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Fintechs: dois lados da moeda. Bancos contam como lidam com novos concorrentes

Um tema que tem esquentado ainda mais as discussões em torno do futuro dos bancos são as fintechs. Empresas do setor em estágio inicial que provam que serviços financeiros podem, sim, deixar de ser exclusividade dos bancos, elas desafiam o mundo tradicional de maneira antes inimaginável. Segundo o Radar Fintechlab, com dados da Clay Innovation, cerca de 150 startups já atuam nesse segmento no País.

Esse fenômeno está desafiando o modelo atual de negócios financeiros e fazendo com os, até então, protagonistas do setor tenham de tirar da manga novas estratégias para não ficar para trás. Como vantagem, as fintechs não têm um legado para se preocupar e apostam na nuvem como posicionamento de mercado.

“Novos entrantes como Nubank e original daqui um ano terão um legado, porque o mercado evoluiu muito rapidamente. Tratar legado não é simples e essa é uma vantagem competitiva para os bancos tradicionais”, opina Ricardo Guerra, diretor-executivo de Sistemas e Arquitetura de TI do Itaú Unibanco.

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Roberto Zambon, diretor de TI da Caixa Econômica Federal, acredita que as fintechs são um desafio adicional ao segmento, mas para a Caixa os novos entrantes são vistos como parceiros e não concorrentes. Questionado sobre a agilidade das fintechs em razão do uso de tecnologias mais modernas, Zambon afirmou que no caso da caixa não se pode deixar o legado para trás, especialmente quando se tem uma base de mais de 85 milhões de clientes. “O Nubank é 100% digital e se nós quisermos esse slogan teremos de começar do zero, algo que não vamos fazer”, reflete.

Assim como Zambon, Maurício Minas, vice-presidente de tecnologia da informação do Bradesco, acredita que os bancos tradicionais vão conviver com plataformas híbridas. “A transformação digital demanda um mundo híbrido. O processo core, por exemplo, fica no mainframe, e o front end, na nuvem”, explica.

Exemplo do casamento desses universos no Bradesco pode ser visto na aceleração do uso de Application Programming Interface (APIs), que deverão conectar os dois modelos. Para alcançar alto grau de inovação, o Bradesco usa modelos aberto e fechado. No aberto, a aposta forte é atuar ao lado de fintechs. “Criamos um programa, o inovaBRA, para atrair esse pessoal. A proposta não é incubá-las financeiramente, mas, sim, dar mercado a elas. Estamos na segunda fase, na qual já atraímos mais de 600 Fintechs. Dessas, selecionamos dez, com as quais vamos trabalhar nos próximos seis meses”, relata Minas.

Segundo ele, aliar-se aos novos negócios possibilita amplo entendimento do que está acontecendo no mercado para que se possa aplicar melhorias. “É mais uma oportunidade, contudo, não deixa de ser ameaça no sentido de que a barreira de entrada é baixa para elas”, completa.

Quem também aposta em inovação em parceria com startups é o Itaú, que abriu o Cubo no último ano, centro de empreendedorismo tecnológico em São Paulo para novos negócios digitais de forma geral. Das 50 empresas participantes do projeto atualmente, menos de dez são fintechs, contabiliza guerra.

O executivo enxerga nas fintechs uma oportunidade. “Elas prestam serviço com qualidade, conseguem inovar de forma mais rápida, mas têm de crescer para conseguir mercado. O banco aprende com esse modelo, cresce e se adapta. O mundo é assim e empresas que sabem ler essa oportunidade, como nós, vão prosperar”, garante.

Cassius Schymura, Cassius Schymura, diretor da plataforma multicanal do Santander, também acredita ser possível aprender com as fintechs e que desse universo há grande oportunidade. Segundo ele, o Santander mantém, na Inglaterra, um fundo de investimento para participar de novos negócios financeiros em todo o mundo. “Estamos próximos e aprendendo. Naturalmente, estamos de olho nesses novos negócios e reagindo aos novos modelos o mais rápido possível.”

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