Os seres humanos se adaptaram para a vida em um ambiente social. Isso significa que uma série de decisões que tomamos corriqueiramente envolvem interagir e agregar conteúdos, ferramentas e pessoas ao nosso cotidiano. Num momento em que parte da humanidade consegue se proteger com o isolamento e outra precisa encarar suas consequências, por vezes letais, é de se esperar que nossa perspectiva mude em diversos aspectos. Inclusive, na relação entre humanos e robôs, segundo Kate Darling.
As possíveis novas interações e as mudanças de tecnologia e sociedade é um dos temas do IT Forum Anywhere, que acontece entre os dias 10 e 11 de setembro. Anunciada como a palestrante da abertura do IT Forum Anywhere, Kate Darling é especialista líder em ética em robôs do Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Confira a agenda completa do evento.
No laboratório, a pesquisadora investiga a robótica social e realiza estudos experimentais sobre a interação humano-robô.
A cientista nota que estamos vivendo nossos próprios dias de náufragos, em referência ao filme estrelado por Tom Hanks. Segundo Darling, é possível olhar para a questão por dois lados, o primeiro é um consumo abusivo desse tipo de solução. “Eu vejo o uso excessivo da tecnologia, em especial durante tempos de isolamento social, como um grande problema de saúde”, explica a pesquisadora.
Por outro lado, a pesquisadora usa o exemplo de Náufrago (Robert Zemeckis, 2000) para se lembrar de uma companhia inusitada encontrada pelo personagem principal. “Lembro que em Náufrago, o protagonista cria um personagem que evolui ao logo do filme e é uma das forças que o ajudam a sobreviver na ilha”, comenta.
A especialista acredita que é possível traçar um paralelo com o momento de pandemia. “Observamos que em situações de isolamento, muitas pessoas projetam traços sociais em objetos e animais de estimação. Robôs podem ser uma ferramenta interessante para esse tipo de momento. Não acho que eles possam mudar nossas formas de relacionamento, mas podem ser usados como uma espécie de válvula de escape para a solidão” afirma Darling.
Mas, afinal de contas, qual olhar devemos tomar para a transformação digital em relação aos problemas que ficaram expostos pela doença? “Acho que precisamos afastar um pouco a discussão da tecnologia. Muitas pessoas confiam apenas na tecnologia para resolver problemas ou apontam que ela é o problema”, aponta a palestrante principal do IT Forum Anywhere.
Kate Darling é taxativa: “robôs estão roubando empregos faz uma ótima manchete, mas é importante observar o verdadeiro potencial da tecnologia. As decisões de verdade estão sendo tomadas nos bastidores”.
Na visão da especialista, essa abordagem em relação à inovação permite imaginar quais são os melhores usos da tecnologia. Seja para trabalharmos melhor ou resolver problemas que surgiram com o covid-19.
Nomes famosos do mundo dos negócios e da ciência levantam constantemente preocupações sobre o uso de inteligência artificial e outras tecnologias emergentes. No entanto, a ehttps://stg.itforum.com.br/wp-content/uploads/2018/07/shutterstock_528397474.webpsa dos relacionamentos entre máquinas e robôs acha que o debate verdadeiro tem sido desviado dos problemas reais.
“[Debates sobre robôs se voltando contra humanos] são uma distração dos problemas reais que estamos lidado, com IAs sendo usadas com base em viés ou para monitoramento”, afirma Kate Darling.
Por outro lado, a boa notícia é que a pesquisador não acredita que pessoas sejam substituídas por máquinas assim que a necessidade de isolamento físico diminuir. “É interessante observar como essas relações mudam ao longo da pandemia, mas não é sobre Alexa é sobre relacionamentos. As pessoas que estão adotando [smart speakers e pets virtuais] eles agora vão se livrar assim que puderem ver seus parentes após a pandemia”, aposta Kate Darling. Vamos esperar que a aposta da cientista esteja certa, não é mesmo?
Saiba mais sobre o IT Forum Anywhere e a participação de Kate Darling no site oficial do IT Forum Anywhere.
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