MCTIC e BNDES estudam criação de fundo garantidor de crédito para ISPs

Com o objetivo de facilitar o acesso ao crédito aos empreendedores do setor de provedores de internet e ampliar a infraestrutura de banda larga do Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estudam o lançamento de um programa de fundo garantidor de financiamento para pequenos provedores de internet (ISPs).

O assunto foi discutido na última quinta-feira (26) entre o ministro Gilberto Kassab, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, e o presidente da Telebras, Maximiliano Martinhão. Representantes da Associação da Brasileira de Provedores de Internet e Comunicações (ABRINT) também estiveram presenta no debate.

Para Martinhão, falta uma política de governo para apoiar os pequenos provedores, que são importantes para levar internet para o interior do Brasil. “O que estamos desenhando é exatamente isso: utilizar as agências do governo federal, como Finep e BNDES, para criar um programa que permita a esses empreendedores ter acesso ao crédito, para que possam crescer e melhorar os serviços nas pequenas cidades”, destaca.

Segundo o chefe de Departamento das Indústrias de Tecnologia da Informação e Comunicação do BNDES, Ricardo Riviera, atualmente, há cerca de 5 mil pequenos provedores distribuídos pelo interior do país.

Desde março de 2014, o BNDES enquadra o financiamento de cabos e fibra óptica como equipamentos. Com isso, o volume de operações indiretas que envolvem o Cartão BNDES chegou a R$ 100 milhões, por ano, em 2015 e 2016.

Bazílio Perez, presidente da ABRINT, comenta que a reunião teve muitos avanços. “Há um consenso de que o piso para operações diretas oferecido hoje pelo BNDES é muito alto – a partir de R$ 10 milhões para a linha de capital de giro e R$ 20 milhões para investimentos, montantes acima do orçamento da maioria dos provedores. Demos o primeiro passo para que esses valores sejam revistos e reduzidos”, destaca.

Quem também vê com bons olhos a iniciativa é a InternetSul, associação que representa os provedores de internet do Rio Grande do Sul. Luciano Franz, presidente da entidade, comenta que a melhor garantia que um banco pode ter é a própria rede de fibra, que é um item com valuation muito grande no mercado, muito maior que qualquer outro bem.

“A dificuldade atual é que a cultura dos bancos brasileiros é focada em patrimônio, e não em valuation, nem em recebíveis. Enquanto essa cultura bancária antiga, retrógrada, não mudar, dificilmente este fundo garantidor vai prosperar.  O que os provedores precisam é que o próprio cabo de fibra passado, instalado, fotografado e vistoriado pelo Banco seja aceito como garantia de um contrato de financiamento. Com isso, o governo terá um risco baixo, o Banco terá um risco quase nulo, e esse projeto sairá do papel. Se esperar somente pela garantia real, se o Banco continuar pensando com a mentalidade antiga, não sairá”, diz.

*Com informações do MCTIC

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