A Indústria 4.0 é muito mais do que o uso de tecnologias como internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e computação em nuvem nos processos de produção. Ela é caracterizada por modelos de negócio realmente inovadores, que gerem vantagens competitivas significativas e sustentáveis para empresas.
Tecnologias que suportam novos modelos de negócio da Indústria 4.0 são aquelas que oferecem condições para que organizações atuem de forma mais rápida e assertiva, com customização em massa de produtos, aumento da velocidade no atendimento e otimização de suas cadeias de valor.
Esse conceito se aplica a todos os segmentos da indústria e pode se adequar às necessidades dos clientes, embora existam variações entre modelos de negócio, tecnologias necessárias para suportá-los e forma de implementação. Reinventar-se é a base desse novo ambiente de negócios.
No Brasil, esse é um processo em evolução. A possibilidade de observar o que já foi feito em outros países, com erros e acertos, permite que tomemos decisões estratégicas. Empresas brasileiras têm condições de recuperar o tempo perdido e criar mecanismos para se beneficiarem da Indústria 4.0 como poderosa alavanca de crescimento econômico e de prosperidade.
Em nosso País, onde a mão de obra não está preparada para absorver a sofisticação tecnológica decorrente da automação da Indústria 4.0, é necessário engajar profissionais e treiná-los para que desempenhem novas funções nos curto e médio prazos.
A mudança no perfil dos profissionais pressupõe reinvenção necessária, com novas oportunidades surgindo e elevando a qualidade dos serviços. A questão mais relevante é como empresas estão se preparando para lidar com novos desafios. A Indústria 4.0 requer novo perfil profissional, novo papel das pessoas como coordenadores ou maestros dos processos automatizados.
Atualmente, estamos em um cenário heterogêneo, com empresas pioneiras tomando a iniciativa e adotando novas soluções, e outras que ainda não conseguiram criar experiências comprovadas. Ainda assim, a necessidade de modernização e o aumento de competitividade do parque industrial brasileiro, associados ao mecanismos de fomento adequados e metodologias de implantação de menor risco, devem fazer com que empresas aproveitem melhor seus ativos existentes, estimulando o ritmo de adoção das práticas da Indústria 4.0 nos próximos anos.
Companhias que conseguirem se beneficiar desse cenário certamente atingirão novo patamar de produtividade e competitividade. Aquelas que não seguirem essa tendência não desaparecerão repentinamente, mas terão dificuldades crescentes para seguirem competitivas, pois enfrentarão concorrentes mais ágeis, flexíveis, capazes de se adaptar às variações de demanda e aos desejos dos clientes com custos e prazos menores.
O que realmente vai assegurar diferenciais competitivos sustentáveis às empresas não é a simples adoção da Indústria 4.0, mas a capacidade de utilizar seus recursos para criar experiências únicas e inovadoras para seus clientes (Manufatura na Era da Experiência). Essas experiências, que poderão ser aceleradas e levadas a novos patamares, serão segredo do sucesso das empresas nesse novo ambiente de negócios.
*Igor Schiewig é diretor de Business Transformation da Dassault Systèmes para a América Latina