Inclusão e representatividade: valores de grandes empresas

BASF, Facebook, IBM, Azion e Serasa em palestra do IT Forum 2019

Cada vez mais, grandes companhias se conectam ao ativismo social. Para se ter uma ideia, de acordo com pesquisa Ipsos/ESPM, com Instituto Ayrton Senna e a consultoria Cause, 77% de 1,2 mil entrevistados esperam que empresas contribuam mais com a sociedade do que no passado. O assunto foi tema de debate durante o IT Forum X 2019, no painel “A era das causas e o que você e sua empresa têm a ver com isso”, parte da programação da praça GOL.

A mediadora Cristiane Vargas, head de TI da Serasa Experian, lançou o desafio: “em nossa sociedade, 54% das pessoas são negras, 51% são mulheres. Mas no mundo corporativo, posições executivas são ocupadas 87% por homens, e apenas 13% por mulheres. Apenas 4% são pessoas são negras. Mulheres negras não passam de 0,4%. Ao mesmo tempo, diversas pesquisas confirmam que a diversidade traz melhores resultados e estimulam equipes mais engajadas e com maior potencial de inovação.

Para Eliezer Silveira Filho, CMO da Azion Technologies, “a questão da diversidade deve ser tratada ‘olhando de perto’, porque esses números são também pessoas. Elas estão em algum lugar, e não nas corporações. Esse é o primeiro passo. Tem de haver uma reflexão interna nas empresas, algo que seja perene. Um dos exemplos na Azion é a conexão com hubs de mulheres programadoras, porque a transformação digital na verdade é uma mudança na sociedade. Como eu consigo garantir que as pessoas se sintam representadas nesse mundo?”

“A BASF sempre tem um pensamento ded longo prazo. Nós criamos química para um futuro sustentável, no âmbito econômico, social e ambiental. E aqui na América do Sul, o problema social é muito grave, e o ambiental é sempre urgente. Na BASF, quando entrei, vi que havia um desejo de incentivar as pessoas para que fossem quem elas realmente são. Mas eu era a única mulher no comitê executivo. Criamos uma rede de mulheres, hoje mais de 500 na América do Sul, e aprendi tanto que resolvi escrever um livro sobre liderança feminina, “Mulher Alfa – liderança que inspira”. Cada um de nós tem um potencial de liderança. Minha intenção é que cada um aqui hoje saia com uma indignação, que queira saber como fazer mais, e transformar o que já fazemos Precisamos escutar o que incomoda”, acredita Cristiana Brito, diretora de de Relações Institucionais da companhia.

Diversidade C-level

Outra perspectiva foi apresentada por Eduardo Lopes, gerente de Políticas Públicas do Facebook. “Diversidade e inclusão são questão de princípios, e uma questão de negócios. Cada vez mais, o consumidor está exigindo isso. Empresas que hoje em dia vendem produtos que ou estão destruindo o mundo ou que afetam comunidades vulneráveis, são rejeitadas. Há alguns anos temos uma chief diversity officer, que participa todas as decisões de negócio no nível mais alto. Também reportamos publicamente nosso relatório de diversidade, revelando com transparência o que estamos fazendo, e onde estamos fazendo. Quando investimos no Brasil para servir a comunidade que adotou Facebook, ou WhatsApp maciçamente, colocamos um investimento muito grande em inclusão. Alunos da Estação Hack são mais de 50% são mulheres e negros.”

Claudia Romanelli, líder de Cidadania da IBM prevê que, com as tecnologias já existentes, “o trabalho mecânico será muito afetado. A sociedade 5.o coloca o ser humano no centro rumo a algo decente, razoável, com aceso a tudo que a tecnologia vai afetar. Existe sim um drive econômico mas ele tem que estar alinhado com algo cultural e interno. Quando as linhas executivas passam a se preocupar realmente, isso faz diferença. O processo de reeducação interna da IBM já dura algumas décadas, construindo forças equilibradas. Mas a participação no nível executivo continua um desafio, e existe um funil que passa por decisões pessoais. Mas estamos mais abertos, e as gerações mais novas sentem isso”.