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Imagem é tudo

Os recentes “micos” de personalidades brasileiras amplamente divulgados nas mídias sociais me fizeram refletir sobre a importância da preparação antes de uma exposição e sobre a força dessas plataformas digitais para o bem e para o mal.

Quem não viu uma das dezenas de charges feitas com a atriz Gloria Pires sobre o seu desempenho como comentarista do Oscar 2016 na transmissão da Rede Globo? Ou, então, o artigo sobre feminismo da atriz e escritora Fernanda Torres, considerado racista e que também gerou repercussão negativa?

Não faz muito tempo, as personalidades podiam vender sua imagem para aparições tipo “bibelô”, sem grandes alardes em caso de gafe. Na pior das hipóteses, os deslizes seriam  publicados em alguma revista do segmento de celebridades e logo seriam esquecidos.

Mas as mídias sociais convidam cada um dos milhões de internautas a exporem suas opiniões e a se tornarem críticos de plantão. Todos tornam-se potencialmente capazes de alçar um ilustre desconhecido ao patamar de estrela provisória, ou a jogar na lama a reputação de personalidades respeitadas por suas carreiras construídas ao longo de vários anos de trabalho. O efeito viral é impressionante e assustador. Qualquer um está sujeito à sua fúria. Portanto, cabe a cada um de nós minimizar os riscos.

Tanto Gloria Pires quanto Fernanda Torres se retrataram publicamente utilizando justamente os seus perfis nas redes sociais como instrumentos principais para responder às críticas. O vídeo de Gloria, postado como pedido de desculpas, teve 11 milhões de visualizações e mais de 95 mil compartilhamentos. Nada mal, não? 


Ela também aproveitou para utilizar algumas das frases ditas durante a transmissão e, instantaneamente satirizadas (“Não sou capaz de opinar”, “Eu curti. Bacana” e “Sou ruim de previsões”) para fazer camisetas, utilizando ainda hashtags que tentam justificar as respostas (#sinceridade, #objetividade, #gratidão). O que seria um mico, se transformou em negócio cuja renda será revertida para uma ONG. As “linhas tortas” acabaram gerando publicidade para a atriz.

Para mim, as lições aprendidas nos casos dessas duas grandes atrizes são: não se meta a fazer ou falar o que não domina. Se for inevitável, prepare-se, pesquise, confirme as informações, antecipe os possíveis problemas. Cuide da sua imagem. Um pequeno deslize e pronto: vai levar um bom tempo para resgatar a credibilidade.

As pessoas se expõem desnecessariamente e inconsequentemente. Além de ser perigoso (como os casos de fishing, quando informações pessoais são passadas aos cibercriminosos, ou os de assédio infantil, consequência da exposição irresponsável de crianças), sentenciamos a imagem que as pessoas formam a nosso respeito com posts, opiniões, fotos, vídeos e comentários.


Sabe aquela cidade de interior onde, no passado, um comportamento inapropriado no baile do clube comprometia a reputação e trazia vários desdobramentos? Assim é no ambiente virtual, mas com uma repercussão exponencialmente maior, sem fronteiras nem censuras.  

 

Mudamos de cenário, mas o julgamento continua sendo implacável. O seu comportamento virtual fica gravado em pedra, ou melhor, no espaço digital. Aquela foto em trajes de banho no churrasco do fim de semana com a caipirinha na mão pode ser vista pelo headhunter que estava o considerando para uma posição. Não tem nada demais tomar uma caipirinha no seu momento de lazer, mas ele vai formar uma imagem a partir do que se vê, lê e ouve a seu respeito. E a sua opinião sobre o time de futebol adversário pode não agradar aquele cliente que veste a camisa do seu time apaixonadamente. E todo o trabalho realizado para construir o relacionamento pode ter sido em vão se ele for sentimental. As opiniões exacerbadas sobre política, religião ou sexualidade podem incomodar o seu chefe, seu vizinho ou parente. Não somos um avatar. Portanto, o que acontece no virtual, sai da tela e influencia a vida real.  

 

Para reduzir os possíveis problemas, é possível tomar alguns cuidados como separar a vida pessoal da profissional no ambiente virtual criando grupos específicos para business, família, amigos, etc. Ou definir alguns padrões de privacidade para evitar que fotos indesejadas sejam publicadas ou que qualquer pessoa tenha acesso aos seus perfis. Ou ainda utilizar canais distintos para conteúdo particular versus negócios. 


O que nunca deve sair de moda é o bom senso. Antes de publicar qualquer coisa, pare, pense e reflita sobre os possíveis desdobramentos. Você pode não ter a notoriedade da Gloria Pires ou da Fernanda Torres, mas, igualmente, tem uma imagem a zelar!

*Cristina Blanco é diretora de marketing da EMC Brasil

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