talentos uma prioridade.
Há um aumento preocupante de ataques direcionados a sistemas governamentais. Serviços digitais ao cidadão são alvos atraentes para cibercriminosos, e muitas vezes os governos não reagem com a rapidez necessária para mitigar esses riscos.
Ainda há muitos equívocos sobre o que a IA realmente é e como funciona na segurança digital. É importante desmistificar o termo e compreender que a IA visível ao consumidor é apenas a ponta do iceberg, com muitas camadas tecnológicas subjacentes.
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