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Mercado de telecom ainda não é maduro do ponto de vista estratégico, avalia especialista do IEEE

Atualmente, o Brasil vive um cenário agitado no mercado de
telecomunicações, marcado por especulações e incertezas. Inevitavelmente, a
dimensão desses desdobramentos abala não só o setor, como reflete também na apropriação
da tecnologia de informação por empresas brasileiras, afinal, a conectividade é
sustentáculo da economia digital que vem se moldando.

E para falar desse cenário, o IT Forum 365 entrevistou o membro sênior do Instituto de
Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos Brasil (IEEE), Raul Colcher, que você
confere abaixo.

IT Forum 365 – Como
você enxerga o atual cenário das telecomunicações no Brasil para os usuários
corporativos?
Raul Concher, do
IEEE:
Hoje, o mercado telecomunicações é marcado por uma insegurança proveniente
do fato de duas grandes operadoras de telefonia serem atingidas, por razões
diferentes, por incertezas regulatórias: a Oi e a TIM. Tudo isso condiciona uma
segurança que atinge não só a operadora, mas  a indústria e os usuários
corporativos, já que eles estão pendurados em uma operadora.

ITF365 – Qual é
a sua avaliação sobre a situação dessas operadoras?
Concher – A Oi teve um problema de governança, e um negócio que ia ser
bom para os sócios brasileiros acabou ruindo e a empresa hoje tem uma dívida acima
de suas possibilidades. Com isso, já não entrou no leilão de 700 MHz, o que faz
com que ela não tenha um discurso para sustentar o 4G. Enquanto as outras
operadoras têm um discurso de que conseguem fazer mais. Já a TIM vive um problema diferente, que também é regulatório, derivado da presença do controle
acionário da Telefônica Espanha, e reflete na necessidade de acertar a
governança e o compliance com o governo regulatório brasileiro. A proposta
original de fatiar a TIM ficou meio prejudicada porque a Oi não tem mais
capacidade de investimento para comprar a fatia dela, então provavelmente vamos
ter uma concentração.

ITF365 – Na sua
visão, qual será o futuro dessas operadoras?
Concher – Os agentes reguladores, como o Cade e a Anatel, não estão muito
simpáticos à ideia de concentração, pois eles estão com uma agenda focada em
melhorar a qualidade e a eficiência do setor, por exemplo, reduzindo o custo de
interconexão entre as operadoras, que é um problema muito sério no Brasil e
distorce o mercado brasileiro. Hoje, o planejamento estratégico de uma operadora
é fortemente dependente do percentual de chamadas que vão para fora do que as
que vem de fora pra dentro. E isso afeta a rentabilidade da operadora. Então
elas querem reduzir mais a tarifa de interconexão. E uma indicação disso é o
comportamento das pessoas, que tem um chip de cada operadora.

ITF365 – E como
você acha que esse cenário pode se desenrolar?

Concher – Isso está gerando uma instabilidade no mercado e provavelmente quando esse jogo
se acertar vamos ter novos entrantes, ou por via de aquisição direta – temos
até especulações envolvendo Vodafone e AT&T – ou por oferta de licença de frequência.

IT Forum 365: Como você
avalia o mercado de telecom brasileiro?
Concher – O mercado é maduro no sentido de comercialização para o consumidor final, para
sistemas corporativos. Do ponto de vista comercial é maduro, mas do ponto
de vista estratégico, tem muito o que aprender. Acho que ele tende a se
beneficiar com os novos paradigmas que vão ser impostos com as novas
tecnologias. Os desafios estão cada vez mais difíceis para competitividade, as
margens estão apertadas. Virou brinquedo de gente séria, não é mais para
qualquer um. Para ganhar dinheiro com operadora hoje em dia você tem que ser
uma boa operadora, ou você corre o risco de não ganhar dinheiro.

IT Forum 365: E quais
as consequências disso para o CIO?
Concher – O mercado se beneficia quando ele é seguro. Quando você
diminui os riscos, alarga o mercado, essa é a lógica. E, hoje, os riscos, do
ponto de vista regulatórios, econômicos e comerciais, estão ficando elevados.
Esse é um problema. Então esses são fatores que afetam a situação tecnológica e
a adoção de tecnologias emergentes pelas organizações.

Confira também: “CIO,
2015 será ainda mais difícil”, segundo Raul Colcher, do IEEE

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