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Líderes das principais companhias de telecom apontam rumos do mercado

Com a ampliação do acesso às soluções móveis, serviços de voz têm perdido cada vez mais espaço na preferências dos usuários. A opinião foi unânime entre as operadoras durante a Futurecom, realizada de 14 a 16 de outubro em São Paulo. Para adaptar-se a essa nova realidade, as principais empresas do mercado de telecomunicações apostam em melhores ofertas de serviços de mobilidade como ponto principal para direcionar suas estratégias frente a essa mudança. Confira abaixo os pontos destacados pelos principais players do segmento durante apresentações o evento.
Telefônica Vivo
O presidente da companhia, Antônio Carlos Valente, destacou as atividades realizadas pela empresa para ampliar o acesso à internet em regiões mais remotas do País. A iniciativa, que faz parte de um acordo estabelecido com o Governo Federal, levou cobertura para 825 distritos em 777 municípios. O executivo ainda citou a quantidade de escolas rurais conectadas, que somam 4.038 instituições em nove estados.
“Fornecemos soluções integrais e capacitação para professores, além da doação de equipamentos e trabalhos relacionados à conexão. Esperamos atender mais 18 mil até o final de 2015. Não será fácil, mas estamos trabalhando nisso”, relata.
Atualmente, 3.250 cidades contam com serviço de 3G da operadora. Já com relação a geração seguinte da tecnologia, o 4G, apenas cem cidades brasileiras contam com infraestrutura adequada para fornecer acesso à população. No entanto, a expectativa é de que, até o final deste ano, outras 11 cidades estejam aptas a utilizar o recurso. “O Brasil cresce duas vezes mais rápido do que a média global, o que gera muitos desafios.”
O executivo utilizou como exemplo a enorme quantidade de acessos que aconteceu durante a Copa do Mundo de 2014 para mostrar como o interesse e uso da internet por parte da população cresce de forma acelerada. Para se ter ideia, foram postadas 50 milhões de fotos durante o mês que o torneio ocorreu, o que dá uma média de 14 fotos para cada expectador por jogo e uma média de 600kb por arquivo.
Por isso, Valente cita a estratégia de expansão de serviços digitais da companhia para oferecer mais opções para os clientes. Diversas áreas possuem projetos em desenvolvimento, alguns relacionados à saúde, como gestão de demandas, gestão de imagens médicas, gestão remota de pacientes e produtividade móvel. O executivo também apresentou projetos envolvendo serviços financeiros, produtos em vídeo, segurança e educação.
Já acompanhando a crescente tendência da Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), a companhia também desenvolve projetos Machine to Machine (M2M). Valente citou o projeto firmado com uma companhia brasileira para monitoramento de frotas automotivas. Outra tecnologia apresentada foi um protótipo de carro conectado, no qual diversas funções são monitoradas a partir de sensores.
Outro ponto destacado por Valente foi a criação da primeira cidade digital e inteligente do Brasil, mais especificamente Águas de São Pedro. Com cerca de 3 mil habitantes, o local passa a contar com diferentes tipos de serviços. Em gestão, existem tecnologias que controlam a iluminação das vias, sensores para auxílio de estacionamento, contadores de carros e infraestrutura de segurança. Já na área da saúde, foram implementados prontuários eletrônicos em unidades de atendimento, opções de agendamento de consultas pela web e um sistema de gestão da saúde das famílias. Em turismo, foram disponibilizados pontos de wi-fi pela cidade, além de sugestões sobre opções de comércio próximas ao usuário. E, por fim, as instituições educacionais receberam portais digitais.
“Não foi um trabalho fácil, aprendemos muito a todo tempo. Não é simples espalhar sensores por pontos comuns da cidade e interligar diversos sistemas legados”, explica Valente.
Ericsson
A Ericsson aposta no aumento das oportunidades que irão surgir a partir da Internet das Coisas. Durante sua apresentação, o CEO da companhia, Hans Vestberg, declarou que o grande aumento de dispositivos conectados que surgirão nos próximos anos abrirá um mundo totalmente diferente. Nele, a velocidade de inovação será muito maior em todos os lugares do mundo. “Até 2019, mais de 90% da população global terá cobertura móvel, somando quase 9 bilhões de assinaturas móveis. Isso impactará as pessoas, as indústrias e a sociedade.”
A companhia acredita que as tendências continuarão crescendo em torno da banda larga, mobilidade e cloud. Com negócios em 180 países e aproximadamente do 50% do tráfego de 4G global sob sua infraestrutura, quesito no qual é líder de mercado, a companhia investe US$ 5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Parte desse investimento é repassado diretamente ao Brasil, que agora conta com 60 novos profissionais para trabalhar no setor de P&D, além da parceria firmada com a Universidade Federal do Ceará para pesquisas em tecnologias 5G.
“Temos quase 7 bilhões de assinaturas móveis no mundo atualmente. Isso é uma revolução tecnológica muito grande se compararmos as evoluções dos últimos anos. A tendência é que esses números cresçam consideravelmente nos próximos anos, e a nossa imaginação é o limite do que acontecerá nessa sociedade conectada.”
TIM
Rodrigo Abreu, presidente da companhia, ressaltou que o setor de Telecom está em franca transição. O executivo destaca que se o exemplo do cenário europeu for considerado, o perfil de receitas irá mudar de forma muito acelerada. Apesar de reconhecer a importância da conectividade, Abreu salienta outro aspecto do momento. “O futuro do setor passa por entender que a conectividade é só a ponta do iceberg. É importante entender que as mudanças acontecem por causa dos atos de consumo.”
Para exemplificar como o perfil do usuário está modificando, ele apresenta dados de consumo no qual um pacote de dados de 2 GB, considerado alto, cerca de 1,47GB foram consumidos antes da metade do período de vigência mensal do pacote. Entretanto, apenas 32 mensagens de SMS foram enviadas e o tempo gasto com ligações era mínimo. Baseado nesses dados, ele ressalta como é importante entender essa mudança. “No futuro, a voz será apenas mais um elemento dentro de um pacote de serviços que será oferecido.”
O executivo ainda cita o rápido crescimento no perfil de consumo de dados mensal dos usuários móveis na Itália, destacando que entre janeiro e agosto deste ano, o valor médio dos pacotes de dados comercializados no país saltou de 350MB para 900MB. No Brasil, a média fica em torno de 500MB. “É importante pensar nas redes de próxima geração, mas são os usuários que determinarão o futuro da infraestrutura e dos serviços.”
Abreu ainda destacou a importância de as empresas de telecom auxiliarem todas as partes do processo que sustenta essas inovações para manter o mercado em crescimento. “Ao longo dos últimos anos isso não aconteceu, e o mundo não funcionará dessa forma. É importante que existam estratégias para trabalhar no meio da pirâmide para garantir que ela funcione bem.”
Segundo dados apresentados pelo executivo, os smartphones representam 80% das vendas de aparelhos celulares. Abreu cita que os hábitos de consumo evoluíram e que o desafio do crescimento de dados é muito semelhante ao enfrentado em 2009 com relação aos serviços de voz.
“Antigamente, o desafio era aumentar o uso de voz. Hoje, o desafio é entregar a melhor experiência em internet móvel”, conclui.

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