Não esqueçam dos celulares

De acordo com o Gartner, em 2015 foram vendidos 403 milhões de celulares em todo o mundo. Bem menor, a venda de computadores no mesmo período ficou em aproximadamente 289 milhões de unidades. Essa diferença reforça uma tendência que, com o crescimento dos dispositivos móveis, o foco agora passa a ser o atendimento das necessidades do usuário móvel em diversos contextos e ambientes, em vez de mirar somente no dispositivo. No entanto, empresas brasileiras têm um grande desafio pela frente no que tange à migração e integração entre sistemas corporativos – conjunto de ferramentas e métodos voltados à melhor gestão das corporações – e mobilidade, em especial, por meio dos aplicativos corporativos.
A tarefa de migrar sistemas corporativos para celulares e tablets não é tão simples quanto comprá-los, configurar contas de e-mail, agenda, contatos e calendário. Isso porque, toda a atividade de migração compete às empresas de sistemas corporativos, restando ao empresário a simples adoção de aplicativos que estendem as funcionalidades do legado para a palma das mãos. Nesse sentido, o que se vê hoje é que há uma grande resistência das empresas para a adoção dos aplicativos corporativos, que passam por questões que vão do custo de implementação, segurança, gestão e políticas e, até mesmo, prioridades do negócio.
A segurança, por exemplo, é um ponto crítico, uma vez que se refere à informações sensíveis e estratégicas das organizações. Hoje, smartphones são verdadeiros computadores e, como estão conectados constantemente à redes não confiáveis, podem permitir o acesso a dados importantes por terceiros. Além disso, existe a possibilidade de roubo ou a perda do dispositivo, deixando vulneravél informações sensíveis ao negócio.
Para sanar as questões relacionadas à segurança dos dados em celulares e tablets, existem soluções de Mobile Device Management (MDM ou Gerenciamento de Dispositivos Movéis). Trata-se de uma ferramenta que permite o gerenciamento dos dispositivos móveis corporativos com maior segurança, facilitando o rastreamento de aparelhos até o seu reset (apagando totalmente ou parcialmente dados à distância), se necessário.
Sob o aspecto do custo, vale ressaltar que, atualmente, os melhores aplicativos rodam em diversos sistemas operacionais ao mesmo tempo e podem ser controlados pelo MDM, seja o aparelho da empresa ou do colaborador via Bring Your Own Device (BYOD) – prática na qual os colaboradores utilizam seus próprios computadores e dispositivos móveis no trabalho. Nesse sentido, o custo de aquisição do equipamento fica a critério da politica de cada empresa.
Obviamente, alguns empresários elencam prioridades na TI, mas a recomendação é que adicionem outros elementos nas análises, como crescer a base de usuários no mobile em detrimento do legado para reduzir custos, uma vez que usuários de aplicativos são mais baratos; adoção de celulares e tablets com grande poder de processamento são mais baratos que notebooks, com baterias que duram muito mais; além de grande parte dos usuários de sistemas de gestão utilizarem poucas funcionalidades e os bons fornecedores de tecnologia priorizam justamente estas funcionalidades adotadas em massa, as quais se enquadram os aplicativos.
Produtividade do colaborador é outra grande questão. Um aplicativo consegue unir diferentes funcionalidades que ajudam a reduzir o tempo de cada operação, ou seja, o ROI (Retorno sobre o investimento) poderá ser medido por Aplicação versus Colaborador. Além disso, a capacidade de customização de processos ou rotinas particulares ao seu negócio, os bons fornecedores têm essa capacidade e os aplicativos também estão lá a baixo custo de especialização.
Empresas sérias avaliam regularmente os constantes ciclos de mudança tecnológicas, uma vez que suas operações “rodam” sobre camadas de software, muitas vezes, customizados e quebras abruptas podem colocar em risco a produtividade e lucratividade. Todavia, a adoção da mobilidade é singular por se tratar de uma camada de transição sobre os sistemas existentes – são basicamente entradas pontuais de dados, consultas e tomadas de decisão-, mas que agregam enorme produtividade no cotidiano das pessoas e, consequentemente, das empresas.
Para se ter uma ideia, de olho no ganho de produtividade, companhias na Europa, Ásia, Estados Unidos e do Sudeste Asiático adotaram mobilidade corporativa como a grande mudança de paradigma na computação. O uso dos aparelhos móveis para checar e-mails corporativos, realizar reuniões, planejar ações, auxiliar crises são alguns exemplos de atividades realizadas com a adoção da mobilidade corporativa, usada como ferramenta de trabalho e que trouxera benefícios reais para as companhias.
Finalmente, podemos avaliar que, enquanto os sistemas corporativos se mantiverem enclausurados em PCs e laptops, as empresas ficarão estagnadas em um modelo engessado. A adoção da mobilidade corporativa é uma tendência que tende a crescer nos próximos anos e prevê ganhos bem maiores que os riscos, especialmente, para as companhias que queiram agregar um diferencial competitivo, aumentando seu desempenho, automação e produtividade.
*Gustavo Jota é gerente de Performance Corporativa na Senior