Para alcançar um menor custo de produção, a Adidas estabeleceu sua produção em larga escala de tênis esportivos na Ásia. Entretanto, essa estrutura impõe um intervalo de 18 meses entre o design e a entrega nas lojas, o que para os consumidores é uma espera cada vez mais desagradável.
Isso porque os clientes não apenas procuram por produtos únicos e customizáveis, mas querem acesso imediato aos últimos modelos. Visto que o modelo tradicional de confecção não atende essa demanda, a Adidas está criando uma “fabrica expressa” para produzir sob medida os tênis esportivos, localizada o mais perto possível dos pontos de venda.
Similarmente, a Okuma, uma fabricante japonesa de máquinas utilizadas como ferramentas, desenvolveu um processo de moagem completo, capaz de funcionar autonomamente 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa linha integrada inclui a habilidade de automaticamente selecionar as ferramentas de corte de acordo com a conveniência, bem como fornecer a matéria prima e suprimentos sem nenhuma necessidade de intervenção humana. Nesse cenário, os trabalhadores no local somente supervisionam a planta fabril por meio de ferramentas de monitoramento instaladas em tablets, além de desempenhar tarefas de alto valor agregado. Em outras palavras, a fábrica é completamente automatizada.
Esses exemplos nos mostram um vislumbre da quarta revolução que ocorre nesse momento — responsável por transformar tanto os paradigmas atuais da economia global como os fatores que determinam valores econômicos. Na mesma linha das três revoluções anteriores, essa também é baseada na rápida adoção de novas e disruptivas tecnologias, que desafiam todas as nossas premissas e muda tudo o que conhecemos sobre fabricação. Isso também significa que trabalhadores, donos de indústrias e os governos precisam atentar-se a esse movimento e se preparar para o inevitável (ou deixar tudo para lá).
Vive lés revolucions
A primeira revolução industrial foi desencadeada pela invenção das máquinas a vapor, que mecanizaram mão de obra e habilitaram uma escala incrível de produção. Depois, a eletricidade permitiu a linha de montagem e, com isso, o nascimento da fabricação em massa.
O terceiro maior avanço industrial veio com os computadores, que abriram caminho para a automação robótica e máquinas capazes de integrar linhas de montagem — e assim melhorar ou, em alguns casos, substituir trabalhadores humanos.
Hoje, a produção industrial evolui do modelo e mindset guiados previamente pelas três revoluções anteriores, que focaram na centralização e produção em massa para alcançar uma economia essencialmente em maior escala, para uma norteada pela customização de massa e flexibilidade, com a produção de produtos tão próxima dos centros de venda quanto possível.
Em vez de criar e gerenciar inventários, o setor industrial busca hoje construir uma cadeia de suprimentos integrada que se ajusta dinamicamente, capaz de se adaptar aos requisitos logísticos em tempo real e atender as demandas dos fornecedores e clientes. Isso inclui a habilidade de prever e tomar ações corretivas na medida em que são necessárias.
O que torna esse movimento transformador e “revolucionário” é que os fabricantes visam atingir todas essas metas com mínima ou nenhuma intervenção humana de ponta a ponta no processo de produção.
Denominado Indústria 4.0, esse modelo depende extensivamente de automação e troca de dados entre as tecnologias envolvidas, como a integração entre sistemas físicos e virtuais, a Internet das Coisas (IoT), computação em nuvem e big data.
Descentralização e automação com fábricas inteligentes
A Indústria 4.0 procura essencialmente transformar a própria instalação num computador ou “fábrica inteligente”. Dentro de cada unidade fabril, os processos de fabricação modular podem ser desenvolvidos por meio de sistemas “ciberfísicos”, que incorporam tecnologia de informática nas próprias máquinas, e não apenas nos sistemas para controle remoto e monitoramento.
