O GDPR (General Data Protection Regulation – Regulamentação Geral de
Proteção a Dados) é uma oportunidade de crescimento para o Brasil. A
maior parte dos rankings dos países mais avançados na digitalização de
sua economia diz respeito à infraestrutura de TI e Telecom, número de
dispositivos móveis, força de trabalho capacitada digitalmente, etc.
Segundo o World Economic Forum 2017, por exemplo, Singapura, Finlândia e
Suécia são os países mais digitalizados do mundo; neste ranking, os EUA
estão em sétimo lugar. Esse quadro pode mudar. Em tempos da extrema
vulnerabilidade através de meios digitais, começará a ganhar espaço o
país que for além desse quadro e passar a oferecer um ambiente que alie
segurança e privacidade para os negócios. É disso que se trata a GDPR.
Embora seja uma legislação europeia, essa regulamentação pode ser vista
como um Norte para todos os países e economias que desejam dar um salto
qualitativo e efetivamente tornar-se o espaço ideal para transações
digitais.
É
importante lembrar que o alinhamento com a GDRP será uma exigência a
todas as empresas brasileiras que mantenham relações comerciais com
companhias europeias. Mas, além das oportunidades de negócios com a
Europa, há outras razões para o Brasil sair na frente e, por meio da
adesão a GDPR, passar a oferecer as garantias de segurança e privacidade
de dados que o consumidor online, cada vez mais, procura. Essas razões
explicam que, hoje, projetos da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
Brasileira (uma regulamentação local alinhada com a GDPR) estejam sendo
examinados tanto na Câmera dos Deputados como no Senado. E que estudos
semelhantes ocorrem nos EUA, nesse exato momento.
No
Brasil, o Marco Civil da Internet conseguiu algumas vitórias no campo
da segurança – como o controle de registros de logs – mas, em sua
essência, não cobre todos os flancos abordados pela GDPR. O fato do
mundo estar mergulhado em um cenário de extrema sofisticação e vigor dos
ataques cibernéticos demanda a adoção de uma nova e mais rigorosa
regulamentação.
As
ameaças digitais são reais. Segundo o relatório anual de ameaças da
SonicWall, hoje quase 70% de todo o tráfego da Internet está
criptografado. Essa realidade pode ocultar ataques que provocarão
vazamentos ou sequestro de dados através de códigos maliciosos como
ransomware. Na era pós-BYOD (Bring your own device), o perímetro
corporativo se estendeu além das nuvens e em arquiteturas
multi-virtualizadas, fazendo com que localidades físicas ou tipos de
dispositivos deixem de ser um fator importante. A economia digital
acontece de forma suave quando o Next-Generation Firewall inspeciona
todas as comunicações criptografadas, detectando ameaças em tempo real e
agregando camadas integradas de proteção contra os temidos ataques
persistentes e zero-day. O resultado do uso dessas soluções é um
ambiente onde funcionários acessarão as aplicações corporativas e os dados quando,
como e onde desejarem. Nada disso é futuro: as soluções para suportar,
ao mesmo tempo, a GDPR e os negócios já estão no mercado.
Para
incentivar atitudes pró-privacidade, a GDPR estabelece regras rígidas
acerca de como as empresas coletam e armazenam dados de clientes como
nomes, dados sobre localização, identidade, identificadores online, e
assim por diante. Em caso de uma violação, uma notificação sobre este
fato precisará ser apresentada aos órgãos regulamentadores. Isso poderá
resultar em severas penalidades, incluindo multas acima de 20 milhões de
euros ou até 4% do faturamento global.
A
verdade, porém, é que o GDPR traz a oportunidade de “reinicializar” a
maneira como as empresas lidam com dados de seus clientes.
A
GDPR instigará novas maneiras de pensar e produzirá mais confiança e
transparência. Empresas podem usar o alinhamento a essa regulamentação
para aprender mais sobre seus clientes, aumentar o engajamento do seu
público alvo e incrementar a eficiência. Aspectos que muitas empresas
ainda negligenciam em nosso país no desenvolvimento de seus negócios.
Como consequência da GDPR, nos próximos anos começaremos a ver
consumidores assumindo total controle de seus dados – estabelecendo qual
informação que as empresas podem e não podem ter acesso, como e
quando.
E,
quanto mais confiarem em uma marca, maior será a probabilidade de
permitirem a essa empresa acesso aos seus dados. A lógica é bastante
simples: na era da economia digital, o consumidor tem de estar em
vantagem quando se trata de seus dados pessoais. As empresas, por sua
vez, lutarão para conquistar a confiança do consumidor, de modo a tornar
esse modelo igualmente valioso para seus acionistas. É aí que surgem as
oportunidades de crescimento. Clientes mais engajados são naturalmente
mais afeitos a gerar relações mais valiosas, especialmente em médio e
longo prazo.
Quando o C-level
de uma empresa estiver planejando as vendas e o marketing de seus
produtos e serviços, recomenda-se que inclua em seu orçamento a
privacidade de dados. A corporação deverá ser transparente quanto às
suas medidas de segurança e comunicar abertamente como está protegendo
as informações confidenciais dos clientes. Acima de tudo, profissionais
de TI, Segurança, Marketing e outras áreas de negócio devem estabelecer
uma postura onde privacidade de dados possa impulsionar maior
entendimento sobre consumidores e, com isto, contribuir para a geração
de novas oportunidades de crescimento.
A
chegada da GDPR muda o jogo. Essa regulamentação faz os erros ficarem
visíveis e, ao mesmo tempo, gera novas oportunidades para quem realmente
compreende os fundamentos da economia digital. Os países que aderirem
aos preceitos da GDRP serão os primeiros a desfrutar do crescimento que,
certamente, virá. A hora de dar esse salto é agora.
(*) Arley Brogiato é country manager da SonicWall Brasil
A Pure Storage está redefinindo sua estratégia de mercado com uma abordagem que abandona o…
A inteligência artificial (IA) consolidou-se como a principal catalisadora de novos unicórnios no cenário global…
À primeira vista, não parece grande coisa. Mas foi na pequena cidade de Pornainen, na…
O processo de transição previsto na reforma tributária terá ao menos um impacto negativo sobre…
O que antes parecia uma aliança estratégica sólida começa a mostrar rachaduras. Segundo reportagem do…
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos firmou um contrato de US$ 200 milhões com…