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Inteligência artificial: sonho ou pesadelo?

Na medida em que a Inteligência Artificial avança, surgem os questionamentos: as máquinas vão dominar o mercado de trabalho? Os homens serão substituídos por robôs? A IA vai dominar as nossas relações, nossos comportamentos? Até que ponto somos manipulados por ela?

Quando os computadores surgiram, os questionamentos foram semelhantes. Muitos se sentiram ameaçados pelas máquinas e acreditavam que os postos de trabalho seriam aniquilados por elas. E assim a história se repete. La trás, na revolução industrial, tudo se deu do mesmo modo: o novo, a substituição sim, de algumas tarefas pelo maquinário, a revolta, as incertezas, o avanço, a aceitação. Até a próxima descoberta.

Mais do que tentar conter avanços inevitáveis ou se sentir ameaçado pela Inteligência Artificial, está mais do que na hora de o homem tomar o controle dela para si e usá-la a seu favor. Em uma comparação simplista: assim como um carro pode ser considerado uma máquina para matar se guiado por uma pessoa imprudente, alcoolizada, não habilitada para a tarefa, a IA pode ser destrutiva, é fato. Mas não do modo como imaginamos, com centenas de milhares de robozinhos desenvolvendo uma inteligência própria e passando a viver nossas vidas como num filme futurista daqueles bem ruins… a questão é muito mais delicada e complexa.

Artigo no Medium de François Chollet, autor da obra “Deep Learning with Python” e pesquisador de inteligência artificial nos traz uma série de alertas sobre como a tecnologia pode ser bem manipuladora, em especial, as redes sociais e seus algoritmos, mas, felizmente, traz também os contrapontos e faz um apelo urgente: precisamos tomar as rédeas disso tudo ou vamos nos dar muito mal.

Não à toa, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, participou de uma audiência dos Comitês de Justiça e de Comércio do Senado dos Estados Unidos (EUA) para explicar sobre o uso indevido de dados de 87 milhões de perfis da rede social. Para onde vão todos esses dados? Como eles podem ser úteis a corporações e governos?

A manipulação em massa da população é um dos mais graves riscos que a Inteligência Artificial pode trazer. Na medida em que estamos cada vez mais digitais, nossas vidas e mentes estão proporcionalmente mais visíveis para as empresas que dominam as redes sociais e acabamos fornecendo informações preciosas que serão usadas para … nos manipular!

Os serviços de redes sociais conseguem controlar o tipo de informação que consumimos. Sabe aquela expressão “estamos vivendo dentro de uma bolha”? Ela nunca foi tão real.

O algoritmo faz uma espécie de curadoria do que devemos ver: opiniões similares às nossas, notícias relacionadas aos nossos “likes”, informações que a rede deseja que cheguem até nós. Vamos perdendo o contraponto, o “todo”, ou pelo menos a capacidade de ampliarmos nossa visão. Deu para perceber o quão profunda e sutil pode ser a manipulação da IA? Como traz o artigo, considerando apenas o Facebook, temos uma companhia que “detém” o perfil de aproximadamente dois bilhões de seres humanos e está investindo cada vez mais em inteligência artificial. Se Chollet se diz assustado com tudo isso, eu posso afirmar que eu também estou.

A esta altura você deve estar se pensando: “então IA só vai trazer destruição. Temos que deter isso”. Bem…

Não é possível prever aonde tudo isso vai chegar. Assim como nossos ancestrais se assustaram com a descoberta do fogo, da roda, do desenvolvimento dos primeiros artefatos que viriam ajudar nos processos de produção… assim como gerações anteriores à nossa rejeitaram os computadores e hoje não conseguimos imaginar uma vida sem eles, ou ainda, sem os smartphones que são nossos “computadores de mão”…a tecnologia e a história seguem evoluindo, a um ritmo cada vez mais acelerado. Não dá para negar ou parar a evolução, mas sigo concordando com Chollet que é preciso tomar as rédeas da IA é usá-la a nosso favor. Para tanto, é preciso estourar a bolha e usar nossa própria inteligência com discernimento para que os robôs não dominem nossas mentes daquela forma que os filmes futuristas adoram projetar.

 

(*) Mateus Azevedo é sócio da BlueLab

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