Dessa forma, essas instalações inteligentes modulares poderão autonomamente permitir a descentralização e automação das decisões em relação à produção, bem como se comunicar e cooperar via IoT com operadores humanos e outras unidades inteligentes, no intuito de completar uma mudança de oferta vertical ou horizontal completa.
Isso é o que o setor de tecnologia da informação tem feito com centros de dados há anos: virtualizar servidores físicos, possibilitar tecnologias de automação e permitir que as máquinas se auto gerenciem de forma limitada. E continuamos a empurrar esses modelos para avançar com redes definidas por software (SDNs), nuvens híbridas e inteligência artificial (AI).
Porém, ao passo em que a virtualização dos centros de dados torna-se cada vez mais mainstream, a Indústria 4.0 ainda é nova e pouco conhecida, apesar de crescer em significado dentro da comunidade global. Esse movimento começou apenas alguns anos atrás, em 2013, quando o governo alemão cunhou o termo ao delinear um plano de informatização completo do setor industrial do país.
A chanceler alemã Angela Merkel apresentou o conceito no Fórum Econômico Mundial de Davos em 2015, referiu-se a essa transformação como “Industrie 4.0”. Ela apontou entusiasticamente esse novo modelo como meio de “lidar rapidamente com a fusão dos mundos online e a produção industrial. E grande parte do mundo industrializado pareceu tomar nota.
Longe da retórica política, o governo alemão está investindo mais de 200 milhões de euros para incentivar pesquisas práticas e aplicáveis nas universidades, no mundo corporativo e nas esferas governamentais. E a Alemanha não é o único país apostando nessa ideia.
Quatro princípios de design da Indústria 4.0
Existem quatro princípios de design que suportam e definem a Indústria 4.0:
. Interoperabilidade: capacidade de máquinas, dispositivos, sensores e pessoas para se conectarem e se comunicarem via IoT ou Internet of People (IoP).
. Transparência da informação: a capacidade dos sistemas de informação para criar uma cópia virtual do mundo físico com base em dados de sensores, que por sua vez enriquecem modelos de plantas digitais. Isso requer o acúmulo de dados do sensor bruto para valorizar informações contextuais.
. Assistência técnica: primeiro, a capacidade em prover assistência aos seres humanos, agregando e fornecendo informações de forma compreensível para tomar decisões informadas e resolver problemas urgentes. Em segundo lugar, a habilidade dos sistemas cibernéticos para fisicamente dar suporte às pessoas, realizando uma série de tarefas consideradas desagradáveis, muito cansativas ou inseguras.
. Decisões descentralizadas: a capacidade dos sistemas cibernéticos de tomar decisões por conta própria e realizar suas tarefas da forma mais autônoma possível. Somente em caso de exceções, como interferências ou objetivos conflitantes, devem ser delegadas a um nível superior. (Fonte: Princípios de Design para Cenários da Industria 4.0)
Desafios técnicos da Indústria 4.0
As revoluções geralmente são desafiadoras e desordenadas — e essa não será diferente. Para além dos obstáculos culturais e políticos inerentes a quaisquer mudanças relacionadas à produtividade econômica, existem várias questões tecnológicas que devem ser superadas para permitir a adoção do modelo da Indústria 4.0. Essas incluem:
Os problemas de cibersegurança aumentam consideravelmente com a integração de novos sistemas e maior acesso aos mesmos. Além disso, o conhecimento de produção proprietária torna-se um problema de segurança de TI;
A Pure Storage está redefinindo sua estratégia de mercado com uma abordagem que abandona o…
A inteligência artificial (IA) consolidou-se como a principal catalisadora de novos unicórnios no cenário global…
À primeira vista, não parece grande coisa. Mas foi na pequena cidade de Pornainen, na…
O processo de transição previsto na reforma tributária terá ao menos um impacto negativo sobre…
O que antes parecia uma aliança estratégica sólida começa a mostrar rachaduras. Segundo reportagem do…
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos firmou um contrato de US$ 200 milhões com